Cães guia: vantagens, requisitos e outras questões

caes guia

Dizem que o cão é o melhor amigo do homem, em grande medida por serem animais muito leais aos donos. No caso dos cães guia, a sua “função” vai muito além da amizade ou da companhia diária, sendo adestrados com o intuito de orientar pessoas cegas ou pessoas com dificuldades visuais.

Como os cães são animais com muitas habilidades e bastantes inteligentes, conseguem com relativa facilidade aprender várias funções. O treino dos cães guia tira partido disso, fazendo com que estes ajudem deficientes visuais a correr menos risco enquanto andam pela rua.

Para entender melhor como tudo isso funciona, abordamos o papel dos cães guia de forma mais pormenorizada, procurando esclarecer algumas das questões mais frequentes. Confira!

Quais as vantagens dos cães guias?

A principal vantagem dos cães guia é proporcionar aos deficientes visuais maior independência e liberdade nas suas deslocações no espaço público, diminuindo consideravelmente a probabilidade de acidentes.

Para isso, durante o adestramento dos cães guia, este aprendem, entre outros, a perceber o movimento do trânsito, a desviarem-se de obstáculos, a reconhecer os locais de entradas e saídas de vários locais.

É importante lembrar que o percurso a ser percorrido e os locais onde deve parar e/ou seguir é sempre indicado pelo dono. A base de tudo é a confiança. O cão ajuda durante o percurso mas não toma decisões.

Regra geral, depois de devidamente treinados, os cães guia são apresentados aos seus futuros donos, com quem passarão por um período de adaptação que dura, em média, duas semanas. Durante esse período aprendem a conviver e a executar as tarefas em conjunto.

Além de todos os pontos positivos para quem não consegue ver, os cães guia são ótimos na interação social, facilitando o contato com outras pessoas, o que é particularmente benéfico.

Não obstante, nem todas as pessoas se adaptam aos cães guia. Algumas sentem-se inseguras, o que é perfeitamente normal. Pode também acontecer não haver afinidade entre os dois – isto é particularmente importante, dado ser esta ser uma relação de confiança. Uma opção é fazer uma nova tentativa com um outro cão.

O que é preciso para ter um cão guia?

Existem várias escolas de cães guia em Portugal, cada uma com o seu próprio processo de candidatura. Regra geral, as pessoas que desejam ter um cão guia devem preencher um formulário de candidatura e enviar para a respetiva escola.

Caso a candidatura seja aprovada, a pessoa é chamada para uma entrevista presencial e um pequeno teste prático. Correndo tudo bem, poderá ser necessário algum tempo até lhe ser encontrado / treinado um cão para as suas necessidades.

Os requisitos para ter um cão guia podem passar por:

  1. Ser deficiente visual (totalmente cego ou possuir perceção luminosa ou visual mas não suficiente para ser utilizada nas deslocações);
  2. Não possuir deficiências adicionais ou uma doença crónica que impeçam de estabelecer um relação de empatia com o cão guia;
  3. Possuir capacidades de orientação e técnicas de mobilidade que permitam deslocar-se em espaços públicos.

Questões frequentes sobre cães guias

Quem se depara com cães guias na rua ou simplesmente aqueles que gostam de cães costumam ter muita curiosidade a respeito do tema, nomeadamente quais as melhores raças e como funcionam os treinos. Em seguida, procuramos responder a algumas das questões mais frequentes:

1. Como é o adestramento?

Desde pequeno o futuro cão guia deve ser colocado junto a famílias voluntárias para que vá crescendo ao mesmo tempo em que aprende a socializar com pessoas. Regra geral, isto acontece a partir dos três meses de idade.

Quando um pouco maior, os cães guia passam por um adestrador profissional (treinador) para aprender comandos / tarefas específicas como: qual a hora certa para atravessar a rua, como se desviar dos obstáculos pelo caminho, entre outros.

2. Quanto tempo dura o treino de um cão guia?

Regra geral, um cão guia conclui o seu treino quando atinge os dois anos de idade. Normalmente “trabalham” durante oito anos, ou seja, quando atingem os dez anos.

Atingida essa idade “aposentam-se”, podendo continuar com a mesma pessoa (mas apenas como um animal de estimação e não mais como cão guia). Alternativa, poderá também se adotado por outra pessoa/família.

3. Quais as raças mais indicadas para cães guia?

Para se tornarem cães guia, as raças mais indicadas são as mais dóceis e tranquilas, regra geral, cães de médio porte. Os labradores e os golden retrievers são duas das raças de cães mais associadas às funções de cães guia. Mas nada impede que seja um pastor alemão ou um border colie.

4. Os cães guia podem entrar em todos os locais?

Sim. Em Portugal o Decreto-Lei n.º 74/2007, estabelece o direito de acessibilidade dos deficientes visuais acompanhados de cães guia a locais, transportes e estabelecimentos de acesso público.

Este diploma estabelece que os deficientes visuais, podem fazer-se acompanhar de cães guia no acesso aos seguintes locais:

  • Transportes públicos, nomeadamente aeronaves das transportadoras aéreas nacionais, barcos, comboios, autocarros, carros eléctricos, metropolitano e táxis;
  • Estabelecimentos escolares, públicos ou privados;
  • Centros de formação profissional ou de reabilitação;
  • Recintos desportivos de qualquer natureza, designadamente estádios, pavilhões gimnodesportivos, piscinas e outros;
  • Salas e recintos de espectáculos ou de jogos;
  • Edifícios dos serviços da administração pública central, regional e local, incluindo os institutos públicos;
  • Estabelecimentos de saúde, públicos ou privados;
  • Locais de prestação de serviços abertos ao público em geral, tais como estabelecimentos bancários, seguradoras, correios e outros;
  • Estabelecimentos de comércio, incluindo centros comerciais, hipermercados e supermercados;
  • Estabelecimentos relacionados com a indústria da restauração e do turismo, incluindo restaurantes, cafés, casas de bebidas e outros abertos ao público;
  • Estabelecimentos de alojamento, como hotéis, residenciais, pensões e outros similares;
  • Lares e casas de repouso;
  • Locais de lazer e de turismo em geral, como praias, parques de campismo, termas, jardins e outros;
  • Locais de emprego.

5. Posso interagir com um cão guia?

Regra geral, a orientação é que, no espaço público (rua, supermercados, shoppings, etc) as pessoas não brinquem com os cães guia. Embora possa parecer isto possa causar alguma estranheza inicial, é particularmente importante visto que os cães guia estão a desempenhar uma importante tarefa – guiar/orientar os deficientes visuais. Qualquer distração pode acarretar riscos.

Em caso de dúvida, o mais prudente é sempre perguntar ao dono do animal se pode interagir.

Para os deficientes visuais, ter um cão guia é uma forma de ter mais autonomia, mais liberdade. Estes costumam formar uma excelente dupla com os seus donos, sendo ótimos membros da equipa!

Mariana Bueno

Brasileira, jornalista e escritora. Desde criança tem os livros como os seus grandes companheiros e, mais tarde, transformou a escrita em profissão. É formada em Comunicação e pós-graduada em Media Digitais. Gosta de transmitir informações por meio dos seus textos e adora ouvir e contar boas histórias, de preferência as que descobre ao viajar por diferentes lugares.