Existem muitos alunos que chegam ao ensino universitário e – admire-se! – admitem que não sabem como estudar: falta-lhes motivação e métodos de estudo, não se conseguem concentrar e, acima de tudo, não obtêm o rendimento desejado. Neste artigo,partilhamos algumas dicas que o podem ajudar a melhorar a forma como estuda.
Nem sempre é fácil escolher o método de estudo que se adequa melhor a cada aluno, quanto mais como organizar o estudo. Não obstante, visto que há várias formas de estudar, pode ser útil não só escolher, como intercalar essas diversas formas, de modo a tornar o estudo menos monótono.
Os clássicos: ler e escrever
Por exemplo, há alguns alunos que preferem ler a matéria, consultando ou não diversas fontes (por exemplo, apontamentos das aulas, powerpoints, livros, artigos científicos), e fazer os seus próprios apontamentos. Esta parece uma forma adequada de estudar, visto que a escrita tende a ajudar a assimilar os conteúdos lidos.
Aqui, há alunos que preferirão fazer resumos do que leram – e aqui é importante destacar os conceitos-chave – os quais poderão ser realizados em texto (geralmente mais completos) e/ou em esquema (mais sintetizado). A verdade é que os esquemas podem complementar os resumos, podendo ser útil fazer também caixas de texto com as ideias essenciais e, se possível, usar uma ou duas cores para os apontamentos – torna-se visualmente mais apelativo.
Atenção que aqui não é suposto os apontamentos serem um folclore de cores nem sequer é desejável perder demasiado tempo a ornamentar os apontamentos (ah, a procrastinação…!): apenas o suficiente para as folhas não ficarem monótonas, apenas com uma cor. Uma sugestão é, por exemplo, no fim de um tema, “perder” algum tempo a sublinhar os apontamentos: visto que não requer recursos cognitivos, pode ser considerada uma mini-pausa no estudo mais intensivo.
Resolver exercícios
Outra hipótese de estudo complementar é construir ou selecionar algumas questões-chave acerca da matéria que se está a estudar e procurar organizar respostas para cada uma delas, consultando livros, powerpoints e apontamentos das aulas. Imaginando que alguém está a estudar a célula, uma pergunta possível poderia ser “Quais são os constituintes da célula?” e a tarefa do estudante é procurar organizar uma resposta a essa questão, eventualmente utilizando ainda uma imagem de uma célula.
Ler, escrever à mão e resolver exercícios (com e sem consulta) são bons métodos de estudo, especialmente para quem aprende melhor através de estímulos visuais.
Explicar a matéria a outra pessoa
Há outros alunos que poderão beneficiar de um estudo ainda mais “ativo” e auditivo: sabe-se que uma das melhores formas de aprender é… ensinar. Ao ter de explicar em voz alta determinada matéria, com ou sem consulta, o aluno é obrigado a organizar o seu pensamento de forma a que a explicação para o outro seja clara e concisa.
Estudar sozinho vs. acompanhado
Isto é um outro parâmetro que dependerá das características do aluno: se se consegue concentrar, mesmo acompanhado, ou se acha que vai dispersar; por outro lado, se se aborrece a estudar sozinho e se prefere ou não ter companhia, mesmo que não interaja com ela.
Estudando sozinho, seja em casa ou noutro local, em teoria, as distrações são menores. Estudando acompanhado, há a opção de estudar ativamente com o outro (por exemplo, havendo explicações mútuas sobre a matéria) ou de apenas sentir a companhia de estar ali outra pessoa a estudar, com quem pode interagir de vez em quando, por exemplo, nas pausas do estudo.
Estudar com música sem letra (para não se distrair nem ficar a cantarolar!) é outra dica para tornar o estudo menos entediante, quer se esteja sozinho ou acompanhado.
A escolha do contexto adequado para o estudo
Estudando-se ou não com companhia, é importante que o contexto seja adequado ao estudo: de preferência, não demasiado barulhento nem com muitas pessoas a entrar e a sair (são estímulos distratores) e bem iluminado, de preferência com luz natural. A temperatura também deve estar adequada: nem demasiado calor (geralmente, torna-nos mais agitados) nem demasiado frio (pode-nos deixar igualmente desconfortáveis).
O espaço onde estamos a estudar deve ter apenas o essencial (material de escrita, papéis, computador, se realmente necessário, fontes de informação) e deve estar arrumado.
A importância do estudo continuado
Esta é uma das tarefas hercúleas dos alunos universitários, ainda por cima porque são portugueses (somos o povo do desenrasca!) – deixar tudo “para a última” é a expressão de ordem. Há alunos que funcionam bem sob pressão (aliás, parecem só funcionar desta forma) e acabam por conseguir estudar apenas em alguns dias ou até horas, conseguindo um aproveitamento mais ou menos razoável. Outros que nem tanto.
Em qualquer um dos casos, estudar de forma tão intensiva provoca um desgaste intelectual grande, e muitas vezes só é possível mesmo “estudar para o 10”. Para quem almeje mais e, acima de tudo, não pretenda sentir graus tão altos de ansiedade, há que procurar ultrapassar a preguiça e a procrastinação.
Por exemplo, ir fazendo alguns apontamentos de forma mais descontraída e com menos pressão ao longo do semestre pode ser uma opção. Ir dando uma vista de olhos nos powerpoints ou apontamentos das aulas, nem que seja na “diagonal”, ajuda a que alguns conceitos comecem, ainda que de forma superficial, a ser melhor entendidos. Então depois, em época de frequências ou exames, procura-se afunilar e intensificar o estudo, de forma a que os conteúdos sejam melhor assimilados.
Outros fatores importantes para o estudo: desde a alimentação aos tempos livres
Podem parecer aspetos acessórios do estudo, mas têm igualmente importância. A título de exemplo, é essencial que se faça uma alimentação adequada, rica em proteínas e também com alguns hidratos de carbono; pode-se recorrer de vez em quando, mas não abusar do café e das bebidas energéticas (pode aumentar a ansiedade).
Também é útil fazer algumas pausas ao longo do estudo e recompensá-lo (por exemplo, “quando acabar este capítulo, faço uma pausa de 10 minutos ou como um quadrado de chocolate”).
Finalmente, procurar intermediar as jornadas de estudo com tempos livres, sejam eles de prática de desporto, fazer caminhadas, ir ao cinema, estar com amigos, etc. Porque a vida não é só estudo!
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