Metáfora: significado, importância e exemplos

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As figuras de estilo, também conhecidas por figuras de linguagem, são recursos estilísticos muito utilizados na escrita e na fala, principalmente em textos literários.

Entre essas figuras está a metáfora, na qual se encontra uma comparação implícita que permite à palavra ganhar novos sentidos conotativos, deslocando-a do seu significado usual (denotativo). Por este motivo, a metáfora é classificada como uma figura de palavra ou semântica, um recurso capaz de deixar a mensagem mais expressiva, mais bela e interessante.

Portanto, a metáfora eleva o discurso ao transformar uma linguagem vulgar numa linguagem nobre, que é considerada a melhor forma de surpreender o leitor ou ouvinte, que naturalmente reage ao recurso por este transpor os sentidos do seu lugar habitual.

Em que consiste a metáfora?

Exemplos de frases e poemas com metáfora

As metáforas estão mais presentes nas nossas vidas do que aquilo que imaginamos. Aparecem na música, nos poemas, na publicidade e na nossa fala. De acordo com estudiosos da língua portuguesa usamos, em média, quatro metáforas a cada minuto, durante uma conversa informal. Surpreendente, não? Por isso é possível afirmar que a metáfora não é exclusiva da linguagem literária, visto surgir da mesma maneira na linguagem oral, visto ser quase impossível comunicarmos sem o emprego desta importante figura de estilo.

Exemplos de metáforas utilizadas no dia a dia:

Encontramos a chave do problema.

O problema não é a fechadura, obviamente, entretanto, para o resolver, o elemento que se diz ter encontrado é tão necessário quanto a chave é para abrir uma porta.

Ela é uma formiga para doces.

Aqui, foi feita uma analogia entre o comportamento da mulher com o de uma formiga, inseto que, como sabemos, é manifesto apreciador de açúcar.

Esta questão é apenas a ponta do iceberg.

Isto significa que o problema é muito maior do que parece ser inicialmente, todavia, apenas uma parte está visível, percetível.

O José chegou em casa com uma fome de leão.

A fome de José era tamanha que se assemelhava ao apetite de um leão – animal conhecido pelo seu apetite voraz.

A menina é um doce!

Isto é, a menina é meiga, gentil, prestável. Agradável como um doce é ao paladar.

Exemplos de metáforas em poemas

Nas mãos habilidosas dos poetas, as metáforas transformam-se em versos cheios de expressividade e beleza. Observe agora alguns exemplos presentes em poemas da literatura portuguesa e brasileira:

“(...) Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer (...)”.

(Amor é fogo que arde sem se ver - soneto de Luís Vaz de Camões)

Para tentar explicar a complexidade deste sentimento chamado amor, Camões emprega diversas metáforas, fazendo com que o poema se torne atemporal na medida em que o tema abordado é universal e as figuras utilizadas para o desenvolver são complexas e belas.

"(...) Meu verso é sangue.
Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração (...)"

(Trecho do poema Desencanto - Manuel Bandeira)

A comparação que o poeta faz entre o verso e o sangue acontece de maneira implícita, sem o uso de termos conectores, por isso, é considerada uma metáfora, e não uma comparação. Seria uma comparação se o verso assim fosse: “meu verso é como sangue”. E as metáforas continuam nas expressões volúpia ardente, tristeza esparsa, remorso vão – todas se remetem à forma como o verso se apresenta para o eu-lírico.

Veja agora um trecho do poema O Guardador de Rebanhos, de Alberto Caeiro:

“Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz vem da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado (...)”.

Nota-se que há presença de metáfora quando o poeta se coloca como um pastor, contudo, um pastor que nunca guardou rebanhos, mas é como se os guardasse, pois conhece profundamente a natureza.

Leia agora o poema de Rosa de Hiroshima, de Vinícius de Moraes:

Pensem nas crianças
Mudas telepáticas
Pensem nas meninas
Cegas inexatas
Pensem nas mulheres
Rotas alteradas
Pensem nas feridas
Como rosas cálidas
Mas oh não se esqueçam
Da rosa da rosa
Da rosa de Hiroshima
A rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
A rosa com cirrose
A antirrosa atómica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada.

Quando usou a figura de estilo para chamar a bomba de rosa, o poeta fez uma referência ao momento da explosão da bomba, que lembra a imagem de uma rosa, como pode ser visto na foto abaixo:

bomba atomica hiroshima
Bomba atômica lançada sobre a cidade de Hiroshima em agosto de 1945

Todo o poema de Vinícius é uma metáfora, uma vez que recria a tragédia ocorrida em Hiroshima, no Japão, de forma não literal. O poeta destitui da palavra “rosa” os seus significativos mais usuais, tais quais beleza, perfume, delicadeza, e atribui-lhe termos que invocam ideias opostas, como estúpida, inválida, sem cor, sem perfume, com cirrose.

Exemplos de metáforas na publicidade

A publicidade também faz uso da metáfora para tentar chamar a atenção do leitor ou espetador. Através dela, é possível abordar temas que às vezes podem parecer desinteressantes para a generalidade das pessoas, deixando-os mais atraentes. Assim, torna-se mais fácil influenciar o consumidor a adquirir um produto ou serviço publicitado.

Veja alguns exemplos:

abra a felicidade coca cola
Campanha publicitária da Coca-Cola
red bull da te asas
Campanha publicitária da Red Bull

É muito raro vermos um texto literário – ou até mesmo publicitário – sem qualquer metáfora. Praticamente todos os géneros literários apresentam esta importante figura de estilo, visto que esta aprimora a linguagem, tornando o texto mais expressivo e elegante.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)