Afta na boca: o que é, causas, prevenção e tratamento

afta na boca

Pequenina, mas extremamente dolorosa! Quando aparece, pode esperar que a dor e o incómodo passarão a ser companheiros por até duas semanas. Estamos a falar da afta, uma ferida que surge na parte interna da bochecha ou dos lábios, na língua e até na garganta.

Por ser bastante recorrente (a enfermidade afeta cerca de 20% da população mundial), é considerada umas das mais comuns doenças orais, e não poupa nem mesmo as crianças. A boa notícia é que, com o avançar da idade, as aftas na boca vão-se tornando cada vez mais raras.

Embora não se saiba ao certo a origem da afta na boca, alguns especialistas, como dentistas e estomatologistas, conseguiram identificar alguns fatores potencialmente desencadeantes, tais como: baixa imunidade, traumas causados pela escovação excessiva ou demasiado forte, aparelho dentário desajustado, e até mesmo a má alimentação.

Atualmente, não existe um tratamento específico para esta doença, todavia, algumas práticas terapêuticas são capazes de aliviar os seus sintomas, e vão desde o uso de elixires orais até medicamentos próprios para as lesões, e laser, a depender da gravidade das feridas.

Se sofre com aftas na boca e quer saber mais sobre estas lesões que causam um enorme desconforto, então não deixe de ler este artigo, no qual encontrará mais informações acerca deste assunto, nomeadamente, o que são as aftas na boca, quais as suas principais causas, como as evitar e, não menos importante, como as tratar. Boa leitura!

O que é uma afta na boca?

Processo inflamatório que se manifesta na mucosa bucal e rompe com o passar dos dias, a afta na boca é uma úlcera rasa de fundo acinzentado, rodeada por um halo avermelhado, podendo ser única ou múltipla (neste caso, trata-se de uma estomatite aftosa recorrente – EAR).

O seu ciclo clínico dura de 1 a 2 semanas, e tende a resolver-se de forma natural, motivo pelo qual é considerada uma lesão autolimitada. As regiões mais afetadas são a parte interna da bochecha ou dos lábios, a língua e a garganta. Algumas pessoas costumam confundir úlceras no palato duro (céu da boca) e na gengiva rósea com aftas, todavia, é necessário consultar um especialista para que as causas destas lesões sejam devidamente investigadas.

Quais as principais causas da afta na boca?

Como referido, ainda não se sabe ao certo o que provoca a afta na boca, não obstante, a literatura médica revela que o surgimento das lesões está geralmente associado a um desequilíbrio do sistema imunitário, o que facilita o ataque à membrana da mucosa oral (epitélio). Além disso, existem outros fatores podem deixar as pessoas mais suscetíveis ao problema. A saber:

  • Mudanças hormonais (ciclo menstrual) – por este motivo as aftas na boca são mais recorrentes em mulheres;
  • Hereditariedade – se os pais têm habitualmente aftas na boca, provavelmente os filhos também terão;
  • Traumas – especialmente aqueles provocados pela escovação dentária agressiva, uso de aparelhos ortodônticos desajustados e mordeduras acidentais;
  • Défice nutricional – quando o organismo está carente de ferro, ácido fólico, vitaminas B6, B12, D e zinco, as aftas na boca podem-se tornar um problema insistente;
  • Sensibilidade a alimentos ácidos – se possui uma pré-disposição para aftas na boca, é bom que evite alimentos como abacaxi, laranja, temperos, canela, queijo, figo, chocolate e berinjela, por exemplo;
  • Alergias alimentares – pacientes com doença celíaca estão mais suscetíveis ao aparecimento de aftas na boca;
  • Uso de pastas dentífricas com LSS (Lauril Sulfato de Sódio);
  • Tabagismo – a afta na boca poderá surgir depois que o indivíduo para de fumar;
  • Exposição a toxinas;
  • Uso de drogas;
  • Refluxo gastroesofágico;
  • Stress – intrinsecamente ligado à baixa da imunidade, o stress deverá ser controlado para evitar o surgimento de aftas na boca.

Quais as consequências de uma afta na boca?

