O herpes consiste numa doença infeciosa extremamente comum entre a população, sendo causado por um vírus que é transmitido com bastante facilidade. Para se ter uma ideia, de acordo com estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas um terço da população mundial com menos de 50 anos não está infetada. O herpes pode surgir em qualquer parte do corpo, todavia, é mais comum nos lábios, no rosto ou nos órgãos genitais, provocando um grande desconforto, além de constrangimento.
O herpes oral, tipo prevalente, é provocado, na maioria das vezes, pelo herpes simplex vírus tipo 1 (HSV-1); já o herpes genital está relacionado ao tipo 2 (HSV-2), embora haja exceções. Confuso? Nós explicamos!
Quais os tipos do vírus do herpes?
O HSV-1 e o HSV-2 fazem parte da família Herpesviridae, assim como o vírus varicela-zóster (causador da catapora e do cobreiro), o citomegalovírus e o Epstein-Barr (causador da mononucleose). Os vírus dessa família possuem uma característica em comum, que é o facto de permanecerem latentes depois da primeira infeção. Essa peculiaridade faz com que fiquem no organismo para sempre, escondidos, mesmo que a doença que provocam seja tratada – ou nunca se manifeste.
Nem todas as pessoas que estão infetadas com os tipos 1 e 2 do herpes apresentam os sinais característicos da doença; outras apresentam os sintomas apenas uma vez na vida. Há também aqueles que sofrem com manifestações esporádicas da doença, sobretudo quando estão com o sistema imunitário fragilizado.
Qual a prevalência do herpes?
Como referido, segundo a OMS, apenas um terço da população mundial não está infetado pelo vírus. Entre os que estão infetados, cerca de 70% possui o HSV-1 e 11% o HSV-2. Ou seja, o herpes é uma doença comum, e sobretudo por esse motivo, importa quebrar alguns dos tabus em torno desta enfermidade.
Quais os sintomas do herpes?
O surgimento de uma ou mais bolhas ou vesículas agrupadas sobre a pele ou mucosa estão entre os sinais mais característicos do herpes. Estas feridas, com o decorrer do tempo, rompem-se e formam crostas, até atingir o último estágio, que é a cicatrização.
É durante a infância que uma boa parte das pessoas que apresentam a herpes oral se infeta, visto que nessa fase a criança costuma levar objetos à boca, podendo alguns desses estarem contaminados com o vírus. Quando a doença se manifesta, surge na forma de um quadro febril, com presença de aftas e/ou dor de garganta. Também pode ocorrer um aumento dos gânglios linfáticos no pescoço. Posteriormente, quando nas reativações do vírus, podem surgir bolhas e feridas, seja nos lábios ou na pele.
O herpes genital, considerado uma doença sexualmente transmissível (DST), pode não apresentar sintomas de todo (assintomático) ou manifestar-se de forma muito ligeira. Na generalidade dos casos, a primeira infeção tende a ser a mais agressiva, podendo a pessoa ver-se confrontada com os seguintes sintomas:
- febre;
- sensação de mal-estar;
- dor muscular;
- aumento dos gânglios na virilha;
- corrimentos;
- dor ao urinar.
Felizmente, as recorrências manifestam-se de maneira mais leve. As lesões causadas pelo herpes genital afetam o interior da vagina, vulva ou o colo do útero, no pénis ou escroto, no trato urinário ou ao redor do ânus. Quando afetam a mucosa, dificilmente são notadas, por isso, muitas pessoas tendem a confundir o herpes genital com uma infeção urinária.
Como é a evolução do herpes?
A evolução de um quadro de herpes pode durar de cinco dias a duas semanas e deverá ocorrer da seguinte forma:
- Antes do surgimento da primeira lesão, é comum que a pessoa sinta alguma comichão, ardor ou formigueiro no local afetado, sendo este momento designado por período prodrómico.
- Posteriormente, chega o período ativo, com o surgimento de uma ou mais bolhas, que podem ser dolorosas. No interior dessas bolhas está armazenado um líquido com uma forte concentração do vírus, por isso, quando as lesões rompem, são altamente contagiosas.
- Na última fase, é visível a formação de uma crosta sobre a ferida, que evolui para a cicatrização completa da lesão.
Como se dá a transmissão do herpes?
