Vinho da Madeira: conheça a sua história e curiosidades!

vinho da madeira

O vinho da Madeira é um ícone português. Entre os seus admiradores estão figuras históricas como William Shakespeare, Napoleão Bonaparte e Winston Churchill, homens célebres que se renderam aos encantos e aromas complexos da bebida.

Não obstante, ilustres ou desconhecidos, todos apreciamos um bom copo de vinho da Madeira, que carrega consigo muito mais do que sabores e perfumes, mas também, um pouco da história do seu lugar de origem, o pequeno paraíso situado a meio da imensidão do oceano Atlântico chamado Ilha da Madeira.

Ficou curioso e quer saber um pouco mais sobre a história, processo de fabrico e demais peculiaridades do vinho da Madeira? Então aproveite a leitura deste artigo que preparamos especialmente para si!

Um pouco da história do Vinho da Madeira

O arquipélago da Ilha da Madeira foi descoberto em 1419, e desde então produz o vinho homónimo, que carrega consigo muito da tradição daquele que é considerado o melhor destino insular do mundo. A sua localização privilegiada, de origem vulcânica, proporciona um clima propício para o cultivo das uvas utilizadas no fabrico da bebida, apresentando uma temperatura ambiente bastante agradável ao longo do ano.

Quando as primeiras castas de uvas foram introduzidas nas terras madeirenses, ainda no século XV, os produtores tinham como objetivo vender a bebida aos navios que partiam rumo ao “Novo Mundo” (América do Norte e Brasil) e às Índias. As viagens duravam meses, e curiosamente as temperaturas às quais a bebida era submetida nos navios acabou por ser um elemento agregador à sua maturação.

A produção era intensa, tanto que acabou por se tornar uma das principais fontes de receita da economia madeirense até os dias de hoje. Quem visita a Ilha pode contemplar os mais de 500 hectares de vinhas, que se confundem com os belíssimos cenários deste que é considerado um pequeno paraíso português.

Curiosidade: o vinho da Madeira foi o escolhido para o brinde que celebrou a assinatura da declaração de Independência dos Estados Unidos. Predileção que nos dá a exata dimensão do quanto a bebida era importante não só em Portugal, mas em todos os lugares onde chegava.

Métodos de maturação do vinho da Madeira

Da categoria dos vinhos fortificados (ao qual se acrescenta álcool vínico para barrar a fermentação) o vinho da Madeira tem uma personalidade única, assim como o seu processo de produção. Diferentemente de outros vinhos, pode ser maturado de duas maneiras distintas:

  • Maturação com calor (estufagem): neste método, o vinho é armazenado em barris de inox sob temperaturas entre os 45°C e os 50°C durante um período de, no mínimo, três meses. Esta condição simula as antigas travessias oceânicas até as Índias;
  • Canteiro: neste processo, o vinho da Madeira é armazenado em barris de madeira por um período maior, isto é, no mínimo, dois anos. São acondicionados nos pisos superiores das adegas, lugar em que a temperatura é mais alta. Graças a este método, a bebida alcança aromas intensos e complexos.

Devido a estes processos peculiares, o vinho da Madeira torna-se muito robusto e duradouro, mesmo depois de aberto, tal e qual os vinhos do Porto ou vinhos licorosos. Não podem ser engarrafados e comercializados antes de 31 de outubro do 2.º ano após a colheita e são tipicamente vinhos de lote. A exigência visa atender ao padrão de qualidade que se espera da bebida, famosa pela sua guarda e longevidade.

As variadas castas do vinho da Madeira

Como sabe, os vinhos fortificados são mais adocicados, sendo o caso do vinho da Madeira. Não obstante, é possível encontrar vinhos da Madeira com graus de doçura distintos, indo do seco ao meio seco e do doce ao meio doce. Isto só é possível graças às diferentes castas de uvas utilizadas na produção do vinho, pois são estas as responsáveis por conferir características próprias à bebida.

