Comunismo: o que é, características e origens

comunismo

Ideologia política e socioeconómica que defende a eliminação da propriedade privada e o fim da luta de classes, o comunismo visa também à construção de um regime político e económico que possibilite a justiça social e a igualdade entre todos.

Desta forma, de acordo com a teoria comunista, será possível alcançar paz e segurança constante a partir da produção voltada para a necessidade das pessoas, não mais de acordo com o mercado, como acontece no capitalismo. A ideia principal é formar uma sociedade apátrida, isto é, uma sociedade livre da regência de um Estado.

Pode-se afirmar, portanto, que o comunismo é a antítese do capitalismo, visto que a ideologia comunista considera que o conceito de propriedade privada do capital é abusivo, servindo apenas a uma minoria.

Características do comunismo

Do ponto de vista histórico, o comunismo é considerado como o auge da evolução humana, pois de acordo com a ideologia a sociedade organiza-se de forma a abolir as desigualdades. Para o comunismo, as desigualdades são o cerne de todos os problemas sociais, como a miséria e a violência, por exemplo.

O comunismo, conforme a teoria marxista, é a etapa final da implantação do sistema socialista, sendo, portanto, a evolução deste último – colocado em prática a partir do momento em que o Estado se extinguisse.

Para alcançar este estágio final, seria necessário desafiar as elites dominantes – por isso a teoria comunista defende a luta de classes. Atingida essa meta, surgiria uma sociedade igualitária, em que todas as riquezas seriam divididas com aqueles que colaboraram com a sua força de trabalho. Assim, os meios de produção seriam públicos, como fábricas, propriedades agrícolas, minas e outros, visto que não haveria Estado, mas sim um “estado natural”, numa sociedade sem classes sociais. A sociedade ficaria livre da alienação do trabalho, o que favoreceria todos de forma igual.

Origens do comunismo

Os filósofos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) são apontados como os precursores das formulações teóricas e doutrinárias do comunismo. Todavia, as conceções e ideais comunistas foram concebidos na Antiguidade clássica, sofrendo inúmeras alterações ao longo dos séculos.

Foi o filósofo grego Platão (428 ou 427 a.C.) o primeiro a conceber, no seu livro “A República”, um modelo ideal de sociedade a partir da abolição da propriedade privada e da família. Todavia, os ideais comunistas platónicos não interferem nas diferenças sociais que coexistiam nas cidades-estados gregas.

Entre os séculos XXII e XV surgiram ideais comunistas originados de pressupostos religiosos do cristianismo primitivo. Alguns dissidentes da Igreja Católica repudiavam a propriedade privada, exaltavam a pobreza bem como a necessidade de uma vida comunitária, em que todos deveriam conviver igualitariamente e trabalhar.

No século XVI, com a ascensão da burguesia mercantil, surgiram críticas direcionadas aos valores medievais, mas foi apenas no século XVIII que a teoria crítica à propriedade privada ganhou corpo graças a pensadores como Jean Jacques Rousseau (1712-1778). Todavia, foram Karl Marx e Friedrich Engels, fundadores do “socialismo científico”, os responsáveis pelas configurações modernas do comunismo.

O que significa ser comunista?

Os comunistas, assim como os anarquistas, situam-se, dentro do chamado espetro político ideológico, na extrema-esquerda, isto é, mais à esquerda do que os partidos socialistas e comunistas tradicionais. Essa esquerda revolucionária agrega grupos que rejeitam a maioria dos partidos comunistas atuais, por considerarem que estes afastaram-se do comunismo pensado por Marx. A principal marca desses grupos é o socialismo anticapitalista, a defesa do multiculturalismo, do feminismo, do populismo, do anti-imperialismo, entre outras características.

As obras de Marx e Engels, entre as principais “O Capital” e “O Manifesto do Partido Comunista”, influenciaram a criação de partidos comunistas em todo o mundo, sofrendo, contudo, algumas adaptações e possibilitando experiências socialistas em países como a Rússia (Leninismo) e China (Maoísmo). Não obstante, não é possível (embora tenham adotado uma orientação marxista) afirmar que estes países alcançaram a etapa final do socialismo, nomeadamente, a fase comunista.

