GHB: o que é, origens e efeitos

GHB

Químico depressor com ação psicadélica, o Gama-Hidroxibutirato, popularmente conhecido como GHB, GBH ou Ecstasy líquido, é geralmente consumido por via oral ou injetado.

Pode ser encontrado em garrafas pequenas sob a forma de líquido um pouco mais espesso do que a água, incolor (no entanto pode ser tingido de diversas cores), sem cheiro e levemente salgado. Não obstante, embora menos usual, pode ainda apresentar a forma de cápsulas ou pó.

Sintetizado nos anos 1960 para ser utilizado como anestésico, o GHB, todavia, não chegou a ser utilizado pela medicina em virtude dos efeitos colaterais apresentados durante os testes da substância.

Nos anos 80 e 90 foi redescoberto como indutor do sono de uso não-médico e como suplementação alimentar para fisiculturistas e, posteriormente, foi banido pelo FDA americano (United States Food and Drug Administration) por causar diminuição do nível de consciência, depressão respiratória e convulsões.

Atualmente, são raras as vezes em que é prescrito por profissionais de saúde como medicamento para o tratamento de distúrbios de sono e epilepsia; ademais, é conhecido também por ser um facilitador de práticas criminosas, por isso recebe algumas designações vulgares como “droga de abuso”, “droga da violação” e “boa noite, cinderela”.

Se ficou interessado por este assunto e quer saber mais sobre o GHB, a origem da droga, efeitos e outras curiosidades, então continue a leitura deste artigo que preparamos para si. Acompanhe.

O que é o GHB?

O GHB é uma substância produzida a partir do seu precursor, o gamma-butyrolactone ou GBL, que é um solvente encontrado em produtos de limpeza do chão, esmalte para unhas, entre outros, mas que se torna GHB assim que entra no corpo. Juntos, os entorpecentes são conhecidos como “G”, e ambos vêm na forma de um líquido oleoso claro, inodoro, que em geral é diluído em refrigerantes e ingerido.

Embora às vezes seja descrito como a “droga da violação”, o Gama-Hidroxybutyrate é também usado de forma recreativa e consensual que no início causa euforia, mas depois provoca sonolência e pode levar os seus consumidores rapidamente ao coma, mesmo quando consumido em pequenas dosagens (dosagens elevadas podem ser fatais).

Na Europa, os casos de coma e overdose por GHB são apontados como uma das principais causas de emergência médica por droga nos hospitais, perdendo apenas para heroína e cocaína.

Quais são os efeitos do GHB?

Como referido, o GHB é um depressor do sistema nervoso, cuja potência do líquido faz variar os seus efeitos, que, via de regra, começam a fazer sentir-se 10 minutos após o consumo e podem durar bastante tempo (um dia ou mais).

Quando consumido em pequenas doses, os efeitos são similares aos do álcool ou do ecstasy, fazendo com que o indivíduo sinta mais energia, bem-estar, euforia, relaxamento, aumento da confiança, desinibição, sensualidade, tonturas ou abrandamento do ritmo cardíaco.

Há pessoas que experimentam efeitos adversos, como dores de cabeça, vômito, náuseas, sonolência, tontura, perda de controlo muscular, problemas respiratórios, perda de consciência, entre outros.

Em casos de sobredosagem, o Gama-Hidroxybutyrate pode levar provocar agitação, alucinações, desorientação, perda de coordenação, desmaio e até mesmo a morte. O professor Adam Winstock, psiquiatra consultor e fundador da Global Drug Survey, alerta que a droga apresenta riscos enormes quando as pessoas a usam para efeitos recreativos.

Importa referir também que, os riscos a longo prazo devido ao consumo de GHB não são totalmente conhecidos. Não deve ser misturado com álcool ou outras drogas depressoras, dado que a mistura acentua os efeitos desta substância.

Para que é usado o GHB?