Quando as aftas na boca se manifestam, é comum que a pessoa sinta dor intensa, cuja duração média é de 3 dias. Durante este período, até mesmo o roçar da língua ou de alimentos na lesão causam enorme um incómodo. Passado esse período crítico, a dor é amenizada, o que não significa que a lesão desapareça: aliás, ela permanece no local, até que complete o seu ciclo (7 a 14 dias), cuja culminância é a cicatrização do tecido afetado.

Antes que a dor seja notada, alguns podem ser observados alguns sinais, tais como:

  • Aumento da sensibilidade no local;
  • Inchaço na região;
  • Sensação de queimadura;
  • Nota-se o surgimento de um ponto vermelho na mucosa que evoluirá para uma ferida;
  • Em casos graves, a pessoa poderá ser afetada por febre, inchaço dos gânglios linfáticos e um mal-estar generalizado.

Quando é necessário procurar ajuda médica?

A afta na boca é um problema comum que, via de regra, se resolve sozinho. Todavia, existem doenças que predispõe o seu aparecimento. Há situações em que a presença de úlceras na cavidade oral pode estar associada a outras doenças. Confira alguns exemplos:

  • Cancro;
  • Alergia a medicamentos (como antibióticos);
  • Lúpus;
  • HIV;
  • Síndrome de Behcet;
  • Doença celíaca;
  • Doença de Crohn;
  • Artrite.

Nestes casos, a afta na boca torna-se um problema persistente, aparecendo recorrentemente. Além disso, as feridas são grandes e demoram a cicatrizar, isto é, ainda incomodam após 3 ou 4 semanas da data do seu aparecimento.

Estes são sinais de alerta que indicam que o mais apropriado é procurar orientação médica, sobretudo se outros sintomas, tais como, febre, fadiga, mal-estar, perda de apetite e úlceras noutras partes do corpo, se manifestarem. Entre os profissionais mais capacitados para fazer uma avaliação das aftas na boca estão o estomatologista (cirurgião-dentista especialista em doenças orais), o clínico geral, o gastroenterologista e até o otorrinolaringologista.

Como é feito o tratamento da afta na boca

Não existe terapêutica específica para as aftas na boca, visto que, na maioria das vezes, é impossível precisar a origem do problema. Assim, dentistas e médicos apenas poderão indicar tratamentos paliativos a fim de aliviar os sintomas, bem como proceder com o exame físico e clínico para tentar identificar as causas do surgimento da lesão.

Quando as aftas na boca não são um problema recorrente, poderão ser controladas por meio de uma higiene oral cuidadosa, complementada com elixires orais antissépticos sem álcool, evitando assim a contaminação das lesões (fator que poderá retardar a solução do problema).

Quando a intenção é proporcionar alívio da dor, algumas substâncias naturais fitoterápicas com ação anti-inflamatória poderão ser prescritas, tais como o consumo do chá e extrato de camomila. Ademais, o uso de gelo no local da ferida também poderá proporcionar um alívio da dor.

É possível prevenir as aftas na boca?

O surgimento da afta na boca é apenas possível prevenir em alguns casos, visto que, regra geral, as lesões são desencadeadas por mudanças hormonais, fatores genéticos, enfermidades crónicas, entre outras situações que não podem ser controladas. Entretanto, os especialistas recomendam algumas medidas no dia a dia para tentar diminuir a incidência destas lesões tão dolorosas. Tome devida nota:

  • Visite regularmente o seu médico dentista;
  • Invista numa higiene oral rigorosa;
  • Evite o consumo de alimentos ácidos;
  • Peça ao seu dentista que ajuste os aparelhos fixos ou móveis e dentaduras, que eventualmente podem ferir a mucosa;
  • Controle a ansiedade e o stress, pois estes atuam como um gatilho para o surgimento das aftas na boca;
  • Evite ingerir alimentos muito quentes, pois estes podem desencadear o aparecimento das lesões;
  • Escove os dentes suavemente, a fim de evitar ferimentos que causem afta na boca;
  • Opte por pastas dentífricas livres de substâncias irritantes.

Lembre-se: nos quadros de aftas graves, procure imediatamente a ajuda de um médico, pois apenas este profissional poderá investigar possíveis doenças sistémicas relacionadas ao surgimento das lesões. Jamais se automedique e siga à risca o tratamento que lhe for proposto pelo médico. Cuide da sua saúde e de seu bem-estar!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)