Narcolepsia: o que é, sintomas, causas e tratamento

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Já alguma vez ouviu falar na incapacidade de conter a vontade repentina e incontrolável de adormecer em qualquer lado e a qualquer hora? Trata-se de um distúrbio do sono indesejado chamado narcolepsia, que apenas algumas pessoas experienciam.

Neste artigo iremos responder às suas questões associadas a este problema ainda desconhecido por muitos, mas que pode afetar qualquer um.

O que é a narcolepsia?

Trata-se de uma doença neurológica caracterizada por episódios de hipersonolência diurna. Este problema é marcado pela falta de controlo do sono, sendo que o doente pode experienciar frequentemente episódios repentinos e repetitivos de adormecimento durante o dia, em qualquer lugar e a qualquer hora. 

Apesar de a narcolepsia não ser perigosa e não apresentar consequências graves para a saúde, a verdade é que esta permite aumentar sintomas como receio e ansiedade, o que pode levar a mal-estar e possíveis acidentes. Portanto, é possível dizer que o impacto da narcolepsia na qualidade de vida das pessoas é bastante significativo.

Quais os sintomas associados à narcolepsia?

A narcolepsia possui alguns sintomas característicos que, quando analisados devidamente, podem ajudar a chegar a um diagnóstico correto:

1. Sonolência diurna excessiva

Os pacientes que sofrem de narcolepsia apresentam episódios de sono em qualquer momento, sendo muito difícil para eles evitar cair na tentação de adormecer.

O que torna este distúrbio perigoso é o facto de se poder manifestar durante qualquer tipo de atividade e a qualquer momento do dia, o que pode frequentemente gerar inconveniências, ou pior, acidentes. Normalmente, as crises de sono ocorrem em situações mais monótonas, como em conversas pouco interessantes ou durante uma longa viagem de carro.

2. Cataplexia

A cataplexia consiste numa breve e repentina perda do controlo dos músculos do corpo, que se apresentam fracos, podendo mesmo ficar paralisados durante um determinado período de tempo. Em certos casos, a pessoa afetada perde a força, deixando cair objetos ou caindo ela própria como se estivesse a desmaiar.

No entanto, tudo isto acontece enquanto a pessoa continua acordada e consciente. Em alguns casos, a pessoa pode acabar por adormecer depois de um episódio de cataplexia.

3. Paralisia do sono

A paralisia do sono consiste em episódios nos quais a pessoa acorda a meio do sono sem conseguir mexer o seu corpo. Ocorre devido a uma desassociação entre o corpo e a mente e pode gerar sentimentos de aflição, medo e ansiedade. Durante a paralisia do sono, a pessoa pode ainda sofrer alucinações e falta de ar durante um certo período de tempo.

De modo geral, apenas 10% das pessoas que sofrem de narcolepsia apresentam todos os sintomas mencionados, sendo que a grande maioria manifesta apenas alguns.

Quais as causas da narcolepsia?

Se se estiver a perguntar como é que este distúrbio pode surgir, existem algumas explicações que podem ser úteis à sua compreensão.

A narcolepsia surge devido a um défice do neurotransmissor chamado orexina, presente no hipotálamo, que leva a uma sonolência extrema. Verifica-se uma predisposição genética para o surgimento deste distúrbio, no entanto, já se notou a presença de certas anomalias em algumas zonas do cérebro das pessoas que sofrem de narcolepsia, o que pode ajudar ao seu desenvolvimento.

Além disso, outras causas que podem contribuir para o surgimento da narcolepsia são os traumatismos cranianos, a esclerose múltipla, doença de Parkinson e sarcoidose.

Como é realizado o diagnóstico da narcolepsia?

Em primeiro lugar, é importante compreender que, mesmo que experiencie os sintomas mencionados, tal não significa necessariamente que sofre de narcolepsia.

Os episódios de cataplexia, alucinações e paralisia do sono acontecem frequentemente, tanto em crianças, como em adultos que não sofrem de qualquer outra perturbação do sono. Por esta razão, acontece que muitos doentes são diagnosticados muito tarde e por vezes de forma errada, sendo-lhes atribuídos rótulos de outros problemas, como doenças psiquiátricas ou neurológicas.

Para tirar algumas dúvidas e de forma a chegar a uma conclusão clara, é possível que o médico sugira um estudo do sono do paciente realizado em laboratório, no qual se irá proceder ao registo da atividade do cérebro através de um eletroencefalograma. Além disso, o paciente poderá ainda ser recomendado a monitorizar o seu próprio sono através de um diário durante cerca de 1 semana.

A narcolepsia pode afetar todas as pessoas?

Sim. Estima-se que em cada 10 mil europeus, 3 a 5 sofram de narcolepsia, sendo o seu surgimento mais comum em adultos entre os 20 e 40 anos. Normalmente, os episódios deste distúrbio ocorrem de forma precoce, atingindo tanto crianças como adolescentes, sendo que depois tendem a prolongar-se durante toda a vida.

Qual a duração dos episódios de narcolepsia?

A pessoa que experiencia episódios de narcolepsia desperta deste sono tal como faria num sono normal. A pessoa pode sentir-se bem ao acordar e voltar a adormecer poucos minutos depois. As crises de narcolepsia podem acontecer uma ou várias vezes por dia e, regra geral não tem uma duração muito longa, podendo durar uma hora ou menos.

A narcolepsia tem cura?

Não existe cura para a narcolepsia. Não obstante. existem hábitos diários que podem ajudar a evitar os episódios deste distúrbio, entre os quais:

  • Deitar e acordar todos os dias à mesma hora;
  • Manter o quarto escuro e criar um ambiente relaxante e confortável no mesmo;
  • Evitar cafeína, álcool e grandes e pesadas refeições antes de adormecer;
  • Não fumar;
  • Relaxar antes de adormecer, evitando dispositivos eletrónicos;
  • Praticar exercício físico de forma regular;
  • Fazer pequenas sestas ao longo do dia;

Por vezes, são prescritos medicamentos estimulantes como a efedrina, anfetaminas, dextroanfetamina e metilfenidato para o alívio dos episódios de narcolepsia. É importante realçar que todos estes fármacos devem ser submetidos a um controlo médico rigoroso, portanto não ingira nenhum deles sem a devida recomendação e acompanhamento.

A narcolepsia não é necessariamente um distúrbio perigoso, mas pode causar situações inconvenientes e que podem inclusive colocar a sua vida em risco. Se achar que está a sofrer episódios de narcolepsia, sugerimos contactar um profissional, de modo a iniciar o tratamento o mais rápido possível. Esperamos que este artigo tenha ajudado.

Catarina Fonseca

Desde cedo uma curiosa nata, decidiu seguir Ciências da Comunicação para desenvolver a sua paixão pelo jornalismo e pela escrita. Agora formada, gosta de se aventurar pelo mundo, conhecer novas pessoas e culturas, e leva sempre um caderno e câmara fotográfica às costas para eternizar as suas experiências.