Diabetes gestacional: sintomas, prevenção e tratamento

diabetes gestacional

Sabia que, durante a gravidez, a produção hormonal da mulher adapta-se para permitir o desenvolvimento do bebé? Isso mesmo, e essa produção dá-se principalmente na placenta, que fabrica hormonas que reduzem a ação da insulina, responsável pela captação e utilização da glicose pelo corpo.

Para compensar essa redução, o pâncreas aumenta a produção de insulina, todavia, em algumas mulheres, este processo acaba por não acontecer, levando-as a desenvolver a diabetes gestacional.

A diabetes gestacional caracteriza-se pelo aumento de glicose no sangue. As consequências desse aumento podem ser graves para o bebé, que infelizmente é exposto a quantidades excessivas de glicose ainda dentro do útero materno, aumentando assim o risco de vir a desenvolver macrossomia fetal, hipoglicemia neonatal e até mesmo obesidade e diabetes na vida adulta.

Esta condição é frequente, e tem aumentado de forma bastante significativa nos últimos anos. Dados de 2018 revelam que, em Portugal, a prevalência da diabetes gestacional foi de 8,8% da população parturiente do Serviço Nacional de Saúde (SNS), sobretudo entre mulheres com idade superior a 40 anos. Por isso, é fundamental cuidar da saúde da gestante para que não sofra com esta doença.

Caso se interesse por este assunto, esteja grávida ou se conhece alguma mulher que sofra desta condição, recomendamos que continue a leitura deste artigo. Nele encontrará informações importantes, entre elas, em que consiste a diabetes gestacional, os seus sintomas, os fatores de risco, o diagnóstico e outros pormenores úteis.

O que é a diabetes gestacional?

A diabetes gestacional é caracterizada pela elevação da glicose (açúcar) no sangue durante a gravidez, e normalmente desaparece depois do parto. A condição pode ocorrer em qualquer fase da gravidez, não obstante, é mais comum durante a segunda metade, mais precisamente, a partir da 24.ª semana de gestação.

É provocada em decorrência do aumento da produção hormonal pela placenta, o que dificulta a ação da insulina. Assim, o organismo da mulher não consegue aumentar a produção de insulina de modo a manter a glicose em valores considerados normais para a gravidez.

O tratamento da diabetes gestacional deve ser iniciado durante a gestação, com o devido acompanhamento médico, para que se evite a evolução para a diabetes mellitus tipo 2. Além disso, estes cuidados são indispensáveis para que a mulher não venha a sofrer novamente do mesmo problema numa próxima gravidez.

Quais os sintomas da diabetes gestacional?

Uma boa parte das mulheres não sentem quaisquer sintomas desta condição, todavia, em alguns casos, esta poderá manifestar-se através do:

  • Aumento do apetite;
  • Aumento do peso corporal;
  • Maior frequência urinária;
  • Muita sede;
  • Infeções do trato urinário frequentes;
  • Visão turva.

Não obstante, é importante referir que todos os sintomas previamente relatados são comuns a quase todas as mulheres durante a gestação, por isso é fundamental que se faça o exame da glicose, pelo menos três vezes durante a gravidez. Apenas este exame poderá confirmar a suspeita da diabetes gestacional.

Neste âmbito, referir que qualquer dosagem aleatória de glicemia maior que 200 mg/dl já é diagnóstico de diabetes. A tabela infra poderá ser usada como referência:

EstadoValores referência
Em jejumAbaixo de 92mg/dl
1 hora após a refeiçãoAbaixo de 180mg/dl
2 horas após a refeiçãoAbaixo de 153 mg/dl

Além da curva glicêmica, existe também o Exame de Glicemia em Jejum, capaz de medir o nível de açúcar no sangue no momento em que é realizado, servindo assim para a monitorização do tratamento da diabetes gestacional. Relativamente a este exame, a tabela infra pode ser usada como referência:

ValoresDescrição
Entre 65 mg/dL e 92 mg/dLValores dentro do normal
Entre 92 mg/dL e 100 mg/dLValores considerados anormais próximos ao limite e devem ser repetidos em uma outra ocasião
Acima de 100 mg/dLTratam-se de valores bastante suspeitos de diabetes, mas também devendo ser repetido em uma outra ocasião.

