Compostagem doméstica: o que é e quais os benefícios?

compostagem domestica

Se adora jardinagem e é um defensor do meio ambiente, certamente irá gostar de saber um pouco mais sobre uma prática muito útil, porém, pouco conhecida, designada por compostagem doméstica. De forma simples, podemos dizer que se trata de um processo totalmente natural e amigo do ambiente, que tem por base a decomposição do lixo doméstico.

Se ficou interessado neste assunto, então não deixe de ler este artigo. Nele encontrará um guia com todas as informações necessárias para começar hoje mesmo a desenvolver a técnica da compostagem em sua casa. Acompanhe!

O que é a compostagem doméstica?

Todos os dias, cada cidadão português produz, em média, 1,32 kg de resíduos urbanos, lixo que é produzido nas nossas casas e que contribui para uma produção anual de 4,75 milhões de toneladas de dejetos, os quais nem sempre se têm um bom destino, visto que uma grande parte acaba em aterros espalhados pelo país.

Facto é que uma boa parte dos resíduos é formada por biorresíduos, isto é, por resíduos biodegradáveis, como restos de comida, cascas de fruta, chá ou café, desperdícios da preparação e confecção de refeições, por exemplo. O que pouca gente sabe é que, na verdade, os biorresíduos não são “lixo”, e podem ser recuperados e encaminhados para, entre outras finalidades, a compostagem doméstica.

A compostagem doméstica é uma forma de aproveitar a decomposição natural do lixo orgânico (restos de frutas, sobras de alimentos, entre outros), transformando-o em adubo num ambiente controlado. O composto orgânico produto da compostagem pode ser usado na agricultura, em jardins e plantas, substituindo o uso de produtos químicos, como fertilizantes sintéticos.

Importante referir que o processo de compostagem é um grande aliado no cuidado com o meio ambiente, pois colabora na redução dos resíduos orgânicos produzidos em residências e, consequentemente, na diminuição do volume de compostos descartados em aterros.

Durante o processo, a compostagem doméstica produz um líquido percolado, nomeadamente, o chorume, que é um excelente fertilizante; contudo, é fundamental que seja devidamente controlado para evitar contaminações no meio ambiente. Com conhecimento e cuidado, é possível realizar esta atividade de uma forma prática e fácil.

A compostagem doméstica ajuda o meio ambiente?

Embora se decomponha facilmente, o lixo orgânico gera gás metano, elemento que contribui para a destruição da camada de ozono e para o aumento da temperatura global, causando o famigerado efeito estufa.

Ademais, a acumulação de lixo gera chorume, líquido poluente que pode contaminar o solo e os lençóis freáticos, poluindo as águas subterrâneas e os rios. Neste cenário, a compostagem doméstica surge como uma alternativa à má manutenção de nossos resíduos, uma forma eficiente de contribuir para a saúde do nosso planeta. Se cada residência cuidar dos seus próprios resíduos em ambiente controlado, a libertação de elementos tóxicos tornar-se-á bem menor.

Entretanto, a despeito de uma preocupação global com os impactos do lixo sobre o meio ambiente, verifica-se um ligeiro aumento do depósito direto de lixo em aterros, problema que poderia ser mitigado caso fosse implementado em Portugal um sistema eficaz de recolha de biorresíduos, um tipo de lixo que atingem os 46% do total depositado em aterros.

Todavia, ainda existem muitas dúvidas sobre a compostagem doméstica, o que dificulta a sua realização no dia a dia. Facto é que a generalidade das pessoas acredita que este processo é trabalhoso, além de demonstrar preocupação com eventuais odores que o método possa exalar – e insetos que possa atrair. Felizmente, todas estas questões são elucidadas com o conhecimento da técnica, bem como das suas várias utilidades, o que certamente incentivará mais pessoas a colocá-la em prática.

Programas de compostagem caseira e comunitária

Em Portugal existem já algumas iniciativas, impulsionadas pelo Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos, que incentivam a recolha coletiva de biorresíduos e a prática da compostagem doméstica, visando a gestão dos resíduos. Se quer aderir a esta prática sustentável e ecológica, poderá encontrar ajuda de projetos como o Terra a Terra, da LIPOR, Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto, cuja missão é fomentar a compostagem caseira e comunitária em residências, prédios e instituições com jardins.

