As dinâmicas de grupo são exercícios práticos realizados em grupo, que podem ser usadas em diferentes contextos, desde o contexto laboral ao contexto de saúde, e com diferentes objetivos.
Neste artigo explicaremos em maior detalhe em que consistem as dinâmicas de grupo, quais os princípios e regras que as orientam, em que contextos e com que objetivos podem ser aplicadas, e apresentaremos também alguns exemplos práticos.
O que são as dinâmicas de grupo?
A dinâmica de grupo, tal como o nome indica, é um processo dirigido a grupos. Como tal, para percebermos melhor em que consistem as dinâmicas de grupo, precisamos de compreender o que é um grupo.
Um grupo é um conjunto formado por duas ou mais pessoas que têm alguma característica em comum. O grupo pode também ser definido como um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes, que se reúnem em torno de uma tarefa específica, isto é, que têm um objetivo em comum.
Um grupo existe sempre que há um conjunto de pessoas que interagem, que trocam conhecimentos e experiências, que influenciam e são influenciados pelos outros elementos, e onde há conhecimento entre os seus membros, seja ele mais próximo ou mais distante. Desde que nascemos que estamos inseridos em vários grupos diferentes – a família, a turma na escola, o grupo de colegas de trabalho…
Os grupos podem ser entendidos e analisados de acordo com a sua dinâmica, os componentes que o constituem e as forças que determinam os processos do grupo, como por exemplo a motivação, a comunicação, o relacionamento, a liderança ou a inovação.
A dinâmica de grupo acontece quando temos elementos de um grupo a comunicar entre si, a interagir. Assim, dinâmicas de grupo são processos ou atividades que levam o grupo a interagir e a seguir um determinado objetivo, seja ele de comunicação, ou de liderança, de conhecimento entre os membros do grupo, etc.
As dinâmicas de grupo referem-se, assim, a um conjunto de técnicas e métodos que podem ser usados em famílias, equipas de trabalho, salas-de-aula… As dinâmicas procuram aumentar a capacidade de cooperação e comunicação do grupo. Deste modo, as técnicas de dinâmica de grupo exigem que as pessoas trabalhem em conjunto, compondo grupos ou equipas com um objetivo específico e de forma a solucioná-lo da melhor forma possível.
Por fim, podemos também entender as dinâmicas de grupo como qualquer atividade que se desenvolve com um grupo de pessoas que tem como objetivo integrar, aumentar o conhecimento dos membros do grupo, refletir, aprender, promover a aprendizagem, etc.
Como e porque surgiram as dinâmicas de grupo?
As dinâmicas de grupo, desenvolvidas por Kurt Lewin e a sua equipa, surgiram como um método educativo para treinar e promover competências sociais e interpessoais. O principal objetivo era o de levar as pessoas a desenvolver novos comportamentos através da exposição, discussão e decisão em grupo. A partir daqui, foram sendo desenvolvidos diferentes tipos de grupo:
- T-groups: grupos com o objetivo de trabalhar determinadas competências através das interações e dos processos grupais;
- Grupos de encontro: procuravam o desenvolvimento pessoal, desenvolvendo e aperfeiçoando a comunicação e as relações interpessoais;
- Sensitivity training group: grupos de treino com vista também ao desenvolvimento interpessoal;
- Task oriented group: grupos centrados em tarefas específicas;
- Creativity workshops: grupos de criatividade, com atividades grupais artísticas e criativas;
- Grupos de desenvolvimento organizacional: grupos dentro de empresas, tendo como objetivo principal desenvolver competências de liderança;
- Team building: grupos de formação de equipas usados para criar um espírito de união e cooperação promotor de maior produtividade e eficiência;
- Grupos terapêuticos: grupos constituídos com o objetivo de atingir objetivos de tratamento ou terapêuticos, como por exemplo grupos de pessoas que passaram por um determinado trauma ou grupo de pessoas em luto.
Que tipos de dinâmicas de grupo existem?
