Existem vinhos de diferentes colorações: vinho tinto, vinho branco e o vinho rosé. Estes diferentes tons fazem toda a diferença no sabor do vinho, disputando a preferência dos apaixonados pela bebida e levantando intensas discussões sobre qual é o melhor.
Pois bem, deve-se estar a perguntar porque não referimos o Vinho Verde, não é verdade? Caso seja novo no mundo dos vinhos, então precisará de entender melhor sobre esta interessante variação da bebida, proposta deste artigo que preparamos especialmente para si. Boa leitura!
O Vinho Verde é verde?
Antes de mais, é importante referir que o Vinho Verde não é verde. Pode ser branco, tinto, rosé e até espumante. Não obstante, o “verde” no seu nome pode ser explicado, e parecer existem duas versões plausíveis.
A generalidade dos enólogos acredita que essa denominação tem origem na região onde o Vinho Verde foi e continua a ser produzido, anteriormente conhecida por Entre-Douro-e-Minho” e abarcando hoje os distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto e parte de Aveiro, Viseu e Vila Real. Estas terras são famosas pelo seu abundante verde e as suas paisagens. Esta especificidade geográfica é única no mundo, sendo este o motivo do Vinho Verde ser produzido apenas em Portugal.
Já a segunda versão, menos conhecida, alega que o “verde” está, na verdade, associado com as uvas de elevado teor de acidez presentes na região, o que resulta em vinhos que parecem ter sido feitos com frutas colhidas antes da hora, isto é, “uvas verdes”.
Selo de garantia e certificação do Vinho Verde
Não é exagero dizer que o Vinho Verde é património da cultura portuguesa. Como já referido, a sua produção é exclusividade da Região Demarcada dos Vinhos Verdes, área estabelecida no longínquo ano de 1908.
Esta região estende-se por todo o noroeste de Portugal, compreendendo as margens do Rio Minho até ao Rio Douro. Todo o controlo e certificação são realizados pela Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), que insere um selo de garantia em cada garrafa desde 1959.
O Vinho Verde e o fator terroir
O fator terroir abarca diferentes circunstâncias que interferem no cultivo da uva, cujo resultado são frutos especialmente superiores. Estas circunstâncias, nomeadamente, são: aspetos geográficos, climáticos, históricos e culturais concentrados na região destes prodigiosos campos de videira.
Portanto, quando falamos de terroir estamos a mencionar as localidades específicas que produzem vinhos únicos, e este é o caso do Vinho Verde.
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes
A Região Demarcada dos Vinhos Verdes também é conhecida pela alcunha de “os jardins de Portugal”. As paisagens exuberantes e excelentes condições para a produção de vinhos brancos e espumantes são provenientes do clima húmido e dos altos índices pluviométricos.
Além disso, a influência marítima do Oceano Atlântico contribui bastante para que região tenha um clima ameno, ideal para o cultivo de uvas. Não por acaso que, atualmente, a Região Verde de Portugal é considerada como um polo mundial de enoturismo, sendo um dos destinos favoritos dos amantes da bebida.
Características e os tipos de vinhos verde
- Os vinhos verdes são jovens: isto significa que não precisam de ser envelhecidos em pipas ou caves, podendo ser consumidos logo após a sua produção. Entretanto, os vinhos verdes de guarda necessitam de um período mais longo dentro dos barris, pois só assim atingirão o ponto ideal para o consumo. Via de regra, apresentam uma alta acidez e uma frescura marcante.
- Os vinhos verdes possuem várias cores: sim, e até mesmo os vinhos brancos apresentam diversas tonalidades, que oscilam entre o citrino até tons de palha. São intensamente ácidos, o que não prejudica a sua delicadeza e harmonia ao paladar. Os seus aromas são frutados e florais, o que confere uma frescura marcante a cada gole.
- Os vinhos verdes rosados podem variar entre tons levemente rosados a um rosa bem acentuado, cujas notas de frutas vermelhas são inconfundíveis. A sua frescura natural não intimida a potência do sabor, caraterística que surpreende os apreciadores desta bebida.
- Já os verdes tintos possuem acentuada coloração, sendo a sua espuma mais avermelhada ou rosada. As notas de frutos silvestres são nítidas no seu aroma, assim como a acidez marcante e a frescura intensa. Os verdes tintos são considerados altamente gastronómicos, podendo ser utilizados na preparação de refeições e, obviamente, na harmonização de pratos complexos.
- Os espumantes de vinho verde preservam o perfil característico dos vinhos da Região Verde de Portugal, isto é, uma acidez delicada, combinada com uma frescura aromática. Entretanto, possui uma especificidade: a doçura do vinho, resultado da concentração de açúcar residual presente no resultado final do fabrico da bebida.
Como consumir o Vinho Verde?
Aberta a garrafa de Vinho Verde, é importante manter o vinho na temperatura adequada. Para tal, conserve a garrafa num balde com gelo durante o consumo. Quanto ao copo de vinho, indicamos o mesmo do vinho Bordeaux, que apresenta um bojo grande com uma borda mais fechada, ideal para evitar a dispersão de aromas, concentrando-os.
Para o espumante de vinho verde, utilize um copo para espumante/champagne, conhecido como flûte ou taça. Este tipo possibilita apreciar as “borbulhas”, ou perlage, direcionando a efervescência e os aromas para o nariz.
Que pratos combinam com Vinho Verde?
Os vinhos mais ácidos, como o Vinho Verde, costumam ser servidos a temperaturas baixas, pois só assim a acidez será refrescante em vez de marcante. Além disso, a sua notória acidez é capaz de limpar o paladar e abrir um variado leque de oportunidades de harmonização.
Entre as opções para os vinhos ácidos estão os frutos do mar e peixes de água salgada, pratos típicos portugueses, sobretudo das regiões litorais. Entre estes pratos estão a bacalhoada, o risoto de frutos do mar, saladas refrescantes e suflê de salmão. Além disso, os vinhos verdes vão bem com pratos orientais, como sushi, sashimi, ou pratos elaborados com polvo, cujo sabor é acentuado pela acidez da bebida.
Mas se não abre mão das massas, saiba que o Vinho Verde combina com uma clássica espaguete à Carbonara, prato típico da culinária italiana. Pode ser preparado com creme de parmesão, gema de ovo e guanciale (corte de carne de porco retirado da bochecha – guancia – do animal). Uma verdadeira iguaria!
Agora que já conhece o Vinho Verde, que tal explorar este rico universo de sabores e aromas? Comece hoje mesmo a apreciar as mais sofisticadas harmonizações que essa variedade permite. Aproveite e partilhe este artigo com os seus amigos e convide-os para um agradável momento de degustação!