E se lhe dissermos que não existem cães perigosos por si só? Acreditaria?
Os cães são conhecidos como o melhor amigo do homem e, regra geral, são animais extremamente leais e carinhosos, sendo bastante protetores com os seus donos. No entanto, eles também podem ser perigosos. Não obstante, em algumas circunstâncias os cães podem ser mais agressivos e considerados cães perigosos.
Dependendo da forma como são criados, do seu temperamento e das próprias circunstâncias em que vive o animal, qualquer cão pode constituir-se uma ameaça. Aliás, até cachorros pequenos podem morder alguém. Os chihuahuas, por exemplo, são conhecidos por morder os seus veterinários com mais frequência do que qualquer outra raça de cão.
No entanto, algumas raças podem causar danos maiores, simplesmente por causa da sua personalidade, do seu tamanho ou da força das suas mandíbulas, daí serem entendidos como cães perigosos.
Como é que a lei define os cães perigosos?
Quando falamos em cães perigosos, importa refeir que em Portugal a lei define dois conceitos distintos: cães perigosos e cães potencialmente perigosos. Embora aos mais distraídos poderá parecer o mesmo, esse não é o caso.
De acordo com o regime jurídico da detenção de animais perigosos e potencialmente perigosos enquanto animais de companhia, são considerados cães perigosos, aqueles que:
- Tenham mordido, atacado ou ferido o corpo ou a saúde de uma pessoa;
- Tenham ferido gravemente ou causado a morte de outro animal fora da casa do seu dono;
- Tenham sido declarados como perigosos pelos seus donos à junta de freguesia da área de residência;
- Tenham sido considerados perigosos pela entidade competente por conta do seu comportamento agressivo ou especificidade fisiológica.
Já os cães potencialmente perigosos, são aqueles que, devido às características da sua espécie, ao comportamento agressivo, ao tamanho ou à potência de mandíbula, possam causar lesão ou morte a pessoas ou outros animais, nomeadamente os cães pertencentes às raças previamente definidas como potencialmente perigosas.
Raças de cães potencialmente perigosos
Levando em conta os critérios citados acima referido, a lei portuguesa estabelece quais as raças de cães perigosos (isto é, potencialmente perigosas), nomeadamente:
- Cão de fila brasileiro;
- Dogue argentino;
- Pit bull terrier;
- Rottweiller;
- Staffordshire terrier americano;
- Staffordshire bull terrier;
- Tosa inu.
1. Cão de fila brasileiro

O cão de fila brasileiro pode ser um animal de estimação nobre e amoroso, mas o seu forte instinto de guarda coloca-o na categoria das raças de cães perigosos. Para que sua agressividade não saia fora do controlo quando na presença de estranhos, o cão de fila precisa de socialização e treino de obediência. É recomendável que esta raça seja exposta a pessoas, lugares e situações novas desde tenra idade.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 30 minutos/dia |
Nível de energia | Médio |
Expetativa de vida | 8 a 10 anos |
Tendência para se babarem | Alta |
Tendência para roncarem | Alta |
Tendência para ladrar | Média |
Tendência para cavar | Baixa |
Necessidade de atenção | Alta |
2. Dogue argentino

Esta raça foi originalmente criada para caçar animais de grande porte e justamente por isso entra na lista de raças de cães perigosos. Apesar da sua “capacidade de agressão”, a socialização com outros humanos e animais de estimação ajuda a controlar os seus instintos de guarda. Com o treino certo e um bom lar, o dogue argentino pode ser um companheiro de família corajoso e dedicado, além de uma excelente raça de cães de guarda.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 40 minutos/dia |
Nível de energia | Alto |
Expetativa de vida | 9 a 15 anos |
Tendência para se babarem | Média |
Tendência para roncarem | Média |
Tendência para ladrar | Baixa |
Tendência para cavar | Baixa |
Necessidade de atenção | Alta |
3. Pit bull terrier

