Programação neurolinguística: o que é, pilares e aplicações

Programação neurolinguística

A programação neurolinguística, abreviada em PNL, é um termo cada vez mais ouvido e falado no quotidiano, desde áreas de saúde às empresas e aos círculos sociais. É, assim, uma área que tem tido um crescente interesse e popularidade, e que tem também apresentado bons resultados em termos de aplicabilidade prática.

Neste artigo ajudaremos a compreender melhor o que é a programação neurolinguística, quais as suas aplicações e eficácia, em diversos contextos e domínios. Desta forma, ajudaremos também a que possa pôr em prática alguns princípios da PNL.

O que é a programação neurolinguística?

Uma forma de ajudar a compreender o conceito de programação neurolinguística é desconstruir a palavra. “Neuro” remete-nos para a nossa mente, “linguística” refere-se à linguagem que utilizamos e de que forma a utilizamos, e “programação” diz respeito aos modelos persistentes de comportamento que aprendemos e repetimos.

Assim, a programação neurolinguística ou PNL pode ser definida como o estudo da estrutura da experiência subjetiva, ou ainda como a arte e ciência da comunicação. A PNL permite-nos entender como pensamos, como sentimos e como deciframos o nosso dia-a-dia no mundo que nos rodeia. Compreendendo isto, podemos transformar e potenciar a nossa vida, bem-estar e sucesso.

A programação neurolinguística é uma das metodologias mais sofisticadas e eficientes que temos ao nosso dispor atualmente, permitindo-nos ter várias perspetivas, centrando-se na comunicação e na mudança.

No mundo atual, cada vez mais complexo, competitivo e exigente, torna-se fundamental que sejamos capazes de dominar diferentes habilidades e competências pessoais e sociais e que sejamos flexíveis. A programação neurolinguística pode ser um importante auxílio para isso.

A programação neurolinguística foca-se muito na aprendizagem de como pensar e comunicar-se de forma mais eficiente, consigo mesmo e com os outros. Baseia-se na ideia de que vivemos o mundo através dos nossos sentidos, que traduzem em informações sensoriais em processos de raciocínio conscientes e inconscientes.

A linguística refere-se ao modo como utilizamos a linguagem para interpretar o mundo, capturar e conceptualizar essa experiência e comunicar com os outros. Assim, na PNL assumimos que as palavras que utilizamos, quer interna quer externamente, influenciam a forma como nos sentimos e comportamos.

Programação diz respeito à teoria da aprendizagem, direcionando a forma como codificamos ou representamos mentalmente as experiências que vivemos. A nossa programação pessoal baseia-se em processos internos e estratégias (modelos de pensamento) aos quais recorremos para tomar decisões, resolver problemas, aprender, avaliar e obter resultados.

Em suma, a programação neurolinguística pode ajudar-nos a recodificar experiências e organizar o nosso modo interno de pensar e funcionar, para alcançarmos os resultados desejos.

A PNL estuda o modo como o cérebro e a mente funcionam, como os pensamentos são criados, bem como as emoções, sentimentos e comportamentos, para percebermos de que forma podemos direcionar e otimizar esse processo. Por outras palavras, a programação neurolinguística estuda de que forma o ser-humano funciona e como ele pode escolher a maneira como quer funcionar.

Pilares da programação neurolinguística

Os principais pilares da programação neurolinguística são os seguintes:

  • Rapport: diz respeito à capacidade de conseguir construir um relacionamento com os outros e connosco mesmos. Rapport inclui empatia e relacionamento harmonioso;
  • Conhecimento sensorial: refere-se à forma como absorvemos os estímulos à nossa volta e como percebemos diferentes informações do nosso meio. A programação neurolinguística procura ajudar-nos a focar de forma total e plena a nossa atenção no que está a acontecer no momento presente, usando os nossos sentidos;
  • Resultado: indica o foco em soluções em vez de problemas, ou seja, uma abordagem positiva que ajuda a tomar decisões e fazer escolhas eficazes;
  • Flexibilidade comportamental: diz respeito à capacidade de fazermos as coisas de forma diferente, percebendo quando um determinado padrão ou forma de funcionar não está a resultar, e à capacidade de pensar em soluções diferentes.

Vamos ver estes pilares com um exemplo prático:

  1. Imagine que está insatisfeito no seu relacionamento porque sente que a outra pessoa não tem em conta as suas necessidades.
  2. Precisa de rapport para conseguir expressar ao outro o que está a sentir e fazer com que ele ouça e perceba a sua mensagem.
  3. Depois, precisa de usar os seus sentidos, para ouvir com atenção o que a outra pessoa tem a dizer, perceber o que ela está a expressar verbal e não-verbalmente, bem como perceber como controlar os seus sentimentos.
  4. Precisa também de ser claro quanto aos resultados, quanto àquilo que pretende e que quer alcançar – a melhoria da relação, ser ouvido, ter oportunidade de expressar o que sente.
  5. Por fim, pode ter necessidade de flexibilidade no seu comportamento para conseguir chegar a um acordo benéfico com a outra pessoa sobre o que podem mudar na relação.