Voltado para aqueles que residem em apartamentos, o projeto Todos podem compostar, da Valorsul, distribui compostor comunitário na área metropolitana de Lisboa, onde podem ser depositados resíduos orgânicos que serão transformados em fertilizante natural.

Como fazer compostagem doméstica?

Se quer fazer a sua parte na luta pela preservação do meio ambiente, saiba que não é difícil adotar a prática da compostagem doméstica em sua casa – basta que disponha de utensílios simples e uma boa quantidade de minhocas. Entenda!

Compostor de minhocas

A compostagem doméstica com minhocas é, atualmente, o método mais usual de reaproveitamento caseiro de resíduos orgânicos. Com os itens adequados, é possível colocar a técnica em prática até mesmo em pequenos apartamentos. Basicamente, o compostor de minhocas apresenta três compartimentos, que são como grandes caixas organizadas uma sobre a outra, cada uma com a sua função.

Como organizar a compostagem?

Acompanhe agora o passo a passo para fazer o seu compostor doméstico:

  • Passo 1 – A caixa superior é o compartimento que receberá o lixo orgânico, por este motivo, apresenta pequenos furos no fundo, o que permite que as minhocas se desloquem de um lado para o outro. No fundo devem ser colocados folhas e gravetos de modo a que a circulação do ar não fique prejudicada. Logo acima dessa camada, deve colocar uma camada de terra – como a caixa ainda receberá mais resíduos, a terra não poderá chegar até o topo. Aconselhamos que deixe gravetos e folhas que podem ser misturados aos resíduos para facilitar a oxigenação, procedimento que evitará mau cheiro.
  • Passo 2 – A caixa do meio é destinada às minhocas, importantes agentes na decomposição dos resíduos orgânicos. A tampa e a base também devem ter furos, no entanto, o furo precisa de um filtro para impedir que a terra e as minhocas escapem para o outro pavimento. Para isto, recomendamos que use uma rede fina e permeável. Esse compartimento deve ser preenchido com terra e muitas minhocas, que se movimentarão para a caixa superior onde farão a decomposição dos resíduos. Por isso, com o passar dos dias, será produzido um húmus de minhoca na caixa intermediária – que poderá ser utilizado como adubo para plantas.
  • Passo 3 – Na última caixa ficará armazenado o chorume, líquido que é resultado da decomposição dos resíduos orgânicos. Entretanto, para que o chorume desça adequadamente, será necessário fazer alguns furos e manter o fundo impermeável. Na base da última caixa deverá afixar uma torneira, de onde escorrerá o chorume de tempos em tempos. Assim, será possível preparar um tónico, que poderá ser utilizado para regar plantas, deixando o seu jardim muito mais bonito, vistoso e colorido.

Importante referir que os furos não são suficientes, devendo as caixas ser impermeáveis e opacas, visto que as minhocas se adaptam bem à escuridão do compostor, fator que acelera o processo de decomposição dos resíduos.

O que colocar no compostor doméstico?

Antes de dar início à compostagem doméstica precisa saber que nem todos os restos orgânicos podem ser utilizados no compostor. Lixo comum, restos de carne, peixe e marisco, laticínios, óleos, cinzas de carvão, beatas de cigarros, medicamentos e resíduos não biodegradáveis não são indicados para decompostar.

Poderá colocar dentro do composto doméstico:

  • Legumes;
  • Verduras;
  • Frutas não cítricas;
  • Saquetas de chá;
  • Casca de ovo;
  • Borra de café;
  • Folhas secas,
  • Restos de jardim.

Contudo, não se esqueça que este é um sistema pequeno, cuja capacidade não atende a toda a decomposição do lixo comum produzido em casa. Embora exista essa limitação, é essencial referir que a compostagem doméstica é uma atitude consciente, uma prática sustentável que deve ser amplamente difundida para que as próximas gerações colham os frutos deste cuidado adotado por nós no presente.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)