Refluxo gastroesofágico: o que é, causas, sintomas e tratamento

refluxo gastroesofagico

Imagine a seguinte situação: acaba de consumir um alimento ou ingerir uma bebida, e quase de imediato sente que o conteúdo do estômago retornou para o esófago, ficando “preso” na zona do peito ou da garganta. Horrível, não é mesmo? Pois bem, esta é a sensação de quem sofre com o refluxo gastroesofágico, uma condição comum que pode afetar qualquer pessoa, em diferentes fases da vida.

Existem certas situações pontuais em que o refluxo gastroesofágico, também conhecido como Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), acontece na decorrência da ingestão excessiva de alimentos ou bebidas, ou até por conta da má digestão de uma refeição feita “fora de horas”. Algo normal que não exige grande preocupação.

Não obstante, algumas pessoas passam por esta situação desconfortável todos os dias, ou com uma frequência que pode prejudicar a sua qualidade de vida. Nestes casos, o refluxo gastroesofágico passa a ser um problema, sendo importante consultar um médico especialista, nomeadamente, um gastroenterologista.

Preparamos este artigo especialmente para si, com o intuito de esclarecer os principais aspetos desta doença, nomeadamente os cuidados necessários para a evitar.

Caso sinta algum dos sintomas que abordaremos mais à frente, fique tranquilo, pois existe tratamento para a condição. Visite um especialista e certifique-se que o refluxo gastroesofágico não evolui e, portanto, não se transforme num problema de saúde ainda mais grave. Boa leitura!

O que é o refluxo gastroesofágico?

O refluxo gastroesofágico pode ser descrito como o retorno involuntário e frequente do conteúdo do estômago para o esófago.

Os alimentos que mastigamos na boca percorrem um caminho até o estômago, passando pela faringe e pelo esófago. Entre a faringe e o esófago há uma espécie de válvula (chamada de esfíncter) que se abre, dando passagem aos alimentos.

Depois disso, o ideal é que o esfíncter se feche rapidamente, impedindo, desta forma, que o ácido gástrico (fluido digestivo capaz de “quebrar proteínas” em partículas menores durante a digestão), penetre no esófago. Isto acontece para proteger a mucosa que reveste o esófago, dado que esta não é capaz de tolerar uma substância tão corrosiva.

Quem padece de refluxo gastroesofágico sofre uma alteração no esfíncter (válvula) que separa o esófago do estômago, fazendo com que o ácido gástrico vá para o esôfago.

Crianças pequenas e até mesmo recém-nascidos podem apresentar o problema, pois os tecidos existentes na transição entre o estômago e o esófago são bastante frágeis. Embora esta condição tenda a desaparecer por si à medida que o corpo se vai desenvolvendo, existem casos em que isto não acontece, tornando-se necessário recorrer ao tratamento indicado pelo médico pediatra ou pelo gastroenterologista.

Quais as causas do refluxo gastroesofágico?

Entre as causas e fatores de risco do refluxo gastroesofágico, destacamos:

  • Mau funcionamento do esfíncter, ocasionado pela fragilidade deste músculo;
  • O refluxo gastroesofágico também está associado à hérnia do hiato, doença na qual uma parte do estômago projeta-se para dentro do tórax por meio de uma abertura no diafragma – músculo que separa o tórax do abdómen e que é utilizado na respiração;
  • A obesidade é também um fator de risco, dado que o excesso de gordura abdominal aumenta a pressão no abdómen e, consequentemente, do estômago, fazendo com que o refluxo aconteça;
  • A gravidez propicia o surgimento do refluxo gastroesofágico, já que o estômago está pressionado pelo útero, que sofre alterações drásticas de tamanho durante a gestação do bebé;
  • Aumento da secreção gástrica;
  • Aumento da pressão intrabdominal, nomeadamente hiperplasia benigna da próstata e desenvolvimento de ascite (acumulação anormal de líquidos no interior do abdómen provocado por doença hepática).

Quais os sintomas do refluxo gastroesofágico?

Os principais sintomas do refluxo gastroesofágico podem passar por:

  • Intensa dor torácica, que pode ser erroneamente associada à dor da angina e do enfarte do miocárdio;
  • Sensação de azia;
  • Tosse seca;
  • Doenças pulmonares como pneumonias, bronquites e asma;
  • Rouquidão;
  • Dores de garganta;
  • Náuseas depois das refeições;
  • Aftas;
  • Sinusite;
  • Pigarro (embaraço na garganta causado pelo catarro);
  • Otites;
  • Erosão dentária.

Qual o tratamento para o refluxo gastroesofágico?

O tratamento da Doença do Refluxo Gastroesofágico dependerá da sua gravidade, podendo ser clínico ou até mesmo cirúrgico.

Nos casos mais leves, é possível que o médico prescreva medicação capaz de reduzir a quantidade de ácidos gástricos. Não obstante, quando a Doença do Refluxo Gastroesofágico se manifesta de forma mais agressiva, o tratamento cirúrgico poderá ser o único meio para tratar a doença – caso a administração de medicamentos (terapia clínica) se tenha demonstrado incapaz de minimizar ou curar os impactos provocados pelo refluxo gastroesofágico.

É fundamental que o problema seja levado a sério, evitando assim a sua evolução para quadros mais graves, como o cancro do esófago.

Como evitar o refluxo gastroesofágico?

Adotar alguns hábitos no dia a dia pode ajudar a evitar o surgimento da Doença do Refluxo Gastroesofágico, bem como minorar os seus efeitos. A saber:

  • Promover mudanças nos hábitos alimentares, evitando o consumo de refrigerantes, pimentas e condimentos, bebidas alcoólicas e até mesmo o chocolate;
  • Fracionar as refeições, que devem ser feitas sempre em pequenas porções;
  • Fazer refeições mais leves, além de evitar o refluxo gastroesofágico, é também um hábito que contribui para uma vida mais saudável;
  • Tornar as refeições um momento prazeroso é fundamental para evitar a Doença do Refluxo Gastroesofágico: sente-se e coma sem pressa, mastigando bem os alimentos;
  • Evitar comer e deitar-se logo de seguida: o ideal é que a última refeição do dia seja realizada cerca de 3 horas antes de ir dormir. Opte por almofadas que possam manter a sua cabeça elevada por pelo menos 15 cm, pois ajudará a evitar o refluxo gastroesofágico;
  • Não usar cintos ou roupas apertadas na região do abdómen;
  • Abandonar o tabaco, vício que facilita o desenvolvimento do refluxo gastroesofágico;
  • Perder peso corporal, dado que o excesso de peso e a obesidade são fatores de risco para a Doença do Refluxo Gastroesofágico;
  • Se tem um bebé, jamais o coloque imediatamente no berço após a amamentação. O ideal é que a criança seja mantida em posição vertical, no colo, até que elimine o “ar engolido” durante a amamentação.

Importante: Agora que sabe o que é o refluxo gastroesofágico, conhece as suas causas, fatores de risco, sintomas e tratamento, procure por orientação médica caso acredite que possa sofrer da DRGE. Lembre-se de que este artigo disponibiliza informações cujo propósito é educativo, e que o diagnóstico deve ser feito apenas por médicos devidamente habilitados. Apenas estes poderão indicar os tratamentos adequados, portanto, jamais se automedique. Cuide-se!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)