Princípios da programação neurolinguística

A programação neurolinguística baseia-se nalguns princípios ou pressupostos, que podem ser colocados em prática, e que são os seguintes:

  • Cada pessoa tem uma perceção distinta da realidade;
  • É possível ter diferentes alternativas;
  • As pessoas já possuem todos os recursos que precisam, é necessário é que consigam ativá-los;
  • As pessoas são capazes de encontrar recursos internos para resolver os problemas;
  • Num mesmo comportamento pode haver intenções diferentes negativas, mas haverá sempre pelo menos uma positiva;
  • As pessoas escolhem a melhor alternativa que possuem no momento;
  • Resultados diferentes exigem atitudes diferentes, pelo que se continuarmos a fazer a mesma coisa teremos o mesmo resultado;
  • Estamos sempre a comunicar, mesmo estando em silêncio;
  • Interpretamos a comunicação do outro de uma forma diferente;
  • É possível aprender qualquer coisa, se exposta da maneira correta;
  • Mesmo que os resultados não sejam satisfatórios, eles não são fracassos, mas sim formas de aprendizagem;
  • A forma como vivenciamos o mundo é apenas um modelo de compreensão, que pode ser alterado.

Em que contextos é aplicada a PNL?

A programação neurolinguística pode ser aplicada numa grande variedade de contextos, praticamente todos aqueles em que as pessoas estão envolvidas. Referimos aqui algumas das aplicações mais comuns:

  • No contexto laboral ou profissional, para trabalhar aspetos como, por exemplo, a produtividade e o autocontrolo. Isto porque, entendendo como a mente funciona e de que forma ela influencia o nosso comportamento e as nossas ações, podemos potenciar a nossa capacidade de autocontrolo e a nossa produtividade;
  • Em contextos onde a liderança seja necessária, como o trabalho ou outros contextos grupais, já que a programação neurolinguística ajuda a melhorar os padrões de comunicação e de relacionamento com os outros;
  • Na psicoterapia e no coaching, já que a PNL permitirá ajudar os clientes de uma forma terapêutica, a compreenderem melhor as suas formas de pensar, sentir, agir e comunicar e a transformá-los de uma forma positiva.

O poder das crenças e do pensamento na PNL

A programação neurolinguística baseia-se muito, como vimos, no nosso funcionamento mental, ou seja, naquilo que pensamos e na forma como o traduzimos para palavras. Assim, a PNL parte do princípio de que aquilo que pensamos é extremamente poderoso e influencia diretamente a maneira como nos sentimos e nos comportamos.

Quando acreditamos que não vamos ter um bom resultado ou que algo vai correr mal, isto faz-nos sentir ansiosos e tensos e vai fazer com que estejamos inquietos, pouco concentrados, o que por sua vez vai tornar mais provável que aconteça um resultado negativo. Assim, o desfecho negativo começou por ser produzido pelo nosso pensamento.

A programação neurolinguística (PNL) utiliza assim alguns questionamentos para nos ajudar a desconstruir crenças limitadoras, por exemplo:

  • Tenho a certeza de que o que estou a pensar é verdade?
  • Como é que eu sei que não sou capaz ou não posso fazer isto?
  • De onde obtive essa informação? Quem me disse isso?
  • Isso pode estar errado?

Exemplos de técnicas da PNL e como aplicar

Conseguimos já perceber que a programação neurolinguística é complexa e vasta, pelo que esta faz recurso a muitas técnicas. Para melhor compreendermos a PNL, apresentamos algumas dessas técnicas. Referir também que apesar da complexidade aparente da programação neurolinguística, as suas técnicas são, na realidade, simples e fáceis de serem aplicadas, desde que sejam bem compreendidas.

Formulação de perguntas

Uma técnica importante na programação neurolinguística é o questionamento ou a formulação de perguntas. A chave é em fazer perguntas certas, por exemplo:

  • Porque é que eu quero mudar?
  • O que é que quero mudar?
  • Como será a minha vida quando eu mudar?
  • O que preciso de fazer mais ou menos para mudar?

Estas perguntas levam a uma perspetiva mais concreta e positiva, no sentido daquilo que queremos atingir.

Dissociação

Uma técnica também útil na programação neurolinguística / PNL é a dissociação. Esta técnica ajuda-nos a observarmos “de fora” o que está a acontecer no nosso interior: o que estou a sentir? qual a emoção? Podemos imaginar que estamos a flutuar para fora do nosso corpo e olharmos para nós mesmos, encontrando todas as circunstâncias da perspetiva de um observador.

