Anestesia raquidiana: o que é, aplicação e cuidados

Anestesia raquidiana

Já ouviu falar em anestesia raquidiana? Se está a pensar em ter um filho, ou já está grávida, mas ainda não decidiu os detalhes do parto, então gostará certamente de ter mais informações sobre este procedimento bastante comum na medicina obstétrica.

Importante referir que, a depender do tipo de parto, a anestesia raquidiana pode ser indicada pelo médico, e é neste momento que as futuras mães se sentem apreensivas por desconhecerem os seus efeitos colaterais mais comuns.

Ficou interessado? Então continue a leitura e saiba mais sobre a anestesia raquidiana, nomeadamente quando pode e deve ser aplicada, reações advindas da sua aplicação, entre outros detalhes que abordaremos adiante.

O que é a anestesia raquidiana?

A anestesia raquidiana, também conhecida como anestesia espinhal ou raquianestesia, é o nome dado à anestesia decorrente da aplicação de um anestésico tópico, de efeito imediato, cuja duração pode ser de até 3 horas. Embora seja mais recomendada no caso de cesarianas, o procedimento pode ser indicado também em partos normais, além de outras cirurgias na região abdominal e extremidades inferiores.

Como é aplicada e quais os efeitos colaterais?

A anestesia raquidiana é aplicada na baixa coluna, mais precisamente entre as vértebras. Via de regra, o procedimento é indolor, pois antes de ser administrado, o profissional de saúde passa um anestésico capaz de amenizar e até mesmo eliminar a sensação de desconforto.

Entre os efeitos colaterais mais frequentes da anestesia raquidiana estão:

  • sensação de falta de ar;
  • dores de cabeça (cefaleia);
  • comichão;
  • náuseas;
  • tremores;
  • arritmia cardíaca;
  • sensação de frio;
  • queda da pressão arterial.

Para evitar que estes sintomas se manifestem, especialmente a cefaleia pós-punção, o médico orienta que a paciente não levante o tronco, e que repouse por um período após a aplicação da anestesia, aproximadamente 12 horas.

Não obstante, caso relate alguma dor, poderão ser indicados analgésicos, além de hidratação e repouso, cuidados essenciais para evitar mal-estar da puérpera. Felizmente, com o advento das agulhas de menor calibre (e consequentemente menos traumáticas), os efeitos colaterais têm sido cada vez menos frequentes, graças ao seu uso.

Complicações da anestesia raquidiana

Geralmente, os efeitos colaterais da anestesia raquidiana costumam ser leves; não obstante, quando há complicações em decorrência da sua aplicação, estas estão quase sempre associadas à condição clínica da gestante (doenças preexistentes, por exemplo).

Nessas situações, a paciente deverá ser amparada pela equipe médica – devidamente preparada para prestar todo auxílio necessário para controlar quaisquer contratempos.

Conheça a eventuais complicações da anestesia raquidiana:

  • Dor nas costas (mais comum com anestesia epidural);
  • Dor de cabeça por punção pós-dural;
  • Náusea, vómito;
  • Hipotensão;
  • Perda auditiva de baixa frequência;
  • Raquianestesia total (complicação mais temida);
  • Lesão neurológica;
  • Hematoma espinhal;
  • Aracnoidite;
  • Síndrome neurológica transitória.

Efeitos pós anestesia raquidiana

Depois do parto, é comum que a mulher note alguns efeitos colaterais, nomeadamente:

  • Irritação de pele;
  • Comichão;
  • Tremores sem sentir frio;
  • Tremores com sensação de muito frio.

Felizmente, esses sintomas não costumam ocorrer juntos e normalmente desaparecem rapidamente. Caso persistam, consulte o seu médico para mais orientações.

A anestesia raquidiana pode deixar sequelas?

Quando aplicada de maneira correta, por profissionais experientes, a anestesia raquidiana não provoca sequelas. Todavia, se aplicada de forma indevida, pode ferir o nervo da coluna e causar dores crónicas na cabeça. Mas, não se preocupe, pois as probabilidades de isso acontecer são praticamente nulas, sobretudo quando a equipa de anestesistas é capacitada e bem treinada para fazer a aplicação

Indicações e contraindicações da anestesia raquidiana

A anestesia raquidiana é uma boa opção para procedimentos curtos. Para procedimentos mais extensos, que comprometam a respiração, a anestesia geral é mais indicada. Ademais, como referido, a raquianestesia é de uso comum para procedimentos cirúrgicos que envolvem o abdómen inferior, pelve, perineal e membros inferiores, além de ser benéfica para procedimentos abaixo do umbigo.

Confira infra outras contraindicações associadas ao procedimento:

  • Pressão intracraniana elevada;
  • Doença neurológica preexistente, como esclerose múltipla;
  • Desidratação grave (hipovolemia), em virtude do risco de hipotensão (pressão baixa);
  • Trombocitopenia ou coagulopatias;
  • Estenose mitral e aórtica grave e obstrução do fluxo ventricular esquerdo.

Qual a diferença entre a anestesia epidural e a raquidiana?

Existem diferenças consideráveis entre a anestesia epidural e a anestesia raquidiana, embora ambas sejam comummente associadas ao parto, seja ele normal ou cesariana. Confira no que os procedimentos se distinguem:

  • O lugar: a anestesia epidural é introduzida no paciente por fora da dura-máter, isto é, na camada mais espessa das que revestem a medula espinhal. Já a anestesia raquidiana é administrada no espaço raquidiano, ou seja, dentro da dura-máter (a mais externa das três meninges que envolvem o cérebro e a medula espinhal). Além disso, ainda no que respeita ao local, a epidural é aplicada numa camada que já está seca; a raquidiana é aplicada num lugar húmido, por isso é preciso esperar que saia um pouco de líquido, pois só assim o anestesista se certificará de que a agulha, de facto, penetrou a dura-máter, onde será aplicada a anestesia.
  • O tempo: a epidural é muito mais lenta, por isso o seu efeito só começa a ser notado aproximadamente 20 minutos depois da aplicação. No entanto, é de efeito longo, por isso é mais indicada para o parto normal. A anestesia raquidiana é muito mais rápida, e leva poucos segundos a fazer efeito. Todavia, a sua duração é limitada, sendo mais indicada em cesarianas.
  • A quantidade: como referido, a camada da dura-máter é mais resistente e espessa, por isso, a anestesia epidural necessita de maior quantidade de anestésico para que o objetivo final seja alcançado; em contrapartida, a quantidade de anestesia raquidiana é bem menor, pois esta é aplicada diretamente na dura-máter, banhando a medula espinhal.
  • Espessura da perfuração: na epidural, a perfuração é mais grossa, por isso deixa-se um cateter no local, o que permitirá que o medicamento seja administrado em doses repetidas, de acordo com a duração do parto. A raquidiana dispensa o uso do cateter, visto que a aplicação é feita dentro do líquido da medula espinhal, necessitando de uma perfuração menor do que a da epidural.

Importante: lembramos o presente artigo é meramente informativo, não substituindo as informações prestadas pelo seu médico. Cuide do seu bem-estar e da sua saúde!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)