Por exemplo, os vinhos doces utilizam no seu fabrico a casta Malvasia; já os meio doces são produzidos com a casta Bual; os meio secos são feitos com a casta Verdelho e os secos com a casta Sercial. Todavia, existe uma “casta favorita” chamada de Tinta Negra, e por ser bastante versátil, está presente na maior parte dos vinhos da Madeira, visto que consegue atingir os quatro graus de doçura previamente referidos.

Classificações do vinho da Madeira

Características e estilos são definidos através do rótulo de cada uma das opções do vinho da Madeira. Geralmente são divididos de acordo com algumas especificações, que levam em conta fatores como o ano da colheita, a idade, o teor de açúcar, a cor, a estrutura, entre outros. Conheça, em seguida, as principais diferenças entre cada uma dessas classificações.

Ano de colheita do vinho da Madeira

  • Soleira: chamamos de soleira o sistema em que a maturação do vinho se dá em barricas de carvalho por pelo menos 5 anos. Neste, 10% do vinho mais antigo é retirado, sendo acrescentado no seu lugar um vinho um ano mais novo, de igual ou superior qualidade. Este processo pode ser contínuo, até que se alcance um corte máximo de 10 diferentes safras. Curioso, não?
  • Colheita: nesta classificação estão os vinhos produzidos com uvas vindas da mesma casta e colheita, desde que o percentual atinja os 85%.
  • Vintage ou Frasqueira: são classificados Vintage os vinhos produzidos com pelo menos 85% de uvas da mesma colheita e de apenas uma casta. O nome remete ao tempo de envelhecimento: no mínimo 20 anos em barricas de madeira.

Qual é a estrutura do vinho da Madeira?

O vinho da Madeira, dependendo das variáveis envolvidas no processo de fabricação, castas e maturação, pode ter as seguintes características:

  • Leve: vinho de pouco corpo, contudo, equilibrado;
  • Encorpado: como o próprio nome diz, apresenta uma boa densidade e boa estrutura alcoólica, sem perder o seu equilíbrio;
  • Fino: a característica refrescante este estilo é resultado do equilíbrio nos ácidos. Além disso, apresenta um corpo firme e aromas complexos, resultado do envelhecimento em barricas de carvalho;
  • Macio: o seu sabor delicado e o seu complexo buquê de aromas são oriundos do envelhecimento em barricas;
  • Aveludado: são vinhos encorpados, cujo volume em contato com a boca se acentua. Isso acontece por causa do excesso de glicerol (composto orgânico pertencente ao grupo dos álcoois);
  • Amadurecido: Opção macia, oleosa e muito harmónica, características presentes em rótulos com idade, isto é, mais envelhecidos.

Harmonização com o vinho da Madeira

A harmonização ideal dependerá do teor de açúcar. Na sua versão seca, por exemplo, o vinho da Madeira acompanha, com brilhantismo, aperitivos. Além disso, também pode ser utilizado como base em diferentes molhos que acompanham carne vermelha.

Os rótulos doces, similares aos vinhos do Porto e aos espanhóis Jerez, podem ser consumidos com sobremesas que apresentem toque ácido e cítrico. Já os meio secos acompanham refeições mais pesadas, como massas em geral.

É importante referir que a diversidade de castas e intensidade de sabores dos vinhos da Madeira podem dificultar a harmonização da bebida, sendo exigido um paladar aguçado para proporcionar uma experiência memorável. Em caso de dúvida, procure a ajuda de um sommelier, trata-se do profissional mais capacitado no que à harmonização diz respeito.

O vinho da Madeira é mesmo uma bebida cheia de histórias e encantos! Gostou de saber mais sobre este vinho, nomeadamente as curiosidades que envolvem a sua história e produção? Se sim, partilhe este artigo com seus amigos para que também conheçam a fascinante bebida da Ilha da Madeira! Aproveite e convide-os para um momento de degustação. Escolha seu tipo favorito e desfrute de todos os seus sabores e aromas!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)