Muitas pessoas usam o GHB como “droga de festa”, pois, apesar de ser um indutor do sono, faz com que os seus consumidores se sintam bem antes de os deixar inconscientes. Também é bastante comum o seu uso para o chamado chemsex, termo em inglês que descreve atividade sexual entre dois ou mais parceiros com uso de químicos para maior estímulo.

No entanto, a substância também é utilizada para a prática de crimes, nomeadamente furto e abuso sexual. Isso acontece porque, quando associado principalmente com o álcool, o GHB causa uma reação conhecida como efeito dissociativo, em que o indivíduo sofre um comprometimento de realidade e memória, o que o deixa mais suscetível e facilita o dolo.

Como evitar ser vítima de GHB?

A forma mais eficiente de se proteger do golpe do “boa noite, cinderela” é não aceitar bebidas oferecidas por estranhos, seja em festas, discotecas ou bares, uma vez que essas bebidas podem conter GHB, entre outras substâncias capazes de tornar a vítima mais vulnerável a crimes.

Ademais, é aconselhável manter-se alerta, sempre atento ao próprio copo para evitar que, em algum momento de distração, sejam adicionadas à sua bebida drogas.

Outra boa prática é frequentar ambientes de festa sempre acompanhado por amigos, o que coibirá e dificultará a ação de possíveis criminosos.

O que fazer se sua bebida for drogada?

Mas se não foi possível proteger-se, ainda lúcido poderá tomar as seguintes providências:

  • Dirija-se para um lugar seguro e solicite a um amigo da sua confiança que fique consigo.
  • Chame a polícia e relate o ocorrido. Lembre-se que nada justifica a agressão sexual.
  • Vá a um hospital o mais rápido possível. Peça um exame e recolha de provas. Solicite também que o hospital faça recolha de uma amostra de urina para um possível exame toxicológico.
  • Preserve o máximo possível de provas físicas. Não tome banho ou deite fora as roupas que estava a vestir durante o incidente até falar com a polícia e ser examinado por um médico.
  • Ligue para a linha de apoio da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, através do número 116 006 (disponível das 08h00 às 22h00 nos dias úteis).

História do GHB e outros factos relevantes

Conheça infra alguns dados históricos e informações relevantes sobre o GHB:

  • 1874 – Primeira síntese documentada do composto Gama-Hidroxybutyrate reportada pelo químico russo Alexander Zaytsev;
  • 1960 – Dr. Henri Laborit, um cientista francês, estudou os efeitos do GHB em seres humanos ao pesquisar os seus efeitos nos neurotransmissores GABA com o potencial anestésico. A sua primeira utilização médica foi indicada para anestesia intravenosa. Por provocar uma elevada frequência de vômitos e apoplexia, logo o GHB foi rejeitado;
  • 1970 – O GHB foi indicado para o tratamento do sono em alguns casos.
  • 1980 – Começa a ser utilizado como suplemento dietético por fisiculturistas, pois acreditava-se que esta substância fosse capaz de aumentar os músculos do corpo.
  • 1990 – Utilizado no tratamento da dependência do álcool e síndrome de abstinência de opiáceos.
  • 1991 – Neste ano, o FDA americano (Food Drug Administration) retirou o GHB do mercado devido ao aumento de casos de abuso e de reações tóxicas por utilização desta droga.
  • 1997 – A partir de 1997, massifica-se a utilização do GHB como droga para a prática de crimes sexuais. Entre os seus principais efeitos sobre as vítimas estão a perda de controlo, desorientação e relaxamento muscular, reações que deixam a vítima vulnerável a práticas criminosas.

Importante

O consumo de GHB pode causar modificações importantes no cérebro, como danos a longo prazo na memória, na atenção, no coeficiente de inteligência (QI), e ainda causar altos níveis de stress e ansiedade. Como outras drogas, é possível que cause dependência pelo que a retirada brusca do químico a consumidores frequentes pode acarretar riscos sérios para a saúde. Em caso de dúvidas, procure ajuda e orientação médica. Cuide-se!

Fontes consultadas na redação deste artigo:

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)