O que é a globalização?

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Ato ou efeito de globalizar. Este é o significado da palavra globalização, tema que tem vindo a ser muito debatido nas últimas décadas, embora esteja presente na história há vários séculos. Historicamente, a globalização pode ser entendida como o processo que intensifica as relações entre os países a partir do encurtamento das suas distâncias. Essas relações são essencialmente económicas, todavia, também sociais, culturais e políticas.

Em que consiste a globalização?

Para melhor compreendermos o que é globalização, é preciso antes entender como surgiu. Este fenómeno teve origem no século XV, durante o chamado período mercantilista, em que as nações europeias realizavam longas viagens de navio na procura de novas terras e, claro, riquezas para explorar. Desta forma, surgiram as colónias de exploração, sobretudo na África e na Ásia, bem como os fluxos de força de trabalho e mercadorias entre os países e colónias. Neste contexto, foi inevitável que houvesse também trocas culturais, visto o intercâmbio que se impunha a partir das relações entre diferentes povos.

Foi no século XVIII que a globalização se expandiu, e isso deu-se em razão da Revolução Industrial, que não teria sido possível sem o comércio internacional. As mudanças ficaram mais intensas no fim do século XX, após a Segunda Guerra Mundial, visto a aceleração do processo de globalização económica imposto pelo neoliberalismo. Neste cenário, surgiram novas pontes entre negócios e investimentos de uma nação para a outra, o que promoveu a interação de mercados de diferentes países, inclusive com a instalação de indústrias de um país noutros.

Atualmente, com o rápido avanço da tecnologia, sobretudo nos sistemas de comunicação e informática e o advento da internet, a globalização é cada vez mais intensa, assim como a integração económica e cultural entre os países.

Fases da globalização

Como referido, a globalização é um fenómeno que teve início com as grandes navegações, e ao longo da história passou por diferentes fases. A saber:

  • 1.ª fase (séculos XV – XVIII): Grandes Navegações e Descobertas Marítimas – Revolução Industrial.
  • 2.ª fase (séculos XIII a XX): Revolução Industrial – 2ª Guerra Mundial: expansão do capitalismo.
  • 3.ª fase (final do século XX): 2ª Guerra Mundial – queda do Muro de Berlim, fim da União Soviética e do regime socialista, Guerra Fria.
  • 4.ª fase (século XXI): Nova Ordem Mundial: domínio do capitalismo no mundo.

Principais características da globalização

O maior indício de que a globalização avança a passos largos é o surgimento de empresas transnacionais, isto é, empresas que possuem matriz num país desenvolvido e filiais em países em desenvolvimento ou subdesenvolvidos. Esta configuração permite que essas empresas expandam o seu mercado consumidor, além de se beneficiarem da mão de obra barata, isenção de impostos, entre outros incentivos que são oferecidos pelos governos dos países onde se instalam.

É também característica marcante da globalização a interferência nos aspectos culturais de uma sociedade. Através da televisão e, principalmente, da internet, é possível ter acesso à cultura e aos hábitos de diferentes cantos do planeta. Desta forma, somos impactados por diferentes costumes, podendo ser estes relativos à alimentação, à moda, à música e outras especificidades culturais de um determinado país, e que acabam por ganhar projeção internacional.

Conheça outras características da globalização:

  • Intensificação das relações económicas entre os países;
  • Maior produção e consumo de bens e serviços globais;
  • Disseminação instantânea da informação;
  • Surgimento de empresas multinacionais e transnacionais;
  • Diminuição das barreiras comerciais e surgimento de blocos económicos;
  • Avanço dos meios de comunicação;
  • Avanço da tecnologia;
  • Expansão da economia informal.

Vantagens e desvantagens da globalização

Entre as principais vantagens da globalização está o avanço tecnológico que facilita o fluxo de informação e de capitais – e isto deve-se às inovações nas áreas das telecomunicações e informática. Além deste ponto positivo, existem outros – confira:

  • Livre comércio, o que permite que a população tenha mais opções de produtos no mercado para escolher;
  • Maior abertura comercial, que permite mais liberdade para negociar e consequente diminuição dos preços;
  • Acesso irrestrito a produtos importados;
  • Investimento estrangeiro em países em desenvolvimento;
  • Intercâmbio cultural;
  • Melhora do relacionamento entre países.

Desvantagens da globalização

É importante referir que a globalização é um fenómeno que pode ter pontos desfavoráveis, intensificando problemas que já existiam num sistema capitalista. Entre eles:

  • Competição desleal entre países em desenvolvimento e países desenvolvidos;
  • Concentração de riqueza, visto que maior parte do lucro das empresas transnacionais destina-se aos países desenvolvidos;
  • Aumento do desemprego em decorrência da revolução tecnológica e científica. A automação da produção permitiu que máquinas e robôs “assumissem” postos de trabalho que antes eram reservados aos humanos;
  • Descaracterização de costumes culturais (imperialismo cultural);
  • Exploração de mão de obra barata e de matéria-prima.

O que é globalização económica?

Processo de integração das economias de países do mundo inteiro, a globalização económica envolve a globalização de mercados, tecnologias, produção e de organizações. Exemplo disto é a formação de blocos económicos (como a União Europeia, o Tratado Norte Americano de Livre Comércio, a Mercosul, entre outros), cuja união permite maior poder de negociação, além de intensificar as relações comerciais. Todavia, a globalização económica pode propagar crises financeiras e económicas em dimensões continentais.

O que é globalização cultural?

Como referido, a cultura é um dos aspetos mais impactados pela globalização, e isso deve-se aos avanços nas tecnologias de comunicação, especialmente da internet, que possibilitou a disseminação e a partilha de ideias e comportamentos em tempo real.

Não obstante, esse processo de partilha cultural é desigual, pois é notório que as potências económicas detêm maiores recursos para a produção e divulgação cultural. Essa desigualdade é o que faz com que alguns países, como os Estados Unidos da América, por exemplo, exerçam uma influência cultural gigantesca sobre todos os restantes.

A predominância de filmes, séries e músicas  produzidos pelos gigantes da indústria cultural comprova este desequilíbrio, que acaba por influenciar o modo de consumo de produtos culturais na maioria dos países do mundo. Desta forma, podemos afirmar que a cultura se transformou numa mercadoria padronizada, vazia de conteúdo e idiossincrasias que representem aqueles que a consome.

A globalização e Portugal

De acordo com o Índice de Conectividade Global (GCI, pela sua sigla em inglês) da DHL – uma análise detalhada acerca da globalização, medida através dos fluxos internacionais de comércio, capital, informação e pessoas, Portugal ocupa o 35.° lugar no ranking global.

Entre os países com que Portugal mais se conecta estão a Espanha, a França, a Alemanha, o Brasil, o Reino Unido, a Holanda, o Luxemburgo, os EUA, Angola e Itália. É importante referir que Portugal sofreu uma queda no ranking nos últimos anos, e isto deve-se à retração do investimento estrangeiro europeu e norte-americano e à eventual retirada de algumas atividades desenvolvidas por multinacionais no país.

Por fim, cabe mencionar que o avanço da globalização culminou com a expansão e consolidação do sistema capitalista. Assim, com a maior integração mundial, intensificou-se também o neoliberalismo, que defende a intervenção mínima do Estado sobre a economia, medida que – diriam alguns -, ao longo prazo, pode causar instabilidades e aumentar a desigualdade de renda.

Desta forma, podemos observar que a globalização é um tema controverso – e complexo -, com inúmeros aspectos, vantagens e desvantagens que devem ser constantemente debatidos.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)