Figuras de estilo: o que são, como as utilizar e exemplos

Figuras de estilo

Sabe o que são figuras de estilo? Também conhecidas como figuras de linguagem, as figuras de estilo são recursos estilísticos bastante utilizados na linguagem literária, na música, na publicidade e também na linguagem oral. São empregues com o objetivo de dar ênfase à comunicação, tornando-a mais expressiva e nobre.

Dependendo da sua função, as figuras de estilo são classificadas em:

  • Figuras de palavras ou semânticas: estas estão associadas ao significado das palavras. São elas: metáfora, comparação, metonímia, catacrese, sinestesia e perífrase.
  • Figuras de pensamento: produzem uma combinação de ideias e pensamentos. Exemplos: hipérbole, eufemismo, lítote, ironia, personificação, antítese, paradoxo, gradação e apóstrofe.
  • Figuras de sintaxe ou construção: estas figuras de estilo interferem na estrutura gramatical da frase. A saber: elipse, zeugma, hipérbato, polissíndeto, assíndeto, anacoluto, pleonasmo, silepse, anáfora, aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.
  • Figuras de som ou harmonia: estão relacionadas à sonoridade das palavras. Exemplos: aliteração, paronomásia, assonância e onomatopeia.

Ficou interessado sobre este assunto e quer saber mais sobre figuras de estilo, seus principais recursos, exemplos entre outras informações? Então continue a leitura deste artigo que preparamos especialmente para si. Aproveite para partilhá-lo entre seus amigos. Acompanhe.

Classificações das figuras de estilo

Como referido, as figuras de estilo estão subdivididas, basicamente, em 4 diferentes classificações. Adiante falaremos detalhadamente sobre cada uma delas. Confira:

Figuras de palavras

  • Metáfora;
  • Comparação;
  • Metonímia;
  • Catacrese;
  • Sinestesia;
  • Perífrase.

Metáfora

A metáfora consiste numa comparação implícita de palavras com significados distintos. Isto é, a metáfora suprime o conectivo “como”, que será empregue apenas na comparação – outra figura de estilo que veremos a seguir. Além disso, a metáfora desloca a palavra do seu significado usual, isto é, daquele que está dicionarizado, atribuindo-lhe novos sentidos.

Exemplo: A vida é uma caixinha de surpresas.

Comparação

Diferente da metáfora, a comparação é uma figura de estilo que deixa explícito os conectivos de comparação (como, assim, tal qual etc.). Veja o exemplo:

Exemplo: A vida é como uma caixinha de surpresas.

Metonímia

Trata-se da transposição de significados considerando parte pelo todo, o autor pela obra.

Exemplo: Depois de ler Fernando Pessoa, tomou uma taça de vinho enquanto observava o mar. (Depois de ler um livro de Fernando Pessoa, tomou uma taça de vinho enquanto observava o mar).

Catacrese

A catacrese é uma figura de estilo que representa o emprego impróprio de uma palavra por não haver outra mais específica.

Exemplo: Embarcou no voo das dez da manhã rumo às Ilhas Maldivas.

Embarcar significa “entrar ou colocar em embarcação, navio”. Todavia, o termo é empregue também para o ato de ingressar num autocarro, comboio, avião, automóvel e demais meios de transporte, visto não existir outra palavra que a substitua sem prejuízo do sentido.

Sinestesia

Trata-se de umas das figuras de estilos mais utilizadas, inclusive na linguagem falada, a sinestesia acontece pela associação de sensações por órgãos de sentidos diferentes.

Exemplo: "Agora, o cheiro áspero das flores leva-me os olhos por dentro de suas pétalas." (Cecília Meirelles)

A aspereza de algo está associado ao tato, e não ao olfato, como sugere o exemplo acima. Todavia, a licença poética permite este interessante jogo de palavras e de ideias.

Perífrase

Também conhecida como antonomásia, consiste na substituição de uma ou mais palavras por outra que a identifique.

