Quem pensa que o coronavírus foi o primeiro causador de uma epidemia mundial está muito enganado. Ao longo da história, outras doenças já afetaram a humanidade, deixando um rastro de medo e um número impressionante de mortes.
Microrganismos fatais, principalmente bactérias e vírus, já vitimaram milhões de pessoas em todo o planeta, seja por falta de uma vacina (drama que vivenciamos recentemente) ou por dificuldade no controlo da transmissão. Algumas das maiores epidemias do mundo duraram dezenas de anos, e foram tão letais quanto as grandes guerras ou hecatombes, como terremotos e furacões.
A epidemia mundial acontece quando uma doença epidêmica infeciosa (e muito contagiosa) atinge todos os continentes, causando assim consequências nefastas tanto a nível social, como económico ou político.
Lista das maiores epidemias do mundo
Confira abaixo as maiores epidemias do mundo que marcaram a história. Lembrando que a ordem escolhida está de acordo com a mais atual, ou seja, a pandemia do coronavírus, seguida daquelas que mais estragos causaram para a humanidade:
1. Coronavírus
- Vírus: SARS-COV-2
- Período do surto: 2019-2020
- Número de mortes: cerca de 2,970 milhões de pessoas (abril/2021)
Doença identificada no final de 2019 na cidade de Wuhan, na China, o coronavírus avançou rapidamente para países de todos os continentes. Os primeiros registos mostram que a infeção poderá ter começado com morcegos tendo, mais tarde, atingido os seres humanos. A doença acomete os pulmões, levando os infetados a quadros graves de insuficiência respiratória, o que pode ocasionar a morte.
Os primeiros sintomas do coronavírus (SARS-COV-2) são bastante semelhantes aos sintomas de uma gripe normal, todavia, podem avançar para casos de pneumonia grave.
É importante referir que o coronavírus é uma família de vírus, sendo que o causador da doença COVID-19 é o vírus identificado como SARS-COV-2. A sigla SARS significa Síndrome Respiratória Aguda Grave.
2. Tuberculose
- Bactéria: Bacilo de Koch
- Período do surto: 1850-1950
- Número de mortes: cerca de 1 bilhão de pessoas
Doença provocada pelo Bacilo de Koch, a tuberculose começou a atingir grande parte da população mundial em meados do século XIX. Afeta, principalmente, os pulmões, provocando insuficiência respiratória, mas também pode afetar outros órgãos, como os ossos, a pele e os gânglios linfáticos. Entre os principais sintomas da tuberculose estão as crises de tosse aguda com sangue e pus.
A tuberculose, como epidemia mundial, chegou a vitimar, até meados do século XX, aproximadamente 1 bilião de pessoas. Embora hoje seja uma doença controlada, continua presente em diversos países do mundo, especialmente nos subdesenvolvidos.
3. Varíola
- Vírus: Orthopoxvirus variolae
- Período do surto: 430 a.C. (primeiro surto)
- Número de mortes: 300 milhões de pessoas aproximadamente
Os sintomas da varíola são parecidos com os da gripe normal, ou seja, febre e dores no corpo, acrescidos de vómitos e úlceras cutâneas. Ao longo da história da humanidade, aconteceram vários surtos de varíola, sendo o primeiro relatado em 430 a.C. na Grécia. Naquele momento, a doença matou cerca de um terço da população grega. Posteriormente, os romanos também sofreram com a varíola; no século XV a doença chegou ao continente americano em razão das grandes navegações.
A varíola começou a ser controlada apenas no século XVIII, graças à criação da vacina; todavia, no século XX, mais precisamente na década de 80, a doença atingiu o estatuto de epidemia mundial, matando mais de 300 milhões de pessoas. Hoje, pode-se dizer que a varíola é uma doença erradicada do planeta.
4. Gripe Espanhola
- Vírus: Influenza
- Período do surto: 1918-1920
- Número de mortes: entre 20 e 40 milhões de pessoas
Uma das maiores epidemias do mundo foi causada pela gripe espanhola, que atingiu os quatro continentes no ano de 1918, perdurando até 1920. Recebeu o nome de gripe espanhola porque a Espanha foi um dos países mais atingidos no começo do surto, que infetou cerca de 500 milhões de pessoas no mundo. Não é possível afirmar o número exato de mortes, mas estima-se que a gripe tenha matado entre 20 a 40 milhões de indivíduos. É importante referir que uma variação do vírus Influenza, conhecido como H1N1, voltou a atingir a população em 2009.
