Fibromialgia: o que é, sintomas, fatores de risco e tratamento

fibromialgia

Uma dor no corpo que não passa e que não parece estar relacionada com uma contusão. Um cansaço crónico, que atrapalha a realização de pequenas tarefas do dia a dia. Sensibilidade nas articulações, músculos e tendões e uma dor de cabeça recorrente, que parece levar embora a qualidade de vida.

Tudo isto faz parte da rotina de quem sofre de fibromialgia, uma síndrome comum que pode levar à depressão e à ansiedade.

Em que consiste a fibromialgia?

Embora ainda não sejam claras as razões, a generalidade das pessoas afetadas por este distúrbio são mulheres. Não obstante, sabe-se que a fibromialgia não tem qualquer relação com alterações dos níveis hormonais, visto afetar mulheres antes e depois da menopausa.

A fibromialgia pode surgir entre os 20 e 60 anos de idade, porém, as crianças, os adolescentes e as pessoas mais velhas – em menor escala -, também podem ser afetadas por esta condição.

De acordo com um estudo, estima-se que em Portugal, 1,7% da população padeça de fibromialgia, com prevalência em mulheres acima dos 40 anos.

A fibromialgia é uma patologia estudada pela área da reumatologia, visto estar relacionada com os músculos, os tendões e os ligamentos, não comprometendo órgãos internos. Apesar de ser extremamente dolorosa e incapacitante, a fibromialgia não causa deformação, nem redução da esperança média de vida.

Infelizmente, as pessoas que sofrem da síndrome são incompreendidas, muitas vezes sofrendo com o estigma de serem preguiçosas e hipocondríacas, pois a ciência e a medicina ainda não são capazes de detetar as suas causas. Além disso, a fibromialgia não é detetável em exames laboratoriais e exames complementares de diagnóstico, o que pode dificultar o seu diagnóstico precoce.

Atualmente, o que se sabe é que o paciente apresenta alterações nas áreas cerebrais responsáveis pela perceção e processamento da dor, o que provoca uma sensibilidade extrema a estímulos dolorosos.

Quais os sintomas da fibromialgia?

A maioria dos doentes apresenta os sintomas da fibromialgia durante toda a vida, com períodos de agravamento e de atenuação dos mesmos. Entre esses sintomas, destacamos:

  • Dor generalizada: afeta diversas partes do corpo e pode levar até três meses a passar ou diminuir;
  • Fadiga: quem sofre com a fibromialgia não tem um sono reparador, pois a noite de descanso pode ser interrompida diversas vezes em decorrência da dor. Por isso, é comum que a pessoa acorde cansada, ou que apresente outros distúrbios do sono, como apneia do sono, insónias e a síndrome das pernas inquietas;
  • Dificuldades cognitivas: quem padece de fibromialgia poderá ter mais dificuldades de aprendizagem. Isto acontece porque a dor passa a ser o centro da atenção, impossibilitando a concentração e o foco, tão importantes nas atividades que exigem esforço mental;
  • Dores de cabeça recorrentes ou enxaquecas, dor abdominal (síndrome do intestino irritável), dor pélvica, sem causa identificada;
  • Formigueiro e dormência nas mãos e nos pés;
  • Dificuldades em praticar o exercício fisíco;
  • Depressão: grande parte dos pacientes com fibromialgia sofrem com a depressão, que surge por conta dos sintomas da doença. Isto significa que a fibromialgia não é um problema psicológico, hipótese que chegou a ser cogitada pela medicina;
  • Palpitações.

Quais os fatores de risco da fibromialgia?

Alguns especialistas alertam para alguns fatores de risco que tornam mais propício o surgimento de fibromialgia. Entre os principais, estão:

  • Sexo: como já referido, a fibromialgia é mais comum em mulheres, sobretudo na faixa etária dos 20 aos 50 anos;
  • Histórico familiar: a doença é recorrente entre membros da mesma família, um forte indício de que os fatores genéticos podem estar entre as causas que levam ao seu surgimento;
  • Stress e traumas emocionais: acidentes, falecimento de entes queridos, separação e outras situações que provocam grande comoção podem contribuir para o surgimento da doença;
  • Outros transtornos: pacientes de artrite reumatoide ou lúpus são mais vulneráveis à fibromialgia.

É importante salientar que nenhum desses fatores se mostra como única origem causadora da fibromialgia, sendo mais provável uma combinação de fatores.

Quais os principais pontos de dor da fibromialgia

As dores afetam sobretudo o sistema musculoesquelético do paciente, e podem ser representados pelos seguintes pontos dolorosos no corpo:

  • Região da coluna cervical;
  • Cotovelos;
  • Coluna torácica;
  • Nádegas;
  • Joelhos;
  • Bacia.

Deve-se salientar que muitas vezes, mesmo que os pacientes não apresentem todos os pontos de dor (que podem chegar a 18 em todo o corpo), o diagnóstico da fibromialgia é feito e o tratamento iniciado.

Quais as complicações da fibromialgia?

Quando não é tratada adequadamente, a fibromialgia provoca um grande impacto na qualidade de vida das pessoas que sofrem com este distúrbio. É comum, inclusive, que desenvolvam transtornos emocionais, como depressão e ansiedade.

Além disso, é habitual quem sofre desta doença queixar-se de falta de apoio da família e de reconhecimento que a dor existe, em grande medida por não ser possível fazer uma comprovação da síndrome por meio de exames laboratoriais e complementares.

Esta incompreensão agrava a doença, por isso, é fundamental que a rede de apoio se (família, amigos, colegas, etc.) se estabeleça para que a pessoa se sinta acolhida e compreendida.

Qual o tratamento para a fibromialgia?

Por ser uma enfermidade crónica, não há uma cura para a fibromialgia, contudo, é possível amenizar os sintomas com tratamentos específicos, que podem ser farmacológicos e não-farmacológicos, bem como uma combinação de terapias. É ainda possível envolver:

  • Fisioterapia;
  • Programa de exercícios e preparação físico;
  • Técnicas para alívio do stress, entre elas massagens e métodos de relaxamento;
  • Terapia cognitivo-comportamental, tratamento importante por ajudar a lidar com os pensamentos negativos e a reconhecer o que agrava os sintomas.

Quanto aos medicamentos, existem várias drogas que podem ser utilizadas de maneira combinada com o tratamento não medicamentoso. Entre elas, analgésicos de ação central, como antidepressivos e antiepiléticos, miorrelaxantes e outras que melhoram o padrão do sono.

Fique atento: apenas um médico poderá dizer qual o medicamento e terapia mais adequada para o caso concreto, bem como a dosagem correta e duração do tratamento. Por isso, é fundamental que o paciente siga à risca as orientações do especialista e, em circunstância alguma, se automedique. Cuide-se!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)