O pit bull terrier foi usado como cão de luta durante muitos anos, algo que muito contribuiu para a ideia de que são cães perigosos. Infelizmente, algumas pessoas ainda criam esta raça para esse tipo de atividade (ilegal), perpetuando a sua reputação de cão excessivamente agressivo.
Os pitt bulls têm, sim, um forte instinto de caça e guarda, por isso entram na lista de cães perigosos. No entanto, com o treino e paciência, o pitt bull pode ser um cão afetuoso e amigável, leal à família e bom com crianças.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 20 a 40 minutos/dia |
Nível de energia | Médio |
Expetativa de vida | 11 a 13 anos |
Tendência para se babarem | Baixa |
Tendência para roncarem | Baixa |
Tendência para ladrar | Baixa |
Tendência para cavar | Baixa |
Necessidade de atenção | Alta |
4. Rotweiller

Esta raça tem um forte instinto de proteção e são extremamente leais aos donos. Por serem muito protetores, podem-se tornar agressivos com quem não conhecem. Por isso são considerados por alguns como cães perigosos. Porém, tal como outras raças de cães, com o treino apropriado os seus traços gentis evidenciam-se.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 40 minutos/dia |
Nível de energia | Alto |
Expetativa de vida | 8 a 11 anos |
Tendência para se babarem | Média |
Tendência para roncarem | Baixa |
Tendência para ladrar | Média |
Tendência para cavar | Baixa |
Necessidade de atenção | Alta |
5. Staffordshire terrier americano

O staffordshire terrier americano é uma raça com um instinto protetor muito forte. Precisa de ser devidamente treinado e socializado para que sua natureza não se torne excessivamente agressiva. Apesar de constar na lista de cães perigosos, se tiverem donos pacientes, amororos e dispostos a treiná-los, tornam-se cães muito amigáveis.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 20 a 40 minutos/dia |
Nível de energia | Médio |
Expetativa de vida | 12 a 14 anos |
Tendência para se babarem | Baixa |
Tendência para roncarem | Alta |
Tendência para ladrar | Baixa |
Tendência para cavar | Alta |
Necessidade de atenção | Alta |
6. Staffordshire bull terrier

No seu país natal, Inglaterra, o staffordshire bull terrier é conhecido como “cão babá” por ser brincalhão e gostar de interagir com crianças. Justamente por ser um cão que valoriza profundamente a interação com humanos, pode-se tornar agressivo. Apesar de estar na lista de cães perigosos, o treino e a socialização fazem dele um excelente companheiro.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 20 a 40 minutos/dia |
Nível de energia | Médio |
Expetativa de vida | 12 a 14 anos |
Tendência para se babarem | Baixa |
Tendência para roncarem | Média |
Tendência para ladrar | Alta |
Tendência para cavar | Alta |
Necessidade de atenção | Alta |
7. Tosa Inu

O tosa inu possui uma personalidade alfa e por esse motivo é mais independente e dominante que outras raças. Assim sendo, são naturalmente agressivos com outros cães. Dado o seu comportamento extremamente protetor, tendem a reagir rapidamente com agressão a qualquer tipo de ameaça percecionada. Sem socialização suficiente, o seu comportamento agressivo pode ser difícil de controlar, daí constarem na lista de cães perigosos.
Características | Valores |
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Requisitos de exercício | 20 a 40 minutos/dia |
Nível de energia | Médio |
Expetativa de vida | 12 a 14 anos |
Tendência para se babarem | Baixa |
Tendência para roncarem | Média |
Tendência para ladrar | Alta |
Tendência para cavar | Alta |
Necessidade de atenção | Alta |
Apesar de serem considerados cães perigosos (ou melhor, potencialmente perigosos), as raças que fomos abordando ao logo deste artigo podem muito bem conviver com humanos quando devidamente treinados e socializados.
Por fim, referir que se pretende adotar um cão de uma das raças entendidas como potencialmente perigosas, deverá entrar em contacto com a Guarda Nacional Republicana (GNR) ou Polícia de Segurança Pública (PSP), no sentido de obter mais informação, visto haver alguns requisitos impostos por lei.
Lembre-se também que, apesar da natureza agressiva, cães perigosos por si só não existem. Tudo depende da forma como são criados!