Antes de mais é importante não esquecer que a transpiração é algo normal. Afinal de contas, todos transpiramos em virtude do aquecimento do corpo, seja pelas altas temperaturas que se fazem sentir ou pelo esforço despendido em atividades físicas, servindo a transpiração como um regulador da temperatura do organismo.
No entanto, em algumas pessoas a transpiração parece ir um pouco para lá do que é entendido como normal. Falamos de transpiração excessiva, também conhecida como hiperidrose.
A estimativa é de que atualmente em Portugal a hiperidrose possa afetar entre 150 mil a 300 mil pessoas. Se é um dos que sofre com esta condição, acreditamos que o presente artigo o pode ajudar. Partilhamos algumas informações sobre os principais sintomas, causas e tratamentos para a transpiração excessiva.
O que é a transpiração excessiva?
Os termos transpiração excessiva, ou hiperidrose, referem-se a suores muito intensos e sem motivo aparente (por exemplo, quando em repouso). Surge principalmente nas axilas, palma das mãos e na planta dos pés, podendo também surgir no rosto, geralmente acompanhado de rubor (vermelhidão da pele).
Trata-se de uma doença que surge comumente durante a infância, ocorre com mais frequências nas pessoas do sexo feminino, e, regra geral, tende a agravar-se durante a fase da puberdade, em virtude das inúmeras mudanças biológicas e fisiológicas no corpo.
Em alguns casos essa transpiração excessiva costuma causar alguns constrangimentos tanto na vida pessoal como na vida profissional, em virtude de se tratar de uma doença com sintomas externos. Se ficar com as costas a pingar, as axilas encharcadas ou as mãos e pés molhados já é algo bastante desconfortável com uma quantidade normal de suor, imagine se o volume de suor for até cinco vezes superior.
Quais as causas da transpiração excessiva?
Parece não haver uma posição definitiva da medicina quanto às causas da transpiração excessiva. No entanto, algumas das causas comumente apontadas são a hereditariedade, as patologias e os fármacos.
1. Hereditariedade
O fator hereditário parece ter alguma influência na transpiração excessiva. Ou seja, se o pai ou a mãe têm o problema, é mais provável que os filhos possam também dele padecer. Como já referido, regra geral, os primeiros sintomas manifestam-se durante a infância, agravando-se durante a adolescência (puberdade).
2. Patologias
Na generalidade dos casos de transpiração excessiva, não é por padecer desta condição que tem de ter outros problemas de saúde associados. Não obstante, essa é uma possibilidade que pode (e deve!) ser considerada.
A título de exemplo, são muitas vezes referidas a diabetes (os baixos níveis de glicose no sangue podem aumentar a produção de hormonas que desencadeiam a transpiração intensa) ou o hipertireoidismo (hormonas produzidas em grande quantidade pela tireoide que aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, fazendo com que o corpo comece a suar mais), como patologias associadas à hiperidrose.
Outros fatores que podem desencadear a hiperidrose são a obesidade, problemas cardíacos, doença de Parkinson, insuficiência respiratória, lesões da espinal medula, entre outros.
3. Fármacos e outras substâncias
O uso de alguns medicamentos como antidepressivos, suplementos de ferro, suplementos de zinco e outros, mesmo prescritos por médicos, podem também ter um efeito agravante no que concerne à produção de suor pelo corpo.
Independente da causa da transpiração excessiva, os sinais podem surgir com maior ou menor intensidade e frequência e de forma localizada ou generalizada (pelo corpo todo).
Tratamento para transpiração excessiva
Antes de abordamos o tratamento, é importante referir que se detetar que este problema o afeta, é importante que procure a ajuda de um profissional de saúde, dado que dispõem que, melhor do que ninguém, estão habilitados a avaliar individualmente cada casso e assim determinar qual a melhor forma de lidar com a transpiração excessiva.
Ainda neste âmbito, referir que, regra geral, o diagnóstico é baseado nos sintomas, no histórico do paciente e em exames específicos, como é exemplo o teste termorregulatório de suor.
Embora a transpiração excessiva não tenha cura, há terapêuticas que o podem ajudar a minimizar os seus efeitos. A indicação vai, naturalmente, depender da intensidade do problema.
Numa primeira fase, pode ser recomendando o recurso a desodorizantes antitranspirantes (vendidos em farmácias, por exemplo) que tenham na sua composição sais de alumínio – têm um efeito inibidor do suor.
Se apenas o desodorizante antitranspirante não for suficiente, o recurso à medicação oral poderá ser uma possibilidade. Estes atuam inibindo as transmissões nervosas que estimulam a produção de suor. No entanto, como qualquer medicamento, só deve ser ingerido com prescrição e acompanhamento médico, para evitar efeitos colaterais.
Há, ainda, opções de tratamentos como a aplicação de toxina botulínica (botox), que bloqueia o nervo e paralisa as glândulas sudoríparas. Esta alternativa tem apresentado bons resultados e pode ser aplicada em diferentes partes do corpo. Outro dos tratamentos possíveis é o chamado iontoforese, um aparelho que utiliza elétrodos que bloqueiam a produção de glândulas sudoríparas.
A tecnologia laser também já vem sendo usada no tratamento da transpiração excessiva, apresentando resultados positivos na “desativação” das glândulas sudoríparas.
Já para quem procura uma solução definitiva ou quando o organismo não responde bem a nenhuma das terapêuticas previamente referidas, há a possibilidade de fazer uma cirurgia (simpatectomia torácica superior bilateral), realizada na região do tórax para interromper a ação dos gânglios que estimulam as glândulas de suor. A cirurgia é simples, rápida e o período de internamento é, no máximo, de um dia.
Dicas para reduzir a transpiração excessiva
Além dos possíveis tratamentos para a transpiração excessiva, há algumas ações que podem ser aplicadas no dia a dia e que ajudam a evitar a hiperidrose, nomeadamente:
- Usar roupas com tecidos leves e respiráveis ou com um “efeito repelente” da transpiração. Atualmente já existe vestuário com tecnologia antissuor;
- Lavar bem e secar as axilas ou outras áreas com transpiração intensa, antes de aplicar o desodorante (preferencialmente antitranspirante) ou qualquer outro produto;
- Esfoliar regularmente as áreas afetadas para ajudar a libertar os poros. Ter este tipo de cuidados com a pele é essencial;
- Evitar o consumo de alimentos picantes, bebidas alcoólicas ou bebidas muito quentes que potenciem a transpiração excessiva;
- Controle o stress e a ansiedade. Procure técnicas de respiração, de organização, de meditação e outras possibilidades que o ajudem a “manter a calma”.
Aqui chegado, esperamos que o presente artigo lhe possa ter sido útil para conhecer melhor o problema da transpiração excessiva. Aproveitamos para relembrar que, não obstante todas as informações aqui disponibilizadas, se padece de hiperidrose, nada melhor que consultar um profissional de saúde.