Todos os tipos de herpes são transmitidos da mesma forma, isto é, através do contato direto da mucosa com fluídos corporais de alguém que foi contaminado, sobretudo secreções genitais e saliva. O sexo oral sem proteção está entre os principais meios de transmissão, visto que leva o vírus tipo 1 para a região genital e vice-versa.
Prevalência do herpes na população
O facto de muitas pessoas não apresentarem os sintomas clássicos, ou apresentarem apenas lesões muito discretas (e ainda assim contaminarem outras) explica o motivo pelo qual o herpes é tão comum na população mundial. É importante referir que a transmissão é altamente facilitada quando a ferida causada pela reativação do vírus está aberta.
Recorrência do herpes
As pessoas infetadas pelo vírus do herpes sofrem, de tempos em tempos, com a sua reativação. Alguns indivíduos estão mais vulneráveis ao problema, mas ainda não é possível afirmar os motivos pelos quais isso acontece. O que se sabe é que as crises de herpes podem ser desencadeadas por situações de stress, nomeadamente:
- Período menstrual;
- Exposição a frio intenso;
- Exposição solar excessiva;
- Stress psicológico;
- Insónia ou privação do sono;
- Febres;
- Cirurgias;
- Uso constante de corticosteroides.
Quais as complicações do herpes?
Embora as recorrências da doença causem transtornos e afetem a vida social e sexual dos infetados, o herpes é uma doença, na generalidade dos casos, benigna e autolimitada, isto é, desaparece espontaneamente. Não obstante, quando afeta uma pessoa com o sistema imunitário fragilizado, o vírus pode provocar uma infeção disseminada, atingindo diferentes tecidos, entre os quais pulmões, fígado e até mesmo o cérebro. Nestes casos – que felizmente são raros – o herpes pode causar graves complicações, especialmente para os pacientes que possuem comorbidades e estão a ser submetidos a tratamentos agressivos.
Como é feito o diagnóstico do herpes?
Para que seja feito o diagnóstico correto, é indispensável que se consulte um médico, dado que só este profissional poderá solicitar exames laboratoriais para confirmar o exame clínico realizado no consultório. Os exames de sangue são capazes de detetar anticorpos que permitem identificar se a infeção é recente (IgM positivo) ou antiga (IgG positivo). Além disso, é possível enviar células extraídas da lesão para análise e realizar testes moleculares que detetam o vírus através de uma técnica chamada reação em cadeia da polimerase (PCR).
Como é feito o tratamento do herpes?
Entre os fármacos mais utilizados contra o herpes estão os antivirais de uso tópico (pomadas ou soluções aplicadas no local da infeção) ou sistémicos (formulação endovenosa ou comprimidos). Em situações de recorrência, o uso do antiviral poderá ser prolongado por mais de seis meses, todavia, apenas um médico poderá dizer qual o tratamento mais adequado, bem como a dosagem apropriada.
Além do uso de medicamentos, a limpeza do local é uma medida indispensável, pois este cuidado evita que a ferida infecione. Ademais, o uso de compressas geladas e de analgésicos podem aliviar o incómodo causado pelas lesões.
Que cuidados ter durante as crises?
Para evitar que o vírus do herpes seja transmitido para outras partes do corpo, como os olhos, por exemplo, bem como para outras pessoas, é fundamental adotar alguns cuidados, designadamente:
- Lavar as mãos após manipular as lesões;
- Jamais furar as bolhas;
- Iniciar o tratamento antiviral indicado pelo médico assim que surgirem os primeiros sintomas;
- Evitar beijar outras pessoas ou manter relações sexuais durante as crises de herpes.
Existe cura para o herpes?
Ainda não existe uma cura para o herpes, contudo, é possível evitar recorrências ou ainda conviver melhor com eventuais manifestações do vírus. Entre as principais medidas que a pessoa deve adotar para evitar o surgimento das lesões estão:
- Ter uma vida saudável;
- Manter uma rotina de sono;
- Evitar a exposição excessiva ao sol;
- Evitar a exposição ao frio intenso.
Para prevenir a transmissão ou a infeção pelo vírus do herpes, é recomendável que se evite o contato direto com a pele ou mucosa afetada, bem como compartilhar produtos de uso pessoal, como batons, lâminas de barbear, talheres, entre outros. Para evitar o herpes genital, recomenda-se o uso de preservativo, inclusive durante o sexo oral. Cuide-se!