A gravidez é um momento de muita alegria para a grande maioria das mulheres. A felicidade tem início desde quando da sua descoberta e tende a aumentar com o aproximar do nascimento. Não obstante, esta fase da vida é particularmente desafiadora, sendo quase impossível não sentir alguma ansiedade.
Todavia, algumas mulheres veem essa felicidade interrompida quando sentem, logo após a descoberta da gravidez, uma leve cólica, seguida de um sangramento discreto e aumento da dor, que se intensifica apenas de um lado. Estes são os principais sintomas de um problema que afeta 1% das gestantes, e embora seja um percentual aparentemente baixo, é, na verdade, um número alarmante. Estamos a falar da gravidez ectópica, condição que ocorre quando o óvulo fecundado se implanta fora do útero.
A gravidez ectópica nem sempre é identificada no começo da gravidez, visto que os seus sintomas costumam ser confundidos com os sintomas comuns das gestações normais. Quando diagnosticada precocemente, a gravidez ectópica pode ser interrompida, o que certamente evitará maiores consequências e preservará a saúde da mulher. Ficou interessado neste assunto? Então conheça mais detalhes a seguir. Acompanhe.
O que é a gravidez ectópica?
A gravidez ectópica é caracterizada pela implantação e desenvolvimento do embrião fora do útero, podendo acontecer nas trompas, ovário, colo do útero, cavidade abdominal ou cérvix. Geralmente é identificada ainda no primeiro trimestre da gravidez, evidenciada em razão de uma dor abdominal intensa e perda de sangue pela vagina.
Para que o tratamento mais apropriado seja determinado pelo médico, é fundamental que se saiba com antecedência o local exato no qual está o embrião, visto que quando o feto estiver localizado na cavidade abdominal, é possível, embora seja uma situação delicada e rara, que a gravidez continue.
Quais os sintomas da gravidez ectópica?
Os sintomas da gravidez ectópica variam de acordo com o local em que o embrião foi implantado. Quando se desenvolve nas trompas, por exemplo, dá-se o nome de gravidez ectópica rota, podendo haver rutura da trompa da mulher quando o feto é grande o suficiente para que isso aconteça. Neste caso, os principais sintomas e sinais são:
- Dor abdominal intensa, apenas de um lado da barriga;
- Sangramento vaginal irregular, especialmente entre a 5.ª e 14.ª semana de gestação;
- Sensação de peso na vagina;
- Forte dor à palpação do útero;
- Abdómen inchado;
- Exame Beta HCG geralmente é negativo.
Quando a gravidez acontece fora do útero, mas sem sinais de rutura das trompas, pode-se notar os seguintes sintomas:
- Dor ou desconforto abdominal;
- Sangramento vaginal após a última menstruação;
- Forte dor à palpação do útero;
- Dor durante o contato íntimo ou durante o exame pélvico;
- Exame Beta HCG geralmente é positivo.
Quando estes sintomas se manifestam, a mulher deve procurar imediatamente a ajuda de um médico, que solicitará uma ultrassonografia para confirmar a gravidez ectópica. Feito isso, o profissional procederá com o tratamento mais adequado para solucionar o problema
Quais as causas e fatores de risco?
São várias as causas e fatores de risco para a gravidez ectópica ao longo da vida reprodutiva da mulher. Entre as principais causas e fatores de riscos estão:
- Uso inadequado do Dispositivo Intrauterino (DIU);
- Tabagismo;
- Uso de citrato de clomifeno (fármaco anti estrogénio utilizado no tratamento da infertilidade feminina);
- Cirurgia tubária anterior;
- Doença inflamatória pélvica (como a clamídia, por exemplo)
- Infertilidade;
- Aborto induzido;
- Aderências pélvicas;
- Cirurgias abdominais;
- Malformações uterinas;
- Miomas;
- Salpingites
- Alterações anatómicas;
- Endometriose;
- Tumorações justatubárias;
- Alterações da motilidade tubária (decorrente de práticas contracetivas)
- Curetagem uterina;
- Fertilização in vitro;
- Cesarianas prévias;
- Curto intervalo entre a cesariana e a gestação subsequente.
Quais os tipos de gravidez ectópica?
A gravidez ectópica é uma condição rara, sendo que os tipos menos comuns são:
- Gravidez ectópica intersticial: nesta situação o embrião se desenvolve no segmento intersticial da tuba. Há um aumento do Beta HCG e o tratamento é feito, habitualmente, com a prescrição de medicamentos e cloreto de potássio;
- Gravidez cervical: o embrião desenvolve-se no colo do útero, podendo ocasionar hemorragia intensa. O tratamento geralmente exige embolização, curetagem ou injeção local de metotrexato;
- Gravidez ectópica na cicatriz da cesariana: embora seja muito rara, pode acontecer. Neste caso, o tratamento é feito com remédios metotrexato e ácido fólico, durante uma semana;
- Gravidez ovariana: acontece quando a implantação do embrião ocorre no ovário e pode se confundir com um cisto. Na maioria das vezes ela só é descoberta durante a curetagem;
- Gravidez heterotópica: verifica-se o desenvolvimento do embrião entre o útero e a trompa, contudo, costuma ser diagnosticada apenas depois do rompimento da tuba uterina. Nesta situação, o tratamento mais indicado é o cirúrgico;
- Gravidez ectópica abdominal: o embrião desenvolve-se no peritónio, entre os órgãos. É uma condição muito rara, que exige avaliação minuciosa do médico, visto que, embora seja complicada, há relatos de mulheres que conseguiram chegar as 38 semanas de gestação e foram submetidas à cesariana.
Nos casos de gravidez ectópica nas trompas ou nos ovários, o embrião pode-se desenvolver até às 14 semanas de gestação; todavia, não é possível salvá-lo, pois não existem medicamentos ou procedimentos capazes de deslocar o embrião das trompas para o útero.
Qual o tratamento da gravidez ectópica?
Quando confirmada a gravidez ectópica, o médico obstetra deverá avaliar cada caso para proceder com o tratamento mais apropriado. Geralmente a decisão dependerá da exata localização do embrião, mas numa boa parte dos casos o tratamento é feito com o uso de medicamentos para provocar o aborto ou ainda a realização de cirurgia para a remoção do embrião e reconstrução da tuba uterina, por exemplo.
Quando a gravidez ectópica é identificada antes das 8 semanas de gravidez, o médico poderá indicar o metotrexato para induzir o aborto; contudo, quando a gravidez está mais avançada, deverá ser realizada uma cirurgia para a retirada do feto.
É possível engravidar após a gravidez ectópica?
A resposta é sim, é possível engravidar novamente após uma gravidez ectópica. Uma boa parte das mulheres que tiveram uma gestação ectópica consegue engravidar depois de 12 a 18 meses, pois continuará a ovular, isto é, vai produzir óvulos capazes de gerar uma nova gravidez natural ou com auxílio da medicina reprodutiva. Vale referir que, o sucesso dessa nova gravidez dependerá da intensidade dos danos que a gravidez anterior causou no aparelho reprodutor feminino, por isso, antes de engravidar, é recomendado que a mulher procure orientação médica a fim de evitar contratempos e riscos à saúde. Cuide-se!