Existem diferentes tipos de dinâmicas, que se diferenciam pelos diferentes objetivos que perseguem:
- Dinâmicas de grupo de apresentação: são técnicas que facilitam o conhecimento entre os membros do grupo, desinibem-nos e favorecem um clima descontraído e agradável. Permitem que os membros do grupo se apresentem e partilhem informações pessoais de uma forma descontraída. Geralmente, são usadas no início do processo ou das atividades de um grupo;
- Dinâmicas de grupo de integração: estas técnicas promovem um maior conhecimento de si mesmo e facilitam o relacionamento e a integração entre os vários elementos do grupo. Permitem um maior contacto interpessoal entre os elementos do grupo, estimulando-se a troca e partilha;
- Dinâmicas de grupo de aquecimento: consistem em exercícios rápidos que pretendem aquecer, energizar e descontrair o grupo;
- Dinâmicas de grupo de relaxamento: são técnicas usadas para aliviar a tensão, o cansaço ou a dispersão no grupo. Deste modo, estas técnicas promovem um clima agradável entre os membros do grupo e criam um clima favorável para as atividades seguintes;
- Dinâmicas de grupo de comunicação: procuram promover uma comunicação mais eficaz no grupo, desenvolvendo capacidades comunicativas;
- Dinâmicas de grupo de trabalho: são usadas para resolver uma tarefa específica ou um problema;
- Dinâmicas de grupo de avaliação: estas técnicas são aplicadas em momentos de finalização ou conclusão, com o objetivo de avaliar as etapas vivenciadas até então.
Quais os objetivos das dinâmicas de grupo?
Considerando os diferentes tipos de dinâmicas de grupo acima apresentados, conseguimos facilmente perceber que as dinâmicas têm diferentes objetivos, dos quais podemos destacar os seguintes:
- Desenvolvimento individual;
- Gestão de conflitos;
- Compreensão dos processos existentes no grupo e das características do grupo;
- Prever comportamentos grupais;
- Desenvolvimento interpessoal e grupal;
- Facilitação do trabalho de grupo;
- Promoção da criatividade;
- Desinibição;
- Cooperação e colaboração grupal;
- Estabelecer maiores níveis de confiança entre os membros do grupo;
- Criar canais de comunicação eficazes;
- Eliminar barreiras de comunicação;
- Reflexão;
- Competitividade saudável no grupo;
- Fomento da participação coletiva;
- Melhoria da comunicação entre os elementos do grupo.
Qual o papel do facilitador das dinâmicas?
As dinâmicas de grupo podem ser dinamizadas por diferentes profissionais como psicólogos, professores, educadores, profissionais dos recursos humanos, entre outros, dependendo do contexto em que a dinâmica de grupo é aplicada.
A pessoa que conduz a dinâmica de grupo é denominada de facilitador, que é a pessoa que coordena, modera ou dirige a dinâmica de grupo. Este facilitador deve possuir competências para conduzir ou mediar interações, ou seja, deve ter boas competências interpessoais. Isto significa que o facilitador das dinâmicas de grupo deve saber interagir eficazmente com os outros, sabendo ouvir, compreender, interpretar, lidar com pessoas diferentes, gerir conflitos, comunicar de forma clara e objetiva, etc.
É responsabilidade do facilitador proporcionar um clima que favoreça a aprendizagem e que deixe o grupo à vontade o suficiente para emitir opiniões, sentimentos e ideias.
É função do facilitador respeitar o grupo e cada um dos seus elementos e promover um clima adequado para os objetivos que se pretende atingir. O facilitador deve tratar todos os membros do grupo de forma igualitária, utilizando o mais possível as suas competências interpessoais de agregação do grupo, ser sensível e entusiasta usando um vocabulário acessível e adequado de acordo com o grupo.
Em que contextos são aplicadas?
As dinâmicas de grupo podem ser aplicadas em diferentes contextos onde existem grupos e relações interpessoais. As dinâmicas podem ser utilizadas para informar, treinar, resolver problemas, tomar decisões…
Sendo a dinâmica de grupo um instrumento educacional importante, esta é muitas vezes aplicada nos contextos de ensino e aprendizagem, nomeadamente nas escolas. As dinâmicas de grupo podem ser usadas em sala-de-aula, e o professor pode fazer uso das mesmas para diferentes objetivos, desde gerir melhor o comportamento da turma, promover a cooperação entre os alunos, mas também para promover conhecimentos importantes e auxiliar na aprendizagem. É mais provável que os alunos se sintam motivados se se sentirem à vontade com os restantes membros da turma.
