Taxa de esforço: o que é, importância e como calcular?

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Sabia que uma das formas de evitar o sobre-endividamento é calculando a taxa de esforço? Hoje em dia, sempre que recorre a um crédito, as instituições financeiras pedem-lhe diversos documentos como IRS ou recibos de rendimento mensal, mas sabe qual a utilidade destes requisitos? Bem, tudo se deve ao cálculo da taxa de esforço, uma forma essencial de perceber se está ou não apto para recorrer a um empréstimo, ou melhor, para pagá-lo de volta.

Neste artigo abordamos a taxa de esfoço, procurando responder a algumas das perguntas mais frequentes sobre este tema, nomeadamente no que consiste e qual a importância de calcular esta taxa. Boa leitura!

O que é a taxa de esforço?

Segundo o Banco de Portugal, a taxa de esforço é a “proporção do rendimento de um agregado familiar afeto ao pagamento de um empréstimo.” Por outras palavras, trata-se da percentagem do rendimento total do agregado familiar que se destina ao pagamento das prestações de créditos. Para quem é casado, o rendimento total corresponde à soma dos rendimentos de ambos os membros do casal, portanto, o rendimento do agregado familiar.

Assim, antes de lhe concederem um crédito, as instituições financeiras calculam a sua taxa de esforço, de modo a compreender se possui a capacidade de agregado necessária para pagar de volta um empréstimo realizado. Esta taxa surge assim como uma forma de os bancos se protegerem ao assegurarem que os créditos concedidos serão pagos.

É importante calcular a taxa de esforço?

Como já mencionado, o cálculo da taxa de esforço permite aos bancos compreender se determinada pessoa possui capacidade, a nível do agregado familiar, para cumprir as suas responsabilidades no que toca ao pagamento de um empréstimo. Por exemplo, se a percentagem da taxa de esforço for baixa, os bancos irão mais facilmente conceder um crédito, e vice-versa.

Portanto, esta é uma medida importante para os bancos se precaverem e se certificarem de que estão a tomar a decisão correta ao conceder um crédito, o que é especialmente importante em créditos com valores mais elevados. 

No caso do requerente, através do cálculo da taxa de esforço, este consegue perceber a sua própria capacidade para cumprir as suas responsabilidades de empréstimo e para, sobretudo, evitar piores cenários, como um endividamento. Além disso, poderá compreender melhor qual a parte do seu rendimento que está disponível para as despesas diárias, como aquelas relacionadas com alimentação ou vestuário, por exemplo.

Como calcular a taxa de esforço?

A taxa de esforço é calculada a partir da seguinte fórmula:

  • Taxa de esforço = (Encargos financeiros / Rendimento Líquido Total do Agregado) x 100

É importante compreender que os únicos encargos financeiros aqui calculados são aqueles associados a prestações mensais de crédito, como por exemplo, crédito pessoal, cartão de crédito, crédito automóvel ou renda de casa – mesmo que não possua um crédito à habitação, deve incluir o valor de aluguer da sua casa, se for esse o caso. Assim, deve excluir deste cálculo despesas mensais relacionadas com água, gás, eletricidade ou telecomunicações, por exemplo.

A taxa de esforço corresponde a que valores?

Esta taxa não deve ser superior a 33%, ou seja, a um terço do rendimento total do agregado familiar. Caso ultrapasse este valor, será mais complicado obter um crédito, pois maior o risco de não conseguir pagar de volta o valor pedido.

No entanto, existe uma exceção. Caso peça um crédito à habitação, vários bancos acabam por estimular um limite máximo de 40%, e não de 33%. Tal se deve ao facto de este tipo de crédito estar associado a valores muito mais elevados do que o normal.

Para tornar mais fácil a compreensão, partilhamos um exemplo:

  • A Carla e o Rui são um casal português de 40 anos. Sobre este casal são conhecidos os seguintes dados:
    • Rendimento líquido do agregado = 1500€
    • O total dos seus encargos mensais corresponde a 300€
    • A partir destes dados, sabemos que a taxa de esforço deste casal corresponde a 20% (300/1500) x 100= 20%

Neste caso, a Carla e o Rui encontram-se numa situação favorável para recorrerem a um crédito, já que a taxa de esforço do casal se encontra abaixo dos 33%, ainda com uma margem relativamente elevada. No caso do crédito à habitação, estariam ainda mais “qualificados” para receberem o empréstimo.

Como diminuir a taxa de esforço?

Se a sua situação não for como a da Carla e do Rui, ultrapassando os 33%, ou no caso do crédito habitação, os 40%, a possibilidade de lhe concederem um crédito acaba por diminuir pelas razões já mencionadas. No entanto, é possível diminuir o seu valor e tentar chegar a um mais indicado.

Em primeiro lugar, pode tentar renegociar o crédito, ou seja, pedir para reduzir a taxa de esforço ao alargarem o prazo de pagamento. Além disso, pode transferir o seu empréstimo, de modo a encontrar melhores condições de financiamento numa outra instituição financeira.

Assim, como verificado, o cálculo da taxa de esforço é uma ferramenta importante tanto para as instituições bancárias como para quem deseja pedir um empréstimo. Graças a esta taxa, conseguirá obter uma melhor perceção sobre o estado do seu agregado e os bancos poderão decidir mais facilmente se determinada pessoa possui as capacidades necessárias para pagar de volta um crédito. Esperamos ter ajudado.

Catarina Fonseca

Desde cedo uma curiosa nata, decidiu seguir Ciências da Comunicação para desenvolver a sua paixão pelo jornalismo e pela escrita. Agora formada, gosta de se aventurar pelo mundo, conhecer novas pessoas e culturas, e leva sempre um caderno e câmara fotográfica às costas para eternizar as suas experiências.