Ao observarmos de fora, diminuiremos a carga emocional daquilo que estamos a sentir e conseguiremos também obter uma nova perspetiva da situação.

Reformulação do conteúdo

Uma outra técnica útil é a reformulação do conteúdo, que pode ser aplicada quando nos sentimos numa situação negativa ou de desamparo. Usando a técnica, devemos olhar para a situação de uma outra perspetiva. Por exemplo, imaginemos que terminamos um relacionamento, reformular poderá passar por pensarmos em quais os benefícios de estarmos solteiros, o que aprendemos com o relacionamento e o fim dele, etc. No fundo, é reenquadrar o significado desta separação.

Ancoragem

Uma outra técnica da PNL é a ancoragem, que consiste em associar qualquer resposta emocional positiva desejada a uma frase ou sensação específica. Quando escolhemos uma emoção ou pensamento positivo e o conectamos de forma consciente a um simples gesto, podemos acionar essa âncora sempre que nos sentirmos menos bem, mudando a emoção negativa.

Por exemplo, decida o que quer sentir (pode ser calma, confiança, felicidade) e onde deseja colocar essa âncora, pode ser por exemplo colocando a mão no peito ou puxando ligeiramente o lóbulo da orelha. Este toque físico permitirá desencadear a emoção positiva que escolhemos.

Para isso, pense num momento passado em que sentiu essa emoção positiva (por exemplo, confiança), volte a essa memória de forma vívida enquanto faz o gesto que escolheu. Solte o toque ou gesto no momento em que o estado emocional atingir o pico e começar a diminuir. Isto vai criar uma resposta de estímulo neurológico que acionará o estado emocional pretendido sempre que repetirmos o gesto.

Rapport

Uma outra técnica, que já foi brevemente referida acima nos pressupostos da programação neurolinguística, é o rapport. O rapport engloba um conjunto de técnicas simples que nos permitem comunicar melhor e relacionarmo-nos melhor com os outros. Uma destas técnicas é o espelhar a linguagem corporal e não-verbal da outra pessoa.

Ao fazermos isso, o cérebro dispara “neurónios-espelho”, sensores de prazer no nosso cérebro, que fazem com que as pessoas tenham a sensação de gostar de quem as espelha. Por exemplo, se está a conversar com uma pessoa, sorria quando ela sorri, espelhe a sua expressão facial, o seu tom de voz…

Visualização

A visualização é também uma técnica útil da programação neurolinguística. Consiste em visualizarmos mentalmente, com o maior pormenor possível, aquilo que desejamos obter, bem como começarmos a agir de acordo com isso. Por exemplo, imagine que gostaria de obter uma promoção no trabalho.

Comece a visualizar isso a acontecer: o chefe a dar-lhe a notícia, a sua sensação de felicidade, a mudança para o novo gabinete, o valor do seu novo salário na sua conta bancária… Manifestar aquilo que queremos visualizando-o cria uma mentalidade positiva e com maior motivação. Assim, a visualização consiste em criar imagens, que podem ser mentais ou físicas, dos nossos objetivos de forma positiva.

Outras técnicas de visualização podem ser:

  • Criar quadros visuais de objetivos, nos quais coloca fotografias, frases ou representações daquilo que quer obter. Este painel visual deve ser mantido num sítio onde o possa ver com frequência e sempre que precisar;
  • Afirmações positivas – são frases curtas e positivas que pode repetir verbal ou visualmente. Pode fazê-lo, por exemplo, todos os dias de manhã ao olhar-se ao espelho, repetindo a frase escolhida (por exemplo “sinto-me feliz com aquilo que consegui”). A afirmação também pode ser visual, por exemplo escrita no wallpaper do seu telemóvel ou noutros locais onde a possa ver;
  • Meditação – a meditação também é uma boa forma de visualização, pois podemos visualizar os nossos objetivos num momento em que o corpo está relaxado e a mente está mais presente e clara;
  • Diário da gratidão – é um diário onde escrevemos todos os dias coisas pelas quais nos sentimos gratos. É uma boa técnica de visualização pois ajuda-nos a acreditar na nossa capacidade de alcançar objetivos e fortalece uma mentalidade positiva.

Diana Pereira

Amante de histórias, gosta de as ouvir e de as contar. Tornou-se Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde, pela Universidade do Porto, mas trouxe sempre consigo a escrita no percurso. Preocupada com histórias com finais menos felizes, tirou pós-graduação em Intervenção em Crise, Emergência e Catástrofe. Tornou-se também Formadora certificada, e trabalha como Psicóloga Clínica, com o objetivo de ajudar a construir histórias felizes, promovendo a saúde mental. Alimenta-se de projetos, objetivos e metas. No fundo, sonhos com um plano.