Sabia que se estima que atualmente existam cerca de 463 milhões de adultos com diabetes em todo o mundo? Este número impressionante revela ainda outro dado assustador: quase metade dessas pessoas ainda não foi diagnosticada, algo manifestamente preocupante.
É do conhecimento geral que o diagnóstico tardio de uma doença é um fator que compromete seriamente a saúde do paciente; na diabetes não é exceção; além disso, esta condição é uma causa de mortalidade que poderia facilmente ser revertida caso a doença fosse devidamente acompanhada e controlada com a ajuda de um médico especialista.
Infelizmente, a diabetes é uma doença “traiçoeira”, pois, na maioria dos casos, os sintomas não se manifestam logo no início, por este motivo, a diabetes é muitas vezes apelidada de “doença silenciosa”.
Neste âmbito nada como a informação para evitar surpresas desagradáveis. Por esse motivo, redigimos o presente artigo em que abordamos a diabetes, procurando dar resposta a algumas das perguntas mais frequentes sobre esta doença, nomeadamente quais os seus tipos, as suas principais causas e como tratar uma das síndromes metabólicas mais comuns da atualidade. Boa leitura!
O que é a diabetes?
Diabetes mellitus, ou simplesmente diabetes, trata-se de uma síndrome metabólica na qual o corpo não produz suficientemente a insulina – hormona que controla o nível de glicose no sangue – ou não a consegue utilizar adequadamente. Quando o indivíduo tem diabetes, o pâncreas não produz a insulina necessária para exercer suas funções adequadamente, causando um aumento no nível de glicose no sangue (hiperglicemia).
A glicose é um hidrato de carbono que atua como uma espécie de combustível para o corpo. Num indivíduo saudável, isto é, que apresenta uma quantidade normal da substância, esta percorre toda a corrente sanguínea para depois penetrar no interior das células. Todavia, as pessoas com diabetes têm níveis de glicose aumentados em virtude da dificuldade de produção de insulina pelo pâncreas, visto que esta hormona é fundamental no controlo da quantidade da glicose.
Incidência da diabetes em Portugal
Segundo dados do Serviço Nacional de Saúde (SNS), em Portugal estima-se que a doença afeta cerca de 13% da população entre os 20 e os 79 anos. Destes, pelo menos, 40% desconhecem ter a doença.
A incidência da diabetes tem aumentando progressivamente: atualmente, são registados de 60 a 70 mil novos casos todos os anos, sendo a maioria dos pacientes portadores do tipo 2, condição que leva a uma resistência à insulina, hormona responsável pela redução da glicemia.
Todos os dias, mais de 200 pessoas são diagnosticadas com diabetes e 12 infelizmente são vitimadas por esta condição. Por aqui, a doença já representa cerca de 10% dos custos de saúde, o que nos mostra que é urgente investir na prevenção e apoio às pessoas diabéticas.
Quais os tipos de diabetes?
Além da fase inicial designada por pré-diabetes, existem três tipos principais desta doença. A diabetes tipo 2 é o mais comum, estimando-se que corresponda a quase 90% dos quadros clínicos. Conheça agora as especificidades de cada uma das formas da doença:
Diabetes tipo 1 (DM1)
É quando o pâncreas perde a capacidade de produzir a insulina devido a um problema no sistema imunitário. O nível de glicose no sangue torna-se bastante elevado, causando hiperglicemia, situação caracterizada pelo aumento da quantidade de açúcar circulante no sangue.
A diabetes tipo 1, também chamada de diabetes insulinodependente, exige o uso de insulina injetável para suprir a necessidade dessa hormona. Afeta cerca de 10% dos casos de pacientes com a doença.
Diabetes tipo 2 (DM2)
É o tipo de diabetes mais comum, cuja incidência representa 90% dos casos. É uma consequência multifatorial, ou seja, é uma combinação da produção insuficiente de insulina e da alta resistência do organismo a esta hormona. Neste tipo de diabetes, ou o pâncreas produz insulina em quantidades inadequadas ou o organismo não utiliza essa hormona da maneira correta.
A diabetes tipo 2 é mais comum em pessoas acima dos 45 anos de idade, sobretudo naquelas que têm um estilo de vida sedentário, apresentam excesso de peso corporal ou obesidade. Não obstante, algumas pesquisas recentes têm demonstrado que este tipo de diabetes pode também afetar pessoas mais jovens, incluindo crianças e adolescentes.