5. Peste Negra
- Bactéria: Yersinia pestis
- Período do surto: 1347-1353
- Número de mortes: 25 milhões de pessoas aproximadamente
As populações europeia e asiática foram assoladas pela peste negra (também conhecida por peste bubónica) durante a Idade Média, mais precisamente no século XIV. Oriunda da Mongólia, a peste negra espalhou-se através dos barcos comerciais que realizavam trabalho entre os dois continentes. No início, a doença atingiu apenas pequenos animais, como os ratos, contudo, numa fase posterior, foi ultrapassada a barreia das espécies, tendo o vírus passado para os humanos através de pulgas, que por sua vez foram infetadas pelos ratos, contaminação que denunciava as péssimas condições sanitárias da época. Os sintomas eram similares aos de uma gripe forte, porém, com o inchaço dos gânglios e a presença de bolhas de pus e sangue pelo corpo.
Estima-se que a doença vitimou um terço da população europeia, isto é, aproximadamente 25 milhões de pessoas morreram entre os anos de 1347 e 1353.
6. Sida (HIV)
- Vírus: HIV
- Surto da doença: 1980
- Número de mortes: 20 milhões de pessoas aproximadamente
A Sida, sigla de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, é uma doença causada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunitário e destrói os linfócitos T-CD4, essenciais para as defesas do organismo. A transmissão acontece durante relações sexuais desprotegidas e também pela transmissão sanguínea causada, principalmente, pelo uso de drogas injetáveis. Felizmente, a ciência caminha a passos largos em direção à descoberta de uma cura para esta doença, que já vitimou cerca de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.
7. Tifo
- Bactéria: Rickettsia prowazekii
- Período do surto: 1918-1922
- Número de mortes: cerca de 3 milhões de pessoas
Embora existam ocorrências de tifo no século XV, foi depois da primeira guerra mundial que a doença se propagou com maior violência, vitimando aproximadamente 3 milhões de pessoas num período de 5 anos, compreendidos entre 1918 a 1922. Por este motivo, é considerada uma das maiores epidemias do mundo, como também uma das mais letais da história da humanidade.
O tifo é transmitido através de piolhos contaminados, inicialmente encontrados nos ratos, e assim como a peste negra, a doença também estava associada às péssimas condições de saneamento e higiene daquele momento. Os sintomas são bastante parecidos com os sintomas da gripe, contudo, com a manifestação de erupções cutâneas.
8. Cólera
- Bactéria: Vibrião colérico
- Período do surto: 1817-1824
- Número de mortes: 30 mil pessoas aproximadamente
A cólera já provocou diversos surtos ao longo da história da humanidade, contudo, foi durante o século 19 que a doença vitimou o maior número de pessoas: cerca de 30 mil. Assim como outras das epidemias do mundo, a cólera também está relacionada com a falta de saneamento básico, visto que é causada pela água e por alimentos contaminados por uma bactéria, nomeadamente, o vibrião colérico.
O principal sintoma da cólera é a diarreia, levando a pessoa doente a uma profunda desidratação. Atualmente, a doença ainda atinge diversas pessoas no mundo, especialmente em países onde as condições de saneamento são ainda muito precárias.
9. Gripe Suína (H1N1)
- Vírus: Influenza tipo A
- Período do surto: 2009-2010
- Número de mortes: cerca de 20 mil pessoas
A gripe H1N1 teve início no México, no ano de 2009, mas rapidamente espalhou-se pelo mundo. Recebeu o nome de gripe suína porque foi identificada pela primeira vez em porcos. O surto desta doença respiratória perdurou até o ano de 2010, atingindo cerca de 207 países em todo o mundo, onde foram vitimadas, em apenas um ano, aproximadamente 9 mil pessoas, sobretudo crianças, gestantes e idosos, grupos de risco para a H1N1.
A doença é extremamente contagiosa, com sintomas similares aos da gripe comum: febre, tosse e dores no corpo. Até hoje, contabilizam-se cerca de 20 mil óbitos causados pela doença em todo o mundo.
Infelizmente, as maiores epidemias do mundo já vitimaram biliões de pessoas no planeta. Os cientistas alertam que o mundo precisa de começar a se preparar para uma próxima pandemia, visto que surtos pandémicos acabam por surgir mais cedo ou mais tarde. De acordo com ambientalistas, o aumento do risco de contrair novos vírus acontece em razão do aumento da população em todo o mundo, bem como em razão da desflorestação, da conversão de animais selvagens em animais domésticos, em alimentos ou medicamentos. Por isso, é urgente que medidas sejam tomadas a fim de protegermos o nosso planeta e toda a população que nele vive: só assim estaremos protegidos das futuras maiores epidemias do mundo.