Vinho rosé: saiba mais sobre esta fascinante bebida!

vinho rose

Quando pensamos em vinho, vem-nos imediatamente à cabeça a imagem do vinho tinto ou do vinho branco, não é mesmo? Contudo, ao longo dos séculos, os produtores foram criando e aprimorando novos estilos de fermentados, expandindo assim os horizontes da enologia. Dessa inquietação surgiram bebidas surpreendentes aos nossos sentidos, entre elas o fascinante vinho rosé.

O vinho rosé encanta à primeira vista e não dececiona no primeiro gole. A sua leveza, frescura e coloração única têm conquistado admiradores nos quatro cantos do mundo, especialmente em países de clima quente, sendo por isso conhecido por muitos como um “vinho de verão”.

Caso seja um apaixonado pelo curioso e complexo universo dos vinhos, certamente vai gostar de ler este artigo. Entre outros, aprofundamos e exploramos as peculiaridades do vinho rosé, a sua história, técnicas de elaboração e a melhor forma de o degustar. Boa leitura!

Um pouco sobre a história do vinho rosé

É impossível falar sobre o vinho rosé sem falar de França, o seu país de origem. Foi em Provence, província francesa de grande fama pela sua excelente produção vinícola, que a bebida surgiu. Hoje, o país é responsável pelo fabrico de 28% dos 22 hectolitros de vinho rosé produzidos em todo o mundo, sendo uma grande parte consumida na própria França, que detém uns impressionantes 36% do consumo mundial.

Há, na História, vastos registos, especialmente nas artes, da existência de um vinho de tonalidade mais clara que o tinto, chamado, à época da Idade Média, de Vinum Clarum ou Claret. Os vinhos da antiguidade eram possivelmente todos desta cor, visto que não havia tecnologia disponível para fabricar vinhos brancos aromáticos, tampouco tintos profundos. Possuíam, portanto, uma coloração e corpo médios, um vinho rosado e rústico. Apenas em 1642, em Provence, em França, o termo “rosé” foi empregado para denominar a bebida de coloração rosada e sabor elegante.

Os espanhóis são também grandes apreciadores de vinho rosé, sendo esta a bebida mais indicada como acompanhamento da famosa paella de frutos do mar, tradicional prato das regiões mediterrâneas. Em Portugal, o vinho rosé está por toda parte, com destaque para os produzidos no Douro, Estremadura e Ribatejo. Em relação à variedade de uvas utilizadas nos vinhos rosados portugueses, encontram-se muitos fabricados à base de blends, bem como varietais de Touriga Nacional, por exemplo.

O que é o vinho rosé e como é produzido?

Durante um longo período de tempo o vinho rosé não foi exatamente um sucesso entre os amantes dos tradicionais vinhos tintos e vinhos brancos. Muitos acreditavam que o rosé nada mais era que uma simples mistura dos dois tipos clássicos, um tipo ordinário, criado a partir de uma mera diluição. O mal entendido criou uma perceção errada de que o rosé seria uma bebida mista e sem qualidade, o que obviamente não é verdade. Apesar de estar entre o tinto o branco, apresentando características de ambos, o vinho rosé definitivamente não pode ser reduzido a uma simples mistura.

Desfeito o mito sobre a elaboração do vinho rosé de qualidade, é importante responder às dúvidas relacionadas com o seu processo de elaboração. Basicamente, existem três técnicas relacionadas com a sua produção, são elas:

1. Maceração curta

O processo de elaboração de qualquer vinho tem início quando as uvas são delicadamente esmagadas para que delas se extraia o mosto, isto é, o “sumo”. O tempo em que o mosto fica em contato com as cascas e sementes da uva é conhecido como maceração, sendo esta etapa determinante para a coloração do vinho, visto que os corantes estão essencialmente na casca da uva. Portanto, podemos concluir que o tempo de contato do mosto com as partes sólidas da fruta durante o fabrico do vinho rosé não ultrapassa muitas horas, apenas o suficiente para garantir sua bela tonalidade.

2. Corte

Método também chamado de blend ou assemblage, o corte consiste em misturar vinhos tintos e brancos. Não obstante, essa combinação precisa ser feita de maneira harmoniosa, pois só assim o vinho rosé será agradável ao paladar e resistente ao tempo, como os excecionais espumantes rosados. Caso contrário, poderão resultar em bebidas de duvidosa qualidade.

3. Sangria

A mais rara das três técnicas. A sangria pode produzir fermentados de alto padrão, com os seus rosés mais concentrados em cor e estrutura. Nesta, logo no início do processo de fermentação do vinho tinto, cerca de 10% do líquido, que a esta altura já deverá ter atingido a coloração rosada, é retirado ou “sangrado” do tanque original para um outro recipiente. Desta forma, as fermentações dos dois tipos de bebida são finalizadas separadamente.

Qual a característica mais notável do vinho rosé?

A acidez do vinho rosé  é certamente a sua característica mais notável, e isto acontece porque as uvas utilizadas na sua produção são colhidas mais cedo propositalmente. Consequentemente, os rosés apresentam poucos polifenóis (antioxidantes), tal qual os vinhos brancos, resultando assim num teor de acidez que se torna o principal conservante do produto. Sem essa acidez, o vinho rosé não terá durabilidade e certamente perderá grande parte do seu atrativo e charme.

Como deve ser consumido o vinho rosé?

A temperatura ideal deste vinho é sensivelmente mais alta que a do vinho branco, ou seja, entre os 10°C e os 12°C, sobretudo em virtude dos seus taninos suaves. Antes de servir, aconselhamos que mantenha a garrafa no geladeira por aproximadamente uma hora e meia.

Harmonização com o vinho rosé

Por ser leve e refrescante, o vinho rosé não se sobrepõe à comida, diferentemente dos vinhos tintos ultra encorpados, que são de difícil harmonização.

A maioria dos rosés apresenta uma boa intensidade de frutas vermelhas e um corpo mediano, características que possibilitam a combinação com uma vasta gama de pratos. Pode ser a companhia ideal para um churrasco, peixes assados e petiscos. Além disso, vai muito bem com uma paella valenciana e, porque não, uma caldeirada.

Se ainda não provou um bom vinho rosé não sabe o que está a perder! Esta pode ser uma excelente alternativa aos vinhos brancos e tintos, além disso, o seu preço costuma ser bastante convidativo. Para uma melhor experiência, deguste-o ainda jovem, quando apresenta 1 ou 2 anos no máximo, pois os vinhos rosés não são vinhos de guarda.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)