Exemplo: No inverno, visitarei a cidade luz. (cidade luz = Paris)

Figuras de pensamento

  • Hipérbole;
  • Eufemismo;
  • Lítote;
  • Ironia;
  • Personificação;
  • Antítese;
  • Paradoxo;
  • Gradação;
  • Apóstrofe.

Hipérbole

A hipérbole consiste na intensificação de uma ideia por meio de um exagero intencional. Observe:

Exemplo: Chorou rios de lágrimas quando se despediu da família.

Eufemismo

Ao contrário da hipérbole, o eufemismo é uma figura de estilo empregue quando há a intenção de suavizar o discurso, substituindo uma expressão considerada rude, desagradável ou “pesada”, por uma outra mais delicada.

Exemplo:

“Alma […], que te partiste
Tão cedo desta vida …
Repousa lá no Céu …
E viva eu cá na Terra sempre triste.”

(Luís de Camões - Soneto)

O autor refere-se a alguém que morreu sem utilizar, contudo, a palavra morte. Tal estratégia tem o intuito de amenizar o conteúdo da mensagem.

Lítote

O lítote assemelha-se ao eufemismo, pois também é empregue para suavizar uma ideia, sugerindo uma ideia pela negação do seu contrário.

Exemplo: Este restaurante não é dos melhores. (não é dos melhores = mau)

Ironia

Figura de estilo muito utilizada, seja na linguagem oral ou escrita, a ironia é a representação do contrário daquilo que se afirma.

Exemplo: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis...” (Machado de Assis)

Personificação

Também conhecida como prosopopeia, a personificação consiste na atribuição de sentimentos e qualidades inerentemente humanos aos seres irracionais.

Exemplo: As ondas beijavam a areia branca da praia.

Antítese

A antítese é a figura de estilo que utiliza termos cujos sentidos são opostos.

Exemplo: Não existiria som se não houvesse silêncio. Não haveria luz se não fosse a escuridão.

Paradoxo

Esta figura de estilo representa o uso de ideias cujos sentidos são opostos, não apenas os termos (como acontece na antítese).

Exemplo: “É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente.” (Luís de Camões)

Gradação

A gradação consiste na apresentação de ideias que progridem de forma crescente ou decrescente. Observe:

Exemplo: “Mais dez, mais cem, mais mil e mais um bilião, uns cingidos de luz, outros ensanguentados.” (Machado de Assis)

Apóstrofe

A apóstrofe é uma figura de estilo utilizada para chamar, evocar, o recetor da mensagem.

Exemplo: "Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal.” (Fernando Pessoa)

Figuras de sintaxe

  • Elipse;
  • Zeugma;
  • Hipérbato;
  • Polissíndeto;
  • Assíndeto;
  • Anacoluto;
  • Pleonasmo;
  • Silepse;
  • Anáfora.

Elipse

Consiste na omissão de uma palavra, não mencionada anteriormente, mas que se identifica de forma fácil.

Exemplo: Sobre minha mesa, apenas livros e papéis. (No trecho foi omitido o termo "havia")

Zeugma

Ao contrário da elipse, a zeugma é uma figura de estilo que omite uma palavra pelo facto desta ter sido mencionada antes.

Exemplo: A Clarice gosta de livros, o Tomás de jogos. (Foi omitido o termo "gosta" em "Tomás de jogos" = Tomás gosta de jogos).

Hipérbato

Também conhecido como inversão, o hipérbato é uma figura de estilo que consiste na troca da ordem direta dos termos da frase ou de nomes e dos seus determinantes.

Exemplo: “Não te esqueças daquele amor ardente que já nos olhos meus tão puro viste.” (Camões).

Polissíndeto

O polissíndeto é uma figura de estilo que consiste no uso repetido de conectivos. Veja:

Exemplo: “Há dois dias meu telefone não fala, nem ouve, nem toca, nem tuge, nem muge.” (Rubem Braga)

Assíndeto

Esta figura de estilo representa a omissão de conectivos, sendo, portanto, o contrário do polissíndeto.

