Sabe o que é colesterol? Trata-se de um tipo de gordura fundamental para o funcionamento saudável do nosso organismo. Isso mesmo, o colesterol compõe a estrutura das membranas celulares e pode ser encontrado no cérebro, coração, intestinos, fígado, músculos, nervos e pele. Graças ao colesterol são produzidas hormonas como a vitamina D, estrógeno, testosterona, cortisol e ácidos biliares que auxiliam na digestão das gorduras.
O colesterol só é mau quando consumimos grandes quantidades de alimentos ricos em gordura, o que leva à sua produção exagerada no fígado. É importante referir que o fígado é responsável por 70% da produção do colesterol no organismo, sendo os 30% restantes oriundos do tipo de dieta que adotamos. Por isso é essencial estar atento aos nossos hábitos alimentares, caso contrário, os níveis desta gordura elevam-se e podem provocar consequências nefastas, nomeadamente doenças cardiovasculares.
Uma pesquisa recente do Instituto Nacional de Saúde (INSA) revelou que 52% da população portuguesa tem o colesterol total elevado e 55% tem valores de LDL (“colesterol mau”) elevados. Os índices nos mostram que é preciso, urgentemente, adotar políticas públicas que promovam a conscientização da população e minimizem os impactos que o colesterol alto tem sobre a saúde, visto ser este um dos principais motivos do desenvolvimento de doenças coronarianas.
Quer entender um pouco mais sobre este assunto? Então continue a ler este artigo e descubra quais são os tipos de colesterol, quais as suas causas, fatores de risco e outras informações relevantes.
Quais os tipos de colesterol?
Por ser um tipo de gordura, o colesterol não se dissolve no sangue, percorrendo a corrente sanguínea e atingindo tecidos periféricos, contando com a ajuda das lipoproteínas, agregado molecular responsável pelo transporte dos lípidos em meios líquidos, já que não se misturam facilmente com o plasma sanguíneo. Em seguida, abordamos as lipoproteínas produzidas no fígado.
1. Colesterol LDL (“colesterol mau”)
A sigla LDL significa Low-Density Lipoprotein (lipoproteína de baixa densidade), sendo utilizada para designar o que conhecemos por “colesterol mau”. Por ter baixa densidade, acaba por se acumular nas artérias e coronárias, formando placas de ateromas que atrapalham o fluxo sanguíneo para os órgãos essenciais, entre eles o cérebro e o coração. Esta obstrução pode causar enfarte e acidente vascular cerebral (AVC).
Valores de referência do colesterol LDL:
Colesterol LDL | Valores de referência |
---|---|
Pessoas com risco baixo | Inferior a 130 mg/dl |
Pessoas com risco intermediário | Inferior a 100 mg/dl |
Pessoas com risco alto | Inferior a 70 mg/dl |
Pessoas com risco muito alto | Inferior a 50 mg/dl |
2. Colesterol HDL (“colesterol bom”)
A sigla HDL significa High-Density Lipoprotein (lipoproteína de alta densidade), sendo utilizada para designar o “colesterol bom”, ou seja, aquele que é responsável por retirar o colesterol LDL das artérias, transportando-o até o fígado para que seja eliminado. Todavia, este sozinho não é capaz de eliminar todo colesterol LDL.
Valores de referência do colesterol HDL:
Colesterol HDL | Valores de referência |
---|---|
Baixo | Inferior a 40 mg/dl |
Ideal | Superior a 40 mg/dl |
3. Colesterol VLDL
A sigla VLDL significa Very Low-Density Lipoprotein (proteína de muito baixa densidade), e sua função é entregar colesterol e triglicéridos para outros tecidos a partir do fígado. Quando as partículas de VLDL são excretadas pelo fígado, passam por inúmeras modificações na corrente sanguínea, libertando triglicéridos que serão armazenados no tecido adiposo ou utilizados como fonte de energia.
Valores de referência do colesterol VLDL:
Colesterol VLDL | Valores de referência |
---|---|
Alto | Superior a 40 mg/dl |
Baixo | Inferior a 30 mg/dl |
Ideal | Até 30 mg/dl. |
4. Colesterol Total
O colesterol total é a soma dos níveis sanguíneos de LDL, HDL e VDL. É considerado alto quando está acima de 190 mg/dl no sangue, e para baixá-lo é necessário seguir uma dieta rigorosa, pobre em alimentos com muita gordura e rica em alimentos de fácil digestão ou pouco gordurosos. Além disso, o médico poderá indicar a prática de atividade física, hábito que ajudará a manter os níveis de colesterol regulados.
Quais as causas do colesterol?
São várias as causas que levam à formação do colesterol, entre elas o estilo de vida, a dieta, a prática de atividade física e a genética. Como já referido, a alimentação que escolhemos é responsável por 30% da formação do colesterol, sendo o restante de responsabilidade do fígado.
