Não falar a verdade numa entrevista de emprego pode-lhe custar o emprego que tanto deseja. Embora isso possa parecer óbvio, algumas pessoas acreditam que uma ou outra mentira numa entrevista de emprego não terá grandes consequências. A verdade é que mentir pode até ter os seus benefícios a curto prazo, eventualmente até poderá conseguir a vaga que tanto deseja, no entanto a médio ou longo prazo acabará por ser confrontando com isso.
Neste artigo, abordamos a questão da mentira nas entrevistas de emprego, procurando-lhe demonstrar este comportamento poderá ser prejudicial, podendo colocar a sua carreira profissional em risco.
As mentiras mais comuns nas entrevistas
Acaba por ser uma prática, um tanto ao quanto comum, mentir nas entrevistas de empregos, nos currículos e no mercado de trabalho como um todo. Mas isto acaba quase sempre por ter consequências em função do tipo e do grau da mentira.
Deixamos alguns exemplos:
- Há quem diga, por exemplo, que possui o domínio de alguma língua estrangeira, de um determinado software ou até uma licenciatura/mestrado, tendo apenas poucos (ou até nenhuns) conhecimentos na área. Estranho é que há até casos de fumadores que optam por dizer que não fumam;
- Outra inverdade muito comum é a questão da disponibilidade de horário. Dizer que estamos disponíveis para trabalhar aos fins de semana ou trabalhar por turnos até o pode ajudar a ser contratado, mas ao fim de algum tempo os seus interesses e os da sua entidade patronal entrarão em confronto e será aí que a verdade virá ao de cima;
- É também comum as pessoas tentarem incrementar nos seus currículos experiências profissionais e especificações técnicas que não condizem com a realidade. E, acredite, isto sim, é muito danoso.
Alguns empresas possuem processos de recrutamento bastante rigorosos, passando a contratação de novos colaboradores por um conjunto etapas e pessoas, sendo expectável que se consiga se o que o candidato menciona é verdade. No entanto, mesmo que consiga ultrapassar todas as etapas, caso se prove que mentiu na entrevista de emprego ou no currículo que apresentou, isto poderá levar ao seu despedimento, dado que uma das competências que disse ter, poderá ter sido determinante para a sua contratação.
As mentiras corriqueiras também o prejudicam
Além das especificações técnicas, experiência profissional e disponibilidade de horário, outra mentira relativamente comum nos processos de recrutamento prende-se com a residência do candidato. Em alguns setores é muito comum que a residência dos candidatos, dentro do concelho ou distrito da empresa, possa ser um requisito.
Se vive no Porto e a empresa à qual se candidata é em Guimarães deverá pensar se estará disposto a fazer todos os dias o trajeto Porto > Guimarães > Porto ou até mesmo mudar-se para perto da empresa. Ao fim de algumas semanas o cansaço poderá vir ao de cima.
Outra mentira comum está relacionada com as intenções salariais. Muitas pessoas mudam de emprego na busca por um salário melhor. No entanto, quando questionadas sobre qual o seu salário na antiga empresa, a tendência é mentir – em parte com a intenção de que a nova empresa “acompanhe esse valor”. Embora nas pequenas e médias empresas a coisa possa passar despercebida, nas grandes o cenário poderá ser muito diferente. Isso deve-se ao facto de que, regra geral, os salários nas grandes empresas estão tabelados (podendo ser conhecida a média salarial de cada cargo).
As empresas grandes acabam por monitorizar a sua concorrência de forma a não oferecerem piores condições e assim perderem os melhores recursos humanos. Neste âmbito, a nossa sugestão é que diga sempre a verdade, mesmo que o seu objetivo seja ganhar mais que no emprego anterior.
Por fim, referir que muitas pessoas tendem a mentir (criando até histórias falsas para encobrir o que de facto aconteceu) quando questionados seforam demitidas do anterior emprego. Embora responder a uma questão sobre o motivo pelo qual foi despedido possa ser difícil é sempre melhor estar preparado para ela e lidar com isso de forma natural.
Recorde-se que o seu “histórico” poderá ser verificado (não é assim tão incomum). Mentir neste âmbito poderá colocá-lo de fora de um processo de seleção. O ideal é, se questionado, não se sentir desconfortável em admitir que foi demitido. Lembre-se que é possível dizer as coisas sem entrar em demasiados detalhes.
Devo mentir numa entrevista de emprego?
Não. De maneira alguma. Esta é uma atitude totalmente contraindicada para quem está à procura de emprego. Se acha que as suas competências profissionais não são suficientes, mentir pode ser entendida como uma solução fácil. No entanto, como já referido a verdade acabará por vir ao de cima e o despedimento poderá ser colocado em cima da mesa.
O mais correto e ético é admitir que existem algumas lacunas na sua formação ou percurso, mas que, a sua intenção é precisamente preenchê-las. Desta fora, irá mostrar honestidade, confiança e capacidade de enfrentar situações desconfortáveis perante o recrutador.