Exemplo: Quem me dera viver livremente, rir, passear, dançar, cantar, divertir-se, sair pelo mundo.

Anacoluto

O anacoluto é uma figura de estilo que consiste na “quebra” da estrutura sintática de uma frase, deixando solto o termo inicial da oração.

Exemplo: "A velha hipocrisia, recordo-me dela com vergonha." (Camilo Castelo Branco)

Pleonasmo

O pleonasmo é uma figura de estilo que consiste na repetição de uma palavra ou de uma ideia para intensificar o significado.

Exemplo: “Chovia uma triste chuva de resignação”. (Manuel Bandeira)

Há ainda o pleonasmo vicioso, comummente utilizado na linguagem oral. Geralmente é desnecessário para a transmissão do conteúdo da frase, por este motivo, é considerado um vício de linguagem.

Exemplo: Subiu para cima da casa para consertar o telhado.

Silepse

É a concordância com o que se entende, e não com o que está implícito. Classifica-se em: silepse de género, de número e de pessoa.

Exemplos:

Lisboa é encantadora! (a concordância é feita com a palavra cidade, feminina, que está subentendida - silepse de género);

O casal viajou pelos Estados Unidos da América e tiraram muitas fotografias. (a concordância é feita com a ideia de plural transmitida pelo substantivo "casal" - silepse de número);

Todos preferimos viajar de comboio. (a concordância é feita com nós e não com eles: preferem - silepse de pessoa).

Anáfora

Esta figura de estilo repete uma ou mais palavras no início de versos, orações ou períodos, de forma regular.

Exemplo:

É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol

(Tom Jobim)

Importante: além de ser uma figura de estilo, anáfora também é o nome dado a um processo sintático por meio do qual um termo faz referência a uma informação previamente mencionada.

Exemplo: Maria não foi à aula. Ela estava doente.

Figuras de som

  • Aliteração;
  • Paronomásia;
  • Assonância;
  • Onomatopeia.

Aliteração

Caracteriza-se pela repetição harmónica e ritmada de sons consonantais.

Exemplo:

"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."

(Cruz e Souza)

Paronomásia

A paronomásia é uma figura de estilo que se caracteriza pelo emprego de palavras parónimas, isto é, palavras cujos significados são diferentes, contudo, são escritas e pronunciadas de forma semelhante.

Exemplo:Sagres sagrou então a Descoberta/E partiu encoberto a descobrir.” (Miguel Torga)

Assonância

Consiste na repetição harmónica de sons vocálicos, contribuindo para a melodia e musicalidade dos poemas.

Exemplo: “Na messe, que enlourece, estremece a quermesse...” (Eugênio de Castro)

Onomatopeia

São figuras de estilo que reproduzem sons na linguagem escrita, tais como barulhos de máquinas, ruídos de animais, sons da natureza, entre outros.

Exemplo: O tic tac do relógio marcava o tempo que custava a passar.

Quadro-resumo das figuras de estilo

Figuras de palavras ou semânticasFiguras de pensamentoFiguras de sintaxe ou construçãoFiguras de som ou harmonia
Dão mais expressividade à comunicação por meio das palavras.Por meio da combinação de ideias e pensamentos, dão mais expressividade à mensagem.Produzem mais expressividade à comunicação por meio da inversão, repetição ou omissão dos termos na construção das frases.Conferem mais expressividade à comunicação por meio da sonoridade.
– metáfora;
– comparação;
– metonímia;
– catacrese;
– sinestesia;
– perífrase ou antonomásia.
– hipérbole;
– eufemismo;
– lítote;
– Ironia
– personificação ou prosopopeia;
– antítese;
– paradoxo ou oxímoro;
– gradação ou clímax;
– apóstrofe.
– elipse;
– pleonasmo;
– zeugma;
– hipérbato;
– silepse;
– polissíndeto;
– assíndeto;
– anacoluto;
– anáfora.
– aliteração;
– paronomásia;
– assonância;
– onomatopeia.

Esperamos que este artigo lhe tenha ajudado a compreender melhor as figuras de estilo!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)