Quanto melhor e mais rica for a dieta, menos “colesterol mau” se formará. Portanto, os nossos hábitos alimentares podem fazer toda a diferença entre ter uma vida saudável ou não.
Quais os fatores de risco do colesterol?
Na maioria das vezes é possível evitar o colesterol alto por meio de práticas quotidianas, como referido. Entretanto, existem alguns fatores de risco que não dependem dos nossos hábitos do dia a dia. Entre eles:
- Sexo e idade: desde a puberdade até a menopausa as mulheres são mais propensas a ter níveis elevados de colesterol HDL (bom) e níveis mais baixos de colesterol LDL (mau). Isto acontece porque a produção de hormonas femininas protege o organismo do “colesterol mau”. Todavia, durante a menopausa, com a queda abruta da produção de hormonas, há um aumento das probabilidades de desenvolver colesterol alto e, consequentemente, doenças coronarianas.
- Histórico familiar: se os seus pais possuem colesterol alto as probabilidades de o ter também são maiores do que alguém sem “histórico familiar”. Isto acontece pelo peso do fator genético nesta condição. Por conta disso, algumas crianças precisam de ser acompanhadas durante toda a infância e, por vezes, até mesmo durante a vida adulta.
- Obesidade: um Índice de Massa Corporal (IMC) de 30 ou acima de 30 pode ser um fator de risco para o colesterol alto.
- Sedentarismo: não ser adepto de atividades físicas aumenta a probabilidade do desenvolvimento do “colesterol mau”.
- Tabagismo: o tabaco prejudica as paredes arteriais, tornando-as mais vulneráveis à acumulação de colesterol LDL (mau). Além disso, o tabagismo faz diminuir os níveis de colesterol HDL (bom).
- Diabetes: os diabéticos também são mais propensos a sofrerem com o colesterol LDL, visto que o açúcar elevado no sangue danifica as paredes arteriais.
- Alimentação: uma dieta rica em gorduras e açúcar tem uma relação direta com a formação do “colesterol mau”, bem como com os níveis de triglicerídeos, fazendo aumentar o risco de o indivíduo desenvolver colesterol alto.
Quais os sintomas de colesterol?
Não existem sintomas diretamente associados ao colesterol alto, por isso é chamado de “doença silenciosa”. A melhor maneira de saber se os níveis de colesterol estão elevados é fazer um exame de sangue, capaz de identificar o colesterol total e aferir as percentagens de colesterol LDL, HDL e VLDL.
Mitos sobre o colesterol alto
- “Apenas as pessoas obesas têm colesterol alto” – Embora a obesidade seja um fator de risco para o colesterol alto, ela não é preponderante para o surgimento dessa condição. As pessoas magras que se alimentam mal e não ganham peso também estão propensas a adquirir colesterol alto.
- “Os jovens dificilmente terão colesterol alto” – Outro mito que deve ser combatido. Como referido, a alimentação é responsável por 30% da produção de colesterol que, a depender do tipo de dieta, poderá ser bom ou mau. Por isso todas as pessoas, independentemente do grupo etário ou género, estão sujeitas a sofrerem com o excesso de colesterol LDL. Recomenda-se que a partir dos 20 anos sejam realizados, periodicamente, exames que investiguem os valores de colesterol, sobretudo se houver fatores de risco envolvidos.
- “Os homens estão mais vulneráveis ao colesterol alto” – Assim como nas mulheres, a redução dos níveis de hormonas – que acontece durante e após a menopausa (andropausa, para os homens) – elimina a proteção que estes proporcionavam contra o colesterol “mau”. Por isso, ambos os géneros devem-se cuidar e promover hábitos saudáveis que previnam ou controlem os níveis de colesterol.
Quando procurar ajuda médica?
Quando existem fatores de risco envolvidos, como a predisposição genética, a obesidade ou doenças relacionadas ao excesso de peso e/ou obesidade. Durante a consulta, que poderá ser realizada com um médico de clínica geral, médico endocrinologista ou médico cardiologista, o paciente passará por uma entrevista e posteriormente o médico solicitará exames complementares para realizar o diagnóstico.
Qual o tratamento para o colesterol alto?
Identificado os altos níveis de “colesterol mau” no sangue, o médico indicará a necessidade de uma reeducação alimentar e, em alguns casos, o uso de medicação capaz de diminuir os níveis de LDL e aumentar os níveis de colesterol HDL. Para o colesterol alto não existe propriamente uma cura, não obstante, é possível controlar os seus efeitos com a medicação apropriada, uma alimentação balanceada e a prática de atividade física.
Que alimentos ajudam a combater o colesterol?
