Alergias alimentares: causas, sintomas e tratamentos

alergias alimentares

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as alergias alimentares são um problema crescente. Embora seja um problema muito associado a adultos, a verdade é que afeta sobretudo crianças. Estima-se que entre 4-6% das crianças e 1-6% dos adultos sofram de alergias alimentares. Dados da Academia Europeia de Alergia e Imunologia Clínica apontam para que, só na europa, sejam mais de 17 milhões as pessoas afetadas.

As pessoas que sofrem de alergias alimentares desenvolvem sintomas por ingerir alimentos que, para a generalidade das pessoas, não causam qualquer reação anormal. Mesmo em pequenas quantidades, existem alguns alimentos que podem causar reações adversas sérias e até mesmo a morte a pessoas com alergias alimentares.

Felizmente a generalidade dos sintomas das alergias alimentares não são fatais, afetando a pele, o sistema gastrointestinal, o trato respiratório, os olhos e o sistema nervoso central.

As alergias alimentares não são uma preocupação apenas das pessoas que delas padecem, afetando também as empresas ligadas à indústria alimentar (produtos de alimentos, restaurantes, empresas de catering, entre outros).

Dada a premência do tema, redigimos o presente artigo onde, entre outros, abordamos de que se tratam as alergias alimentares, as suas causas, sintomas e quais os principais alimentos suscetíveis a causar alergias.

O que são alergias alimentares?

De acordo com a OMS, as alergias alimentares são respostas anormais a alimentos, desencadeadas pelo sistema imunológico do corpo – a sua principal função é defender o nosso corpo contra toxinas, bactérias e vírus.

Perante uma alergia alimentar, o sistema imunológico reage a algum componente existente nos alimentos. Esta reação significa que houve uma resposta imunológica ao anticorpo imunoglobulina E (IgE), produzida pelo nosso organismo e que está ligada a processos alérgicos.

Alimentos que causam alergias alimentares

Dados da OMS apontam que mais de 70 alimentos sejam suscetíveis de causar alergias alimentares. Diversos estudos indicam que mais de 75% das alergias entre crianças se devam a um número limitado de alimentos, nomeadamente ovos, amendoins, leite, peixe e nozes.

Já no que aos adultos diz respeito, a generalidade das alergias alimentares deve-se a alimentos como vegetais, fruta, nozes e amendoins.

É comum que indivíduos com alergias ao pólen e ao latex possam experienciar sintomas alérgicos quando consomem determinadas frutas (ex: manga), vegetais (ex: abacate) ou nozes (ex: caju).

Em seguida, listamos alguns dos alimentos mais suscetíveis de causar alergias alimentares:

Alimentos
Peixe e frutos do marConsiderando um dos maiores “vilões” maior das alergias alimentares nos adultos. As reações (anafilaxia, reações gastrointestinais e respiratórias) podem ocorrer logo após a sua ingestão, ou até mesmo duas horas após da refeição.
FrutasRegra geral, a alergia a estes alimentos deve-se a uma deficiência de uma enzima presente no fígado, chamada aldolase B, que metaboliza a frutose no organismo. As reações mais graves poderão causar crises convulsivas e até coma.
AmendoinsA alergia a este alimento é tida como uma das mais graves e acompanha as pessoas para o resto da vida. A principal reação a esta alergia é a anafilaxia, que causa a limitação da respiração, causando paragens cardíacas.
LeiteÉ causada por uma reação do organismo à caseína, a proteína do leite de vaca. A reação alérgica ao leite, é frequentemente confundida com intolerância a lactose, mas são diferentes. Para ter certeza de qual reação se trata é importante consultar um médico. No caso das alergias ao leite, pode também ocorrer anafilaxia.
OvosEsta alergia pode ser causada pela gema ou pela clara, e os indivíduos mais atingidos por esta reação alérgica alimentar são crianças e jovens adultos.
TrigoO processo alérgico ao trigo atinge mais frequentemente bebés e crianças, causando urticária, diarreia e inchaço na garganta.
SojaNormalmente, são as crianças que são mais atingidas pela alergia à soja. Se a crise for muito intensa, pode causar inchaço na garganta, dificuldades respiratórias graves e queda da pressão arterial.

Quais os sintomas das alergias alimentares?

As reações alérgicas a alimentos podem causar vários tipos de sintomas, que podem ser leves ou graves.

Sintomas leves:

  • Diarreia;
  • Dores de estômago;
  • Espirros;
  • Coriza e nariz entupido;
  • Inchaço;
  • Olhos lacrimejantes;
  • Erupções cutâneas.