Conheça alguns dos países que assumiram uma orientação comunista:

  • Rússia/União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (extinta URSS);
  • Alemanha Oriental (hoje unificada);
  • China;
  • Cuba;
  • Vietnam;
  • Coreia do Norte.

O manifesto comunista

O Manifesto Comunista, obra publicada pela primeira vez a 21 de fevereiro de 1948, é, reconhecidamente, um dos tratados políticos com maior influência no mundo, cujas ideias até hoje reverberam nos diferentes cantos do globo. Foi elaborado por Karl Marx e Friedrich Engels – pensadores que ganharam a alcunha de “pais do Socialismo Científico” – e nele são encontrados o programa, os propósitos e objetivos da Liga dos Comunistas (primeira organização internacional marxista).

Escrito num momento de luta – as Revoluções de 1848, também conhecida como Primavera dos Povos – O Manifesto contempla uma análise histórica de todas as formas de opressão social, colocando a burguesia como a classe opressora neste contexto (embora reconheçam a importância da burguesia para o processo de destruição da monarquia e da igreja). Além disso, a obra tece uma dura crítica ao capitalismo e à forma como a sociedade foi estruturada de acordo com os seus ideais. O seu principal objetivo foi o de criar as bases para a organização da revolução proletária visando ao estabelecimento de uma sociedade igualitária.

De forma resumida, podemos afirmar que o Manifesto Comunista apoia um governo socialista – de carácter transitório – que procura:

  • criação de um corpo de funcionalismo público dedicado à agricultura;
  • integração completa entre os universos do campo e da cidade;
  • educação infantil universal nas escolas públicas;
  • proibição do trabalho infantil;
  • integração dos mundos fabril e escolar;
  • abolição da propriedade de terra e o “rentismo” (condição de quem vive de rendas ou rendimentos) envolvido na mesma;
  • tributação progressiva;
  • nacionalização total de todas as empresas de meios de transporte e de comunicação;
  • nacionalização total e planeada dos meios de produção, da agricultura e das fábricas;
  • apoio à igualdade entre todas as formas de trabalho;
  • abolição de direitos sobre heranças;
  • apreensão de todas as propriedades de rebeldes e foragidos;
  • centralização do crédito nas mãos do Estado, principalmente como apoio às cooperativas de microcrédito.

Quais os símbolos do comunismo?

O principal símbolo do comunismo é a foice e o martelo, representados em amarelo sobre um fundo vermelho – cor que representa o sangue do martírio da classe operária (por esse motivo, muitas vezes os comunistas são chamados de “vermelhos”). A foice faz uma alusão aos trabalhadores do campo; já o martelo está associado aos trabalhadores urbanos. A estrela vermelha de cinco pontas também é considerada um símbolo do comunismo.

Entre os países que adotaram os símbolos comunistas em suas bandeiras estão a extinta União Soviética, o Vietnam, a República Popular da China, Angola e Moçambique. Por fim, a foice e o martelo tornaram-se a simbologia universal do comunismo.

Diferença entre comunismo e socialismo

Comunismo e socialismo não são sinónimos, visto que as duas correntes de pensamento se diferem em vários aspetos. Como referido, para a teoria marxista, o socialismo nada mais é do que uma etapa para se chegar ao objetivo final, isto é, o comunismo. Entenda as principais diferenças:

  • Numa sociedade socialista, o Estado e o governo são mantidos no controlo das relações e dos meios de produção. Contudo, contrariando o capitalismo, o socialismo seria conduzido diretamente pelos trabalhadores. Ademais, a produção e a distribuição dos bens seriam realizadas por esse governo popular, dentro de um sistema organizado de cooperação e igualdade.
  • Uma sociedade comunista representa a evolução do socialismo, momento em que seria conquistada a igualdade absoluta entre os cidadãos. Nesse estágio, o Estado seria extinto, bem como todas as formas de opressão. Neste cenário, a sociedade poderia encontrar formas de se autorregulamentar, de forma que os trabalhadores fossem proprietários dos bens de produção, ou seja, proprietários do próprio trabalho.

Podemos finalizar afirmando que, independentemente dos alinhamentos políticos de cada um, o comunismo é, inegavelmente, muito importante para a história da humanidade, pois foi a partir das ideias de Marx e Engels que muitos movimentos sociais importantes emergiram no século XX.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)