A pandemia da COVID-19 revirou o nosso mundo. Depois de milhões de trabalhadores terem sido enviados para casa em regime de teletrabalho durante quase um ano, estranho seria se o mundo do trabalho não tivesse sido mudado também. A conjuntura do remote work determinou uma nova realidade, que ultrapassou a ideia clássica de escritório e do horário das 9 às 5.
Empresas e trabalhadores nem sempre concordam em tudo, mas neste caso, todos pareceram convencidos das vantagens do trabalho flexível. Os dados são reveladores: de acordo com um estudo global da Salesforce num universo de mais de 20 mil pessoas, 60% dos entrevistados exigem mais mobilidade, esperando continuar em trabalho remoto no pós-pandemia.
Num outro estudo apresentado pela Xerox – “The State and Fate of Small and Medium Business” – 81% dos líderes das PMEs reconhece que a pandemia deixou estas empresas mais dependentes da tecnologia, e que essa ligação se vai acentuar com a consolidação de modelos de trabalho híbrido.
Ao mesmo tempo e no nosso país, o reforço da tendência de crescimento dos espaços flexíveis, como os da LACS, tem-se vindo a manifestar através do investimento e interesse nos mais variados espaços de coworking em Lisboa. Este tipo de espaços tem crescido na cidade. E nada disso é acidental.
Estas duas tendências – o interesse dos trabalhadores e a vontade das empresas – coincidem. Na ressaca da crise o mercado de trabalho está a mudar agulhas para permitir uma maior flexibilidade – de que os espaços flexíveis são paradigmáticos. Visto pelo ângulo das empresas, a flexibilidade permite otimizar os custos fixos inerentes à atividade de escritório, através da partilha de recursos.
Do lado dos trabalhadores, permite uma gestão de horários mais flexíveis, o que permite conciliar melhor a vida profissional com a vida pessoal, sem que se perca a ligação à empresa e aos colegas por via destes espaços de trabalho. Mais produtividade é, cada vez mais, sinónimo de saber trabalhar melhor e não mais.
Trabalho flexível: as vantagens das rotinas
Maior realização
O trabalhador sente-se mais realizado por trabalhar num horário desenhado pelo próprio. Há quem trabalhe melhor de dia, há quem trabalhe melhor de noite. Deixar isso ao critério do funcionário vale mais do que mil pancadas nas costas. Desde que essa felicidade dê resultados.
Mais assiduidade
Quanto se reparte o horário de trabalho entre uma ida a um espaço flexível e ficar em casa, o funcionário pode gerir o seu horário de acordo com essa hibridez. Com um horário à sua medida, o colaborador é mais assíduo. E, assim, mais produtivo.
Qualidade de vida
Um trabalhar feliz e saudável é o melhor que uma organização e as respetivas chefias podem almejar. Ter um dia flexível proporciona práticas saudáveis, cuidados com a alimentação e saúde, bem como a prática de desporto. Para além de que colaborador saudável…não falta ao trabalho.
Trabalho flexível: como implementar as rotinas
Organização
Como em tudo, a organização é absolutamente fundamental. Quando se flexibiliza a rotina de trabalho pressupõe-se que isso permite ao colaborador passar mais tempo de qualidade a fazer aquilo de que gosta – com quem gosta. Mas mesmo para isso é preciso fazer um esforço. É preciso priorizar, organizando os horários de trabalho e tarefas de forma clara para que depois sobre o tempo para fazer exercício, passar tempo com a família, ir ao cinema, etc.
Indicadores de resultados
Os indicadores são fundamentais para avaliar se essas rotinas flexíveis estão a funcionar de facto. E há uma métrica fundamental: a produtividade. Fez mais no seu trabalho? Fez melhor? Qual o feedback que teve? Como se sentiu? A partir de uma análise honesta é que se podem tirar as ilações finais sobre o sucesso desta prática para cada um dos casos.
Responsabilidade
A maior fatia da responsabilidade para aferir se o modelo de trabalho flexível funciona é do trabalhador. É claro que os supervisores têm uma palavra a dizer, mas não podem controlar a vida do colaborador ao pormenor, ainda mais sabendo que a lei do “direito ao desligar” está a ser implementada no nosso país. Confiança mútua é imprescindível neste contexto.
Foco
É vital ser e estar focado, metódico e organizado para que o trabalho flexível seja uma opção válida para o trabalhador e para a empresa. É natural que num modelo de trabalho híbrido, as distrações se sucedam – e o foco é necessário para que estas possam ser ultrapassadas. Lembre-se: foco é igual a resultados.