Sintomas graves:

  • Inchaço da boca, olhos e nariz;
  • Inchaço na garganta;
  • Cólicas, náuseas e vómitos;
  • Dificuldades em respirar;
  • Comichão;
  • Vermelhidão na pele;
  • Aumento dos batimentos cardíacos;
  • Confusão mental;
  • Transpiração excessiva;
  • Tonturas e sensação de desmaio.

É importante saber que o contato com alimentos alergénicos (alimentos que causam mais alergias), mesmo em pequenas quantidades, podem causar reações de grande intensidade, fazendo com que o indivíduo possa correr risco de vida.

É o caso do choque anafilático (anafilaxia), quando o organismo liberta uma quantidade elevada de substâncias químicas, que causam vários sintomas em virtude do contacto com o alérgeno.

Deste modo, ao apresentar sintomas de alergias alimentares, é importante consultar um médico de forma a fazer o diagnóstico e avançar com possíveis terapêuticas.

Quais as causas das alergias alimentares?

As causas das alergias alimentares, não são ainda muito claras. Não obstante, entende-se que poderá haver uma predisposição genética para este problema. Alguns estudos apontam que 50% a 70% das pessoas acometidas por processos de alergias alimentares possuem um histórico de alergia na família.

Estudos do Ministério da Saúde Brasileiro e da OMS, mostram que a redução no tempo de amamentação materno do recém nascido, faz com que ocorra uma deficiência na produção de enzimas presentes no intestino, entre outras, que ajudam a metabolizar os alimentos.

O leite humano é um alimento que possui inúmeras propriedades que reforçam a função imunológica e não-imunológica do intestino, criando uma barreira protetora às alergias alimentares.

Desta forma, as crianças que não foram amamentadas por “tempo suficiente”, poderão ter uma maior probabilidade de desenvolver alergias alimentares. Outro fator de risco para as alergias alimentares é o contacto precoce com a proteína do leite de vaca, que ocorre como forma de substituição do leite materno.

Diagnóstico de alergias alimentares

O diagnóstico do processo alérgico alimentar passa por um processo de avaliação. Numa primeira fase, o médico deverá fazer a análise do histórico clínico do paciente.

Além desta avaliação, existem testes específicos para deteção de alergias. Um desses testes é realizado na pele, através de uma picada com a introdução de pequenas doses de alérgenos. Havendo irritabilidade no local onde foram aplicados, o médico deverá conseguir detetar quais os alimentos que causam alergia.

Outra forma de deteção é o teste de dosagem de IgE (Imunoglobulina E), substância libertada pelo organismo em processos alérgicos.

Porém, importa referir, que a confirmação da alergia a alimentos é feita através de uma prova de provocação oral (PPO). Em virtude dos riscos que acarretam, esta prova deve ser realizada em clínicas ou hospitais, onde existem equipas preparadas para lidar com possíveis reações anafiláticas graves.

Tratamento para alergias alimentares

Não existe propriamente um tratamento para as alergias alimentares. Regra geral, o “tratamento” passa por retirar da dieta os alimentos causadores de alergias.

As crianças que apresentam alergias alimentares, podem, numa fase posterior da vida, vir a tolerar o seu consumo. Desta forma, poderão ser realizados testes periodicamente para avaliar a evolução.

Outra medida importante é sempre ler os rótulos de todos ao alimento que for consumido, verificando a presença ou não de alérgenos. Mais uma vez, alertamos para o facto do acompanhamento médico ser de extrema importância.

Que precauções deve adotar alguém alérgico?

Como referido anteriormente não há cura para as alergias alimentares, por esse motivo, evitar o consumo de alimentos suscetíveis de causar reações alérgicas é muito importante.

Desta forma, recomenda-se que sejam adotados todos os cuidados possíveis, sobretudo nos casos de alergias mais graves. Consultar os rótulos dos alimentos, designadamente a sua composição é algo que não pode deixar de ser feito sempre que vai às compras.

Caso vá jantar fora deve ter cuidados redobrados, dado que poderá acarretar riscos sérios. Por esse motivo, recomendamos que sempre que pedir comida, alerta os funcionários do restaurante (nomeadamente os cozinheiros) para as suas restrições. Mesmo que o que pediu não contenha alimentos aos quais é alérgico, poderá sempre haver uma contaminação.

Esperamos que o presente artigo o tenha ajudado a compreender a importância das alergias alimentares. Hoje em dia, mais do que nunca, a sociedade está alerta para este problema, sendo perfeitamente possível viver uma vida normal desde que sejam tidos todos os cuidados.

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