A glicemia em jejum confirma os resultados da curva glicêmica, sendo realizado durante o dia ou após as refeições para o acompanhamento dos níveis de glicose no sangue.

Fatores de risco da diabetes gestacional

Nenhuma mulher está imune a diabetes gestacional, entretanto, algumas gestantes estão mais propensas a desenvolvê-la. A saber:

  • Mulheres que possuem histórico familiar de diabetes;
  • Diabetes gestacional numa gravidez anterior;
  • Idade superior a 25 anos;
  • Bebés de gestações anteriores que nasceram com peso superior a 4 kg;
  • Gestações anteriores com bebé nado-morto sem causa explicável;
  • Aumento do líquido amniótico;
  • Tolerância à glicose diminuída ou glicemia de jejum alterada;
  • Excesso de peso antes da gravidez;
  • Ganho excessivo de peso durante a gravidez;
  • Mulheres negras, hispânicas, asiáticas e indígenas.

Quais os riscos da diabetes gestacional?

Como qualquer condição, a diabetes gestacional acarreta um conjunto de riscos não apenas para a mãe, mas também para o bebé.

Riscos para a grávida:

  • Rompimento prematuro da bolsa amniótica;
  • Parto prematuro;
  • Feto que não vira de cabeça para baixo antes do parto;
  • Elevação súbita da pressão (pré-eclâmpsia);
  • Laceração do períneo durante o parto normal, provocada pelo tamanho do bebé.

Riscos para o bebé:

  • Dificuldade para respirar ao nascer (síndrome da angústia respiratória);
  • Bebê demasiado grande para a idade gestacional, fator que aumenta o risco de obesidade na infância ou adolescência;
  • Doenças cardíacas;
  • Icterícia no bebé recém-nascido;
  • Hipoglicemia após o nascimento.

Todavia, é importante referir que os riscos acima descritos podem ser minimizados caso a mulher siga o tratamento de diabetes gestacional corretamente.

Como prevenir a diabetes gestacional?

Há casos em que não é possível evitar a diabetes gestacional, visto que a condição está associada a alterações hormonais típicas da gravidez. Não obstante, é possível diminuir o risco de desenvolvimento de diabetes gestacional adotando alguns cuidados, nomeadamente:

  • Não estar acima do peso antes de engravidar;
  • Realizar adequadamente o pré-natal;
  • Não ganhar muito peso durante a gestação;
  • Alimentar-se de forma saudável;
  • Praticar atividade física de nível moderado.

A diabetes gestacional tem tratamento?

Sim. Caso desenvolva diabetes gestacional, o médico indicará tratamentos eficientes para evitar maiores consequências sobre a sua saúde e sobre a saúde do seu bebé. A saber:

  1. Monitoramento do açúcar no sangue: o açúcar no sangue deverá ser monitorado de quatro a cinco vezes por dia, de manhã em jejum e após as refeições, por meio de um aparelho chamado glicosímetro ou medidor de glicose.
  2. Dieta: certamente o médico indicará uma dieta que colabore para o controlo do açúcar no sangue, bem como para evitar o ganho excessivo de peso corporal. Uma dieta balanceada é aquela que contempla frutas, legumes, grãos integrais e limita hidratos de carbono altamente refinados.
  3. Exercício físico: a atividade física regular estimula o corpo a mover a glicose para as células, onde é utilizada para produzir energia. Além disso, aumenta a sensibilidade das células à insulina, ou seja, o seu corpo vai precisar de produzir menos insulina para transportar açúcar.
  4. Medicamentos: se dieta e exercício físico não forem suficientes para o controlo da diabetes gestacional, o médico poderá indicar a aplicação de injeções de insulina para diminuir os níveis de açúcar no sangue. Há também medicamentos que podem ser ingeridos por via oral.
  5. Monitorização cuidadosa do bebé: o seu bebé precisa de ser constantemente observado por meio de ultrassons e outros testes, pois apenas assim será possível afirmar se está ou não a sofrer com as consequências da diabetes gestacional.

Lembre-se: é possível controlar a diabetes gestacional e assim evitar surpresas desagradáveis. Se está a sofrer desta condição, siga à risca as orientações médicas e faça a sua parte. Mude os seus hábitos alimentares, pratique atividade física regular e apenas faça uso dos fármacos devidamente prescritos pelo seu médico de família. Cuide-se!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)