Quem já passou por uma gravidez sabe bem que esse é um momento mágico na vida de uma mulher e também da família. Os nove meses que antecedem o parto exigem uma atenção redobrada e cuidados especiais em relação à saúde da gestante, pois esses cuidados garantirão o bem-estar da mãe e do bebé.
Por ser um período tão delicado, é normal que surjam inúmeras dúvidas a respeito dos mais diversos assuntos, entre eles alimentação, prática de atividade física e, claro, algo tão corriqueiro como a vida sexual do casal.
Facto é que o sexo continua a ser um tema tabu na nossa sociedade. A situação fica ainda mais complicada quando se associam outros fatores ao assunto, tais como a sexualidade e saúde da mulher durante a gestação. O receio de abordar esta questão acaba por fomentar a propagação de alguns mitos – que seriam facilmente desmistificados se o assunto não causasse tanto mal estar – desnecessário, diga-se de passagem – entre pacientes e médicos, casais, pais e filhos, professores e alunos e assim por diante.
Felizmente, muitos dos mitos tão disseminados pelo senso comum podem ser facilmente desmascarados, e é justamente essa a intenção deste artigo: esclarecer algumas informações falsas para que homens e mulheres possam ter as suas dúvidas plenamente esclarecidas. Para isso, continue a leitura e descubra quais os principais mitos e verdades sobre o sexo na gravidez.
Mitos e verdades sobre o sexo durante a gravidez
1. O sexo durante a gravidez faz mal
Mito: Fazer sexo durante a gravidez é algo absolutamente normal e não causa qualquer problema ao feto, exceto em situações muitos específicas, como quando há ameaça de parto prematuro ou aborto. Geralmente, nessas situações, o médico obstetra faz recomendações expressas ao casal de que evitem sexo com penetração, a fim de evitar transtornos sérios para a gestação. Se este não for o caso, saiba que durante o sexo a mulher liberta hormonas como endorfinas, capazes de atravessar a placenta e alcançar o bebé, provocando neste uma sensação de relaxamento, bem-estar, conforto e tranquilidade.
2. Durante o ato sexual o pénis tocar no bebé
Mito: Não é verdade que durante o ato sexual o pénis possa atingir o bebé e causar algum tipo de ferimento. Esta, inclusive, é uma dúvida muito comum quando o assunto é sexo durante a gravidez, todavia, não existe esse perigo, e nós explicamos o porque: o colo do útero (estrutura localizada na extremidade inferior da vagina) é formado por um tecido bastante rígido, que pode atingir até 5 centímetros de espessura – o que impossibilitaria o contato do pénis com o bebé. Ademais, é importante referir que o feto está envolvido pelo líquido amniótico, que o protege de choques mecânicos, isto é, dos impactos normais causados pela relação sexual.
3. A gravidez facilita o orgasmo
Verdade: Muitas mulheres percebem que durante a gravidez há um aumento significativo da lubrificação da vagina, bem como o aumento do volume de sangue irrigado para a região, fatores que fazem com que o corpo fique mais sensível à excitação sexual e, portanto, atinja mais facilmente o orgasmo.
4. O sexo induz o trabalho de parto
MITO: facto é que o sémen contém substâncias que facilitam a dilatação do colo do útero, todavia, não se pode afirmar, visto não estar cientificamente comprovado, que o ato sexual é um bom indutor do parto.
5. Estimular os seios pode causar aborto
Verdade: Outra dúvida recorrente sobre o sexo durante a gravidez: afinal, sugar os seios ou até mesmo tocar-lhes pode causar aborto? A resposta é sim, e nós explicamos: quando a mama é estimulada, o organismo produz ocitocina, hormona que induz a produção do leite materno e também as contrações uterinas. Sendo assim, é recomendado que se evite essa prática, sobretudo se a mulher já corre o risco de aborto, pois o estímulo excessivo pode provocar parto prematuro.
6. A gravidez aumenta a libido
Mito: este é um mito altamente disseminado pelo senso comum, mas que carece de comprovação científica. A verdade é que, em razão das alterações hormonais, a tendência é que a mulher sinta uma diminuição da libido; todavia, o desejo sexual pode permanecer o mesmo de antes da gravidez. Por isso, facto é que este é um aspecto que pode variar muito de mulher para mulher.
7. O sexo está proibido após o parto
Verdade: A hora mais esperada finalmente chegou. O bebé nasceu e a mãe está bem… contudo, não se pode ignorar que foram nove meses de modificações intensas no útero e trato reprodutor da mulher, e tantas mudanças levam algum tempo a serem revertidas. Para que a mulher recupere dessas transformações, o ideal é que fique de 30 a 40 dias sem praticar atos sexuais que envolvam penetração, pois além de doloroso, o sexo aumenta potencialmente o risco de infeção uterina. Entretanto, outras práticas que não envolvam penetração vaginal podem ser adotadas pelo casal, o que certamente aumentará a cumplicidade entre ambos.
8. O parto normal compromete as relações sexuais
Mito: Mais uma inverdade na nossa lista sobre mitos e verdades do sexo durante a gravidez – neste caso, após a gestação. O parto vaginal não modifica o canal vaginal, isto é, não deixa a vagina da mulher “mais larga”, expressão comummente utilizada na linguagem popular. É importante referir que a vagina é uma estrutura elástica com total capacidade de regeneração após o parto. A prática dos exercícios de Kegel (tipo específico de exercícios que ajuda a fortalecer os músculos da região pélvica) é importante para a recomposição do tónus vaginal e aumento da autoestima da mulher.
9. Algumas posições são mais adequadas do que outras
Verdade: O sexo durante a gravidez pode e deve ser praticado, entretanto, para evitar incómodo e riscos para a mulher, algumas posições mais ousadas devem ser evitadas. Prefira aquelas em que a barriga está devidamente apoiada, isto é, que não fique “solta” – o que pode ser bastante desagradável, arriscado e doloroso.
10. É possível engravidar estando grávida
Verdade: Há casais que evitam o sexo durante a gravidez por medo de uma nova gestação simultânea. Essa gravidez com idades gestacionais diferentes pode sim acontecer devido a um fenómeno conhecido como superfetação – contudo, esta é uma ocorrência extremamente rara.
Lembre-se: não existe qualquer ônus ao praticar-se sexo durante a gravidez, especialmente quando não há nenhuma contraindicação médica. Contudo, não se esqueça de utilizar preservativo visto que é possível propagar infeções sexualmente transmissíveis que podem colocar em risco a saúde da mãe e do bebé. Cuide-se!