O novo coronavírus (2019-nCoV) insere-se num grupo de vírus denominados coronavírus, que são responsáveis por quadros de infeção respiratória, com tosse seca, espirros, febre e falta de ar. No caso do novo vírus, os sintomas podem aparecer 2-14 dias depois da exposição ao mesmo. Na sua maioria são responsáveis por quadros infecciosos ligeiros e transitórios, mas, ocasionalmente e maioritariamente em pessoas com um sistema imune mais frágil, como idosos com muitas doenças, podem resultar em infeções mais graves e, até morte.
No entanto, é importante ter já em conta que apesar de este novo vírus aparecer como algo assustador e fatal, a verdade é que a sua mortalidade (cerca de 2%) apresenta taxas bastante inferiores a outros vírus da mesma família, existentes há alguns anos, como o SARS (que teve um grande surto em 2003 com 10% de mortalidade) e o MERS (vírus associado ao Médio Oriente com uma taxa de mortalidade na ordem dos 30%). Assim, é crucial entender que não se trata de uma sentença de morte, mas sim de uma infeção que deve ser identificada e tratada.
O novo coronavírus surgiu em dezembro de 2019, na China, na província de Wuhan, sendo que já passou fronteiras desde então. É difícil determinar o número de casos existentes, já que muitos dos casos pelos quais o coronavírus é responsável são de sintomatologia leve, interpretados como simples constipações ou gripes ligeiras que não motivam ida a um serviço de urgência e identificação do vírus.
No entanto, estima-se que até à data foram já infetadas 10.000 pessoas, com a maioria dos casos na China e expansão para cerca de 18 outros países. Foram registas 213 mortes, todas elas na China.
Epidemiologia do vírus
Acredita-se que este novo vírus tenha sido transmitido por animais. Os primeiros casos foram detetados em indivíduos que visitaram os mercados de peixe e marisco de Wuhan, na China. Outra linha de pensamento atribui a culpa aos morcegos, especificamente ao morcego de ferradura da China já que, em certas regiões da China existem mercados de carne de morcego, que poderá ter sido a via de transmissão animal-humanos.
Estado de emergência global
Dada a fácil contaminação interpessoal, em princípio (já que ainda se estão a estudar métodos de transmissão) por gotículas libertadas com tosse ou espirros, e o aparecimento do vírus em vários países, a 31 de janeiro de 2020 a WHO (World Health Organization) declarou estado de Emergência Global, o que irá facilitar a pesquisa de novos tratamentos e eventuais vacinas para o vírus.
Suspeito que tenho a infeção, o que devo fazer?
É natural se questionar, se tiver um quadro respiratório sobre o que fazer. Primeiro de tudo, é importante não entrar em pânico. A probabilidade de ser um coronavírus é, ainda, muito pequena em Portugal. Ainda que, por algum motivo se confirmasse, o mais provável seria ser um quadro transitório.
No entanto, caso suspeite estar com esta infeção é de extrema relevância ligar primeiro para uma linha de saúde, como a Saúde 24. Assim poderá ter mais informações sobre a sua patologia, evitará ir imediatamente a um hospital onde poderá contaminar outros ou apanhar outra infeção e certamente ficará mais descansado.
A Direção Geral de Saúde (DGS) já emitiu um parecer para todos os médicos sobre o encaminhamento a dar a casos suspeitos. De realçar que a suspeição de infeção por coronavírus existe, apenas, se houver viagem nos últimos 14 dias à província de Wuhan, na China ou contacto com pessoas comprovadamente infetadas pelo vírus nos últimos 14 dias.
De momento, o tratamento é apenas sintomático, dirigido à tosse, febre, falta de ar ou outro sintoma que possa aparecer. Estão a ser realizados vários esforços no sentido de descobrir tratamentos dirigidos ao vírus e eventuais vacinas.
De momento, a ênfase está a ser dirigida à prevenção, daí a “quarentena” a que os indivíduos em algumas províncias na China estão a ser sujeitos, já que o vírus tem uma fase de contagiosidade que se estende durante 14 dias após o início de sintomas. Também noutros países estão a ser realizados internamentos de prevenção de indivíduos em que se suspeita da infeção, para evitar a expansão da mesma. De louvar os esforços que estão a ser realizados e que certamente impediram uma rápida propagação do vírus.
Como nota final, realçar que se trata de um vírus e não de uma bactéria e que, por isso, não é necessário nem adequado tratar estas infeções com antibióticos.
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