Diabetes gestacional
Neste tipo de diabetes ocorre um aumento da resistência à ação da insulina durante a gestação, levando ao aumento nos níveis de glicose no sangue. As suas causas estão ligadas a mudanças hormonais no organismo da mulher, e o seu controlo é feito, na maioria das vezes, através de orientação nutricional. Quando não tratada adequadamente, pode persistir após o parto.
Existem ainda outros tipos de diabetes:
- Diabetes por defeitos genéticos;
- Diabetes autoimune;
- Diabetes induzido por medicamentos (corticoides, diuréticos, contracetivos, entre outros).
Quais os sintomas de diabetes?
Geralmente a diabetes tipo 2 apresenta uma fase inicial chamada de pré-diabetes. Consiste numa alteração no metabolismo que antecede a diabetes propriamente dita, sendo considerada uma espécie de “alerta” de forma a evitar a evolução da doença.
Nesta fase, caso o indivíduo apresente um ganho de peso corporal e possua um histórico de casos da doença na família, é recomendado procurar ajuda médica para aferir como está o nível de glicose (açúcar) no sangue.
Conheça os principais sintomas da diabetes tipo 2:
- Formigueiro nos pés;
- Sede excessiva;
- Vontade excessiva em urinar;
- Visão embaçada;
- Cicatrização de feridas demorada.
Em indivíduos já diagnósticos com diabetes tipo 1 os sintomas incluem:
- Sede excessiva;
- Vontade excessiva de urinar;
- Nervosismo;
- Fadiga;
- Vómitos e náuseas.
Grávidas portadoras de diabetes gestacional, na maioria dos casos, apresentam:
- Sede excessiva;
- Apetite excessivo;
- Ganho excessivo de peso durante a gravidez;
- Urina em excesso.
Quais as causas da diabetes?
Nos indivíduos com diabetes tipo 1 parece haver uma predisposição genética que facilita o surgimento da doença. Entretanto, a hereditariedade não é necessariamente o único fator de risco, uma vez que existem casos de mães com diabetes que tiveram filhos absolutamente saudáveis.
Todavia, os maiores causadores da diabetes são os hábitos nocivos, como o sedentarismo, associado a uma dieta desregrada, que privilegia gorduras, sódio e hidratos de carbono. Além destas causas, existem outros fatores que levam ao surgimento da doença ou ao seu agravamento. Entre eles:
- Excesso de peso;
- Idade (ter mais de 40 anos);
- Predisposição genética;
- Sedentarismo;
- Pressão alta;
- Dar luz a uma criança com mais de 4kg;
- Apneia do sono.
Como diagnosticar a diabetes?
O primeiro passo é realizar o exame de glicemia em jejum. Os valores normais da glicemia ficam entre os 70 e 99 mg/dl; em caso de valores acima desses níveis é aconselhável procurar ajuda médica para iniciar o tratamento mais adequado.
O médico solicitará exames complementares, como o exame da curva glicêmica, capaz de mostrar a velocidade com que o organismo absorve a glicose, revelando assim se o paciente possui diabetes ou algum tipo de intolerância à glicose.
Como é feito o tratamento da diabetes?
O objetivo do tratamento é regular o nível de glicose no sangue do paciente, evitando excessos ou quedas dessa taxa ao longo do dia.
O paciente com diabetes tipo 1 precisa de fazer aplicações diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores equilibrados.
Para a aplicação é necessário um aparelho chamado glicosímetro ou, simplesmente, medidor de glicose, como é também conhecido, capaz de medir a concentração de glicose no sangue. A injeção de insulina deve ser aplicada, preferencialmente, na região subcutânea da pele, em alguma das seguintes áreas do corpo:
- Coxa;
- Braço;
- Abdómen;
- Glúteo.
É importante referir que a aplicação da insulina não causa qualquer tipo de dependência química, sendo esta uma hormona essencial para controlar a glicose nas células do corpo.
Além das injeções de insulina para baixar os níveis de glicose no sangue, o paciente com diabetes tipo 1 pode ainda fazer uso de alguns medicamentos via oral, sempre prescritos por um médico.
Já os pacientes que apresentam diabetes tipo 2 podem fazer uso de medicamentos via oral, como inibidores da alfaglicosidase, sulfonilureias e glinidas.
Lembre-se: apenas um médico endocrinologista poderá prescrever o medicamento e a dosagem mais adequada para cada caso clínico. Nunca se automedique e procure sempre seguir todas as orientações do especialista. A diabetes pode ser tratada e controlada, o que certamente proporcionará mais qualidade de vida para os pacientes. Não subestime os sinais, cuide da sua saúde e promova hábitos saudáveis!