Bexiga hiperativa: o que é, sintomas, causas e tratamentos

bexiga hiperativa

Alguma vez já aconteceu de precisar ir à casa de banho com urgência, mas não conseguir chegar rápido o suficiente? Esta situação pode causar um grande desconforto e embaraço, sobretudo se acontecer frequentemente. Nestes casos, é possível que esteja a sofrer do que a medicina chama de bexiga hiperativa, uma condição urológica que é um tipo de incontinência urinária, em que a pessoa apresenta uma sensação súbita de urinar que, numa grande parte das vezes, é difícil controlar.

Estima-se que cerca de 17% da população europeia com mais de 40 anos, de ambos os sexos, sofra de bexiga hiperativa. Em Portugal, o número de casos ultrapassa, atualmente, um milhão de pessoas, apresentando um impacto bastante significativo em termos económicos e sociais. Quando não tratado, o problema pode causar distúrbios graves, como depressão e isolamento social, portanto, não deve ser, de maneira alguma negligenciado.

Se está a viver com bexiga hiperativa e quer conhecer todos os pormenores desta condição que tanto constrangimento provoca, então continue a leitura deste artigo que preparamos especialmente para si. Nele encontrará informações importantes, como o que é bexiga hiperativa, causas, sintomas, fatores de risco entre outras. Boa leitura!

O que é a bexiga hiperativa?

A bexiga hiperativa (BH) é uma condição urológica que está associada ao surgimento da necessidade incontrolável de urinar, bem como à vontade de urinar diversas vezes ao dia e durante a noite. Na generalidade dos casos, a bexiga hiperativa está associada a um outro problema, que é a incontinência urinária – isto é, um vazamento da urina que acontece quando a pessoa ri, espirra ou faz algum esforço, por exemplo.

Quais as causas da bexiga hiperativa?

A bexiga hiperativa surge em decorrência de alterações da inervação da bexiga, que podem acontecer em razão de doenças neurológicas, entre elas a paraplegia, a doença de Parkinson, doença de Alzheimer, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou a esclerose múltipla -ou por irritação das vias urinárias causada por infeções urinárias, alterações da mucosa em virtude da menopausa, cancro, cálculo ou cistos urinários.

Estas alterações provocam contrações indevidas da bexiga, oriundas da dificuldade de controlar os músculos deste órgão tão importante. Estas contrações não escolhem a melhor hora, ou seja, podem acontecer a qualquer momento, causando assim perda de urina na roupa.

Durante a gravidez, é comum que as gestantes apresentem sintomas de incontinência urinária em razão da maior produção de urina neste período e também pelo aumento da pressão que o útero exerce sobre a bexiga, levando assim à dificuldade em controlar a micção.

Quais os sintomas da bexiga hiperativa?

O problema pode apresentar diversos sintomas, entre os mais comuns estão:

  • Dificuldade para “segurar” a urina;
  • Vontade frequente de urinar e em pouca quantidade (pelo menos 8 vezes ao dia);
  • Vontade súbita de urinar, mesmo sem estar a sofrer de infeção urinária (quando sente que não consegue “segurar” a urina até chegar à casa de banho);
  • Levantar-se mais do que 1 vez durante a noite para urinar (condição chamada de noctúrnia);
  • Vazamento da urina na roupa após uma vontade repentina (não consegue aguentar o tempo suficiente para ir à casa de banho);
  • Dor ou desconforto na região da bexiga ao urinar, mesmo sem estar a sofrer de uma infeção urinária.

Numa boa parte dos casos, os sintomas possivelmente estão associados aos sintomas de incontinência de esforço, condição que causa perda de urina quando a pessoa realiza esforços no abdómen, como rir ou tossir. Em homens acima dos 60 anos de idade, os sintomas acima referidos podem indicar o aumento da próstata, daí ser tão importante procurar ajuda médica e não subestimar o problema.

O que causa a bexiga hiperativa?

O cérebro do paciente que sofre de bexiga hiperativa não consegue transmitir os sinais nervosos para a bexiga – ou estes não funcionam corretamente. Sendo assim, os sinais são enviados em momentos em que a bexiga ainda não está completamente cheia. Outra causa possível é quando os músculos da bexiga não estão muito ativos. Ademais, existem alguns fatores de risco que podem desencadear a bexiga hiperativa, tais como:

  • Doenças que afetam o cérebro ou a medula espinhal, entre eles o derrame e a esclerose múltipla;
  • Obstrução urinária em homens com aumento da próstata (em decorrência da irritação na bexiga);
  • Distúrbios neurológicos;
  • Infeção no trato urinário;
  • Alterações hormonais;
  • Fraqueza ou espasmos nos músculos pélvicos;
  • Efeitos colaterais de medicamentos.

Como é feito o tratamento da bexiga hiperativa?

Existe um conjunto de fármacos (oxibutinina, tolterodina, darifenacina e fesoterodina) que são utilizados para diminuir a hiperatividade dos músculos da bexiga. Estes apenas podem ser prescritos por um médico, que poderá recomendar também o uso de antiespasmódicos.

Além da utilização dos fármacos referidos, outras terapêuticas poderão ser associadas para garantir o sucesso do tratamento, como a fisioterapia e a electroestimulação. Estas técnicas fortalecem os músculos e promovem a recuperação do controlo cerebral sobre a bexiga. A toxina botulínica é outro recurso que poderá ser empregue, sendo a sua aplicação feita em pontos específicos do órgão, colaborando assim para a diminuição das contrações involuntárias.

É importante referir que, técnicas e medicamentos ajudam a curar e controlar a bexiga hiperativa, todavia, a depender da gravidade do problema, ou em casos em que exista associação com outros tipos de incontinência, os resultados poderão ser mais difíceis de serem atingidos.

Como evitar ou diminuir o problema?

A bexiga hiperativa pode ter os seus sintomas minorados com algumas atitudes simples e naturais, tais como:

  • Evitar o consumo de álcool, cafeína e tabaco;
  • Perder peso, medida que auxilia na diminuição da pressão que o abdómen exerce sobre a bexiga;
  • Sempre que for à casa de banho, esvazie a bexiga por completo, evitando assim que alguma quantidade de urina, mesmo que pequena, permaneça na bexiga;
  • Fazer ginástica própria para a bexiga, como exercícios de Kegel, conjunto de atividades que ajudam a fortalecer os músculos do pavimento pélvico;
  • Ingerir chás de ervas medicinais, entre eles, erva doce, alecrim, alecrim-pimenta e artemísia, visto que possuem propriedades antiespasmódicas que podem aliviar os sintomas da bexiga hiperativa.
  • Ir à casa de banho antes de sentir vontade, em intervalos regulares, medida que ajuda a controlar os sintomas. Comece a ir de hora em hora, e vá aumentando o tempo à medida que se sentir seguro, procurando alcançar intervalos maiores, de 3 a 6 horas.
  • Controlar a ansiedade, comportamento que poderá evitar crises de incontinência urinária, condição que piora e dificulta o controlo da bexiga hiperativa, dando a sensação de estar sempre cheia.

Importante: muitas pessoas acreditam que a bexiga hiperativa é uma condição que afeta somente os mais velhos, porém, o distúrbio pode-se manifestar em pessoas de qualquer idade, que deverão procurar ajuda especializada para tratar o problema e evitar que provoque maiores transtornos na sua rotina. Se acredita que pode ter bexiga hiperativa, o primeiro passo é agendar uma visita ao seu médico para que avalie os sintomas e possa confirmar o diagnóstico ou apontar para uma condição ou problema diferente. Cuide-se!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)