As dinâmicas de grupo são uma ferramenta valiosa para a transformação do espaço educacional das crianças ou adolescentes num processo mais significativo e dinâmico. É importante perceber que a dinâmica de grupo não é uma mera brincadeira de crianças, ela pode ser divertida e lúdica, mas tem um objetivo pedagógico concreto.
A dinâmica de grupo pode ser inclusive uma estratégia de ensino muito importante e que cria mais motivação nas crianças. Em grupo, crianças e adolescentes têm oportunidade de partilhar ideias, opiniões, sentimentos e aprender uns com os outros. Nas dinâmicas de grupo podem ser usadas músicas, jogos, dramatizações, histórias, entre outros.
As dinâmicas de grupo também podem ser utilizadas em contexto laboral e hoje em dia são uma prática comum em empresas. O objetivo é promover a cooperação entre trabalhadores e um ambiente de trabalho mais positivo. As dinâmicas podem também ser usadas para o recrutamento e seleção de novos colaboradores, bem como na integração daqueles que são contratados. Isto permite, por exemplo, deixar os novos colaboradores mais confortáveis, mas também ajuda a que conheçam os valores e a cultura da organização.
Um outro contexto em que as dinâmicas de grupo são frequentemente usadas é o contexto terapêutico, em grupos terapêuticos. Estes grupos são constituídos por pessoas que têm uma problemática em comum, sendo a partilha do próprio grupo um importante elemento terapêutico. As dinâmicas são usadas nestes grupos, quer para fazer com que as pessoas se sintam mais à vontade umas com as outras, quer para trabalhar questões do próprio processo terapêutico.
Aspetos tidos em conta nas dinâmicas de grupo
Para a aplicação de uma dinâmica de grupo, é fundamental ter em conta vários aspetos que irão determinar a forma como a dinâmica de grupo deve ser aplicada:
- Número de elementos do grupo, já que determinadas dinâmicas de grupo funcionam para grupos pequenos, mas não para grupos grandes, por exemplo;
- O tempo disponível para a realização da dinâmica de grupo, devendo ser determinado aproximadamente o início, meio e fim;
- Os objetivos que se pretende que sejam alcançados pela dinâmica de grupo e como podem esses objetivos ser avaliados;
- Material necessário para o desenvolvimento da dinâmica de grupo, que pode ser material como vídeo, som, papel, cola, canetas, cadeiras, mesas, etc.;
- O local onde será aplicado a dinâmica de grupo, verificando-se se estão reunidas todas as condições necessárias para a dinâmica em questão.
Exemplos práticos de dinâmicas de grupo
Dinâmica de grupo de apresentação
Solicitar aos participantes que formem um círculo. O facilitador dá uma bola a um dos participantes e indica que a pessoa deve dizer o seu nome, profissão, expectativas para o grupo e, em seguida, deve passar a bola para outra pessoa do grupo, e assim sucessivamente até todos se apresentarem.
Dinâmica de criatividade e comunicação
O facilitador solicita que os participantes formem duplas e fiquem frente à frente, em pé. A dinâmica dá-se da seguinte forma: um integrante da dupla fecha as mãos. O outro deve, sem nenhum toque físico, persuadir o colega a abrir as mãos.
Pode ser dito o que quiser, qualquer argumentação é válida. Cabe à pessoa que está com as mãos fechadas decidir quando e se deve abri-las. Trata-se de um diálogo não monólogo, assim sendo o facilitador deve deixar claro que ambos, na dupla, devem interagir.
O tempo sugerido para este momento é de 2 minutos, porém ficará a critério do facilitador. Se alguma dupla cumprir o objetivo de abrir as mãos antes deste prazo aguardar as demais duplas.
Dinâmica de cooperação
Devem ser recortados pedaços de cartolina de tamanho aproximadamente 10x5cm, de cores diferentes. Em cada pedaço deve ser escrita uma frase significativa e importante, pode ser uma parte de uma música, uma citação, etc. Depois, cada pedaço é cortado ao lado, de modo que a frase fique dividida.
A dinâmica inicia-se com a distribuição das duas metades, de forma que todos os elementos do grupo recebam um pedaço. Depois, deve ser estabelecido um tempo para que as pessoas procurem as suas metades. À medida que as duplas se forem encontrando, devem sair e conversar sobre a sua frase. Após 10 minutos, o facilitador solicita que algumas duplas falem sobre a sua frase e sobre a experiência.