Como vimos, uma alimentação rica em gorduras é um fator preponderante para o surgimento do “colesterol mau”. Por isso é fundamental apostar em uma dieta equilibrada, que privilegie alimentos saudáveis. Confira agora os alimentos que diminuem consideravelmente os níveis de colesterol:
1. Aveia, cevada e outros grãos integrais
Estes alimentos ajudam a diminuir o risco de doença cardíaca, visto possuírem fibras solúveis que não são absorvidas pelo intestino, levando o colesterol da refeição para as fezes. Desta forma, contribuem para a diminuição da absorção deste tipo de gordura.
2. Sardinha
A sardinha é um peixe rico em ómega-3, que exerce atividade cardioprotetora e contribui para a redução dos triglicéridos (gorduras presentes no nosso corpo). Para que surta o efeito desejado, é recomendado que consuma, no mínimo, duas porções inteiras do peixe, por semana.
3. Margarinas enriquecidas com fitosteróis
Este tipo de margarina não possui gordura trans, por isso pode ser consumida sem grandes preocupações. Além disso, possui substâncias chamadas fitosteróis, que atuam no bloqueio parcial da absorção de colesterol no intestino e ajudam a diminuir os seus níveis.
4. Abacate
O abacate é uma fruta muito versátil e saudável. Possui gorduras monoinsaturadas, eficientes na diminuição de triglicéridos, do “colesterol mau” (LDL) e colesterol total. Além disso, é rico em fitosteróis, potássio e magnésio, estes dois últimos são micronutrientes que aumentam a capacidade anti-inflamatória do organismo. Todavia, não o consuma em exagero, visto ser um alimento rico em calorias.
5. Soja
Pessoas que consomem de uma a duas porções (15 a 30 gramas) de alimentos à base da proteína de soja podem reduzir em 5% o “colesterol mau” e aumentar em 3% o “colesterol bom”. Pode optar pelo grão de soja cozido ou por alimentos derivados dele, como a carne de soja (PVT) ou o tofu. A soja é rica em isoflavonas, substâncias de origem vegetal que atuam de forma similar a determinados hormonas que o organismo humano segrega durante a menopausa e andropausa, como os estrogénios.
6. Nozes
As nozes têm um importante papel na redução do “colesterol mau”. Além disso, o seu consumo pode aumentar ligeiramente o “colesterol bom”. Isto acontece graças ao ácido oleico presente na sua composição, que pode ser encontrado também no azeite, outra ótima fonte de gordura saudável.
7. Morango
Consumir morangos pode reduzir significativamente o colesterol total, o “colesterol mau” e os triglicéridos. Todavia, para chegar a este resultado, é preciso ingerir, no mínimo, 500 gramas da fruta, todos os dias, durante um mês. Após esse período, possivelmente haverá uma melhoria nos níveis de antioxidantes, de lipídios plasmáticos e na função plaquetária, que poderão ser confirmados por meio de um exame de sangue.
8. Vinho tinto seco
A casca da uva possui uma propriedade muito importante, chamada resveratrol. O resveratrol é um fitonutriente encontrado em algumas plantas e frutos, cuja função é proteger o corpo contra infeções por fungos ou bactérias, atuando como antioxidantes. Durante o processo de fermentação da fruta, passo importante no fabrico do vinho, o álcool consegue concentrar essa substância, que ajuda a regular a produção do “colesterol mau”. Todavia, fique atento para não exagerar na dose, pois isso traria efeitos indesejados. Um copo de vinho por dia é o suficiente.
Alimentos que devem ser eliminados do seu cardápio:
- Óleo de coco: os seus níveis altíssimos de gordura saturada fazem aumentar o colesterol total, principalmente o LDL.
- Óleo de milho e girassol: aumentam, por meio do excesso de émega-6, os índices do “colesterol mau” no sangue.
- Gordura trans: presente em biscoitos recheados, pipocas de microondas entre outros alimentos, aumentam a concentração plasmática de LDL e induzem condições que aumentam o risco cardiovascular.
- Fígado: Embora seja uma carne rica em ferro, o fígado pode provocar, em quem já têm colesterol alto, aumento dos níveis de “colesterol mau”. Por isso, elimine-o da sua dieta
Alimentos que podem ser consumidos com moderação:
- Ovo: se a pessoa possuir predisposição para a acumulação de “colesterol mau”, o melhor a fazer é comer apenas um ovo por semana. Contudo, se não sabe se os seus níveis de colesterol, tampouco sabe se é geneticamente predisposto a ter colesterol alto, o melhor mesmo é regular o consumo deste alimento.
- Carne de porco: qualquer alimento de origem animal possui gordura saturada e colesterol, contudo, se der preferência a cortes magros da carne suína (carne de porco), como o lombo, estará menos vulnerável a essas substâncias que elevam o “colesterol mau”.
Lembre-se: apenas um médico pode-lhe indicar qual o medicamento mais apropriado para o seu caso, assim como a sua dosagem e a duração do tratamento. Respeite as orientações médicas e, em circunstância nenhuma, se automedique. Além disso, não interrompa o tratamento sem antes consultar o seu médico. Cuide-se!