O desenvolvimento pessoal é, tal como o nome indica, o processo de nos desenvolvermos e aprimorarmos enquanto pessoas. Ouvimos muitas vezes este conceito e ele parece servir como mote para quase tudo. No entanto, talvez pela força de repetição, pode tornar-se difícil perceber o que é, efetivamente, o desenvolvimento pessoal.
Neste artigo pretendemos ajudar a esclarecer esta questão, explicando o que é o desenvolvimento pessoal, qual a sua importância e quais as formas de o fazer.
O que é o desenvolvimento pessoal?
O desenvolvimento pessoal consiste na aplicação de conceitos, conhecimentos, técnicas e recursos ao desenvolvimento do potencial humano. Todas as pessoas possuem um potencial que pode ser trabalhado e estimulado tendo em vista o atingimento de determinados objetivos.
O desenvolvimento pessoal implica que tenhamos a capacidade de olhar para dentro, para nós mesmos, e identificar os nossos pontos fortes e as nossas lacunas, bem como os nossos objetivos e aquilo que nos move, assim como a nossa história. A partir daí, o desenvolvimento pessoal envolverá entender o que queremos alterar, transformar, potenciar e desenvolver, para conseguirmos atingir os nossos objetivos e sermos bem-sucedidos naquilo a que nos propomos.
Assim, o desenvolvimento pessoal permite-nos a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento das competências pessoas e do nosso potencial, permitindo-nos a concretização de aspirações e objetivos.
O desenvolvimento pessoal tem diversos objetivos:
- Promoção da consciência pessoal e do autoconhecimento;
- Melhoria e desenvolvimento de novas habilidades;
- Construção e renovação da identidade e da autoestima:
- Desenvolvimento do nosso potencial;
- Superação de limitações ou dificuldades;
- Melhoria da qualidade de vida e da saúde;
- Melhoria ou desenvolvimento das competências sociais.
No âmbito do desenvolvimento pessoal, enquanto campo de conhecimento e prática, incluem-se programas de aprendizagem, métodos de desenvolvimento pessoal, avaliação de sistemas, ferramentas e técnicas.
Em termos de temáticas e dimensões trabalhadas no desenvolvimento pessoal, incluem-se a gestão do tempo, o autoconhecimento, a comunicação interpessoal, o empreendedorismo, a educação financeira, a liderança, a motivação, o marketing pessoal, a produtividade pessoal, a qualidade de vida, entre outros.
Quais os pilares do desenvolvimento pessoal?
Para podermos promover o nosso desenvolvimento pessoal existem diversos pilares fundamentais:
- Autoconhecimento – o autoconhecimento é o conhecimento de nós próprios. Pode parecer algo básico e inato, que não precisamos de fazer nada para ter, mas a realidade não é esta. Muitas vezes vivemos em piloto automático, não paramos para refletir e distanciamo-nos de nós mesmos e de quem somos. O autoconhecimento consiste em fazer este esforço consciente para melhor compreender quem somos, as nossas características, comportamentos, atitudes, reações emocionais, preferências, entre outros fatores. Sem um bom autoconhecimento é impossível percebermos que características em nós podemos potenciar e desenvolver, logo, o nosso desenvolvimento pessoal fica limitado;
- Planeamento pessoal: é importante conseguirmos planear, tal como fazemos por exemplo no nosso trabalho, as metas e objetivos que queremos atingir em termos pessoais, já que isto será fundamental para o nosso desenvolvimento pessoal. O planeamento é essencial para nos ajudar a focar e concentrar naquilo que pretendemos atingir e melhora a nossa gestão pessoal, permitindo que saibamos investir o nosso tempo naquilo que de facto é relevante e nos ajuda a aproximar dos nossos objetivos;
- Comunicação interpessoal: o ser-humano é um ser social. Assim, o nosso desenvolvimento ocorre inerentemente em interação com outras pessoas. Deste modo, uma comunicação interpessoal eficaz, clara e assertiva é uma ferramenta fundamental para nos ajudar no atingimento dos nossos objetivos e no nosso desenvolvimento pessoal;
- Criatividade: a criatividade é um ingrediente importante, já que o desenvolvimento pessoal exige que sejamos capazes de pensar e identificar diferentes soluções para diferentes situações, pois é isto que nos permitirá ajustarmo-nos e adaptarmo-nos adequadamente a diferentes situações e contextos de vida;
- Motivação: a motivação é fundamental, já que sem ela dificilmente conseguiremos empreender esforço para o atingimento de objetivos integrados no nosso desenvolvimento pessoal;
- Aprendizagem contínua: a estagnação é impeditiva do desenvolvimento pessoal. Assim, é fundamental que estejamos predispostos para aprender ao longo da vida, contactando com diferentes conhecimentos, saberes, realidades e pessoas;
- Inteligência emocional: é um dos grandes impulsionadores do nosso desenvolvimento pessoal, e diz respeito à nossa capacidade para compreender, gerir e regular as nossas emoções, bem como compreender as emoções das pessoas que nos rodeiam e responder de forma adequada às mesmas.
O projeto de vida no desenvolvimento pessoal
Um conceito importante no âmbito do desenvolvimento pessoal é o de projeto de vida. Tal como as empresas elaboram um planeamento estratégico para atingirem as suas metas e terem sucesso, também as pessoas podem (e devem) elaborar um projeto de vida que as ajude a orientar o caminho por forma a atingir os seus objetivos. O projeto de vida não é algo que fazemos de uma vez e que está concluído, é antes um processo dinâmico e interativo que é revisto continuamente ao longo da vida. Isto porque os nossos objetivos podem mudar, e nós mudamos necessariamente ao longo do tempo e em diferentes fases da vida.
O projeto de vida é, basicamente, a visualização antecipada da vida que desejamos ter, tendo em consideração as nossas expectativas e aspirações. Pode ser estruturado a curto, médio e longo prazo e o seu objetivo é mediar as nossas ações e servir de motivação para as estratégias que implementamos no nosso quotidiano.
No nosso projeto de vida devemos inserir informações como:
- Missão – finalidade da existência, é aquilo que consideramos ser o nosso propósito;
- Visão – visualização do futuro, projetarmos onde queremos chegar;
- Autoconhecimento – identificação das nossas características, interesses, gostos, necessidades. Inclui a identificação daquilo que queremos, a perceção em relação à nossa história e à nossa vida para ser possível elaborar planos;
- Objetivos – é aquilo que queremos alcançar em diferentes domínios da nossa vida (pessoal, profissional, financeiro, familiar, social…);
- Fatores internos – identificação e análise das nossas forças (qualidades, pontos fortes, habilidades) e fraquezas (aspetos que devem ser melhorados);
- Fatores externos – identificação dos fatores do contexto que podem influenciar a concretização dos nossos objetivos. Devem ser identificadas as oportunidades (coisas que podem potenciar a concretização dos nossos objetivos) e as ameaças (aspetos que podem dificultar a concretização dos nossos objetivos). Também devemos considerar os recursos externos que possuímos (a nível financeiro, material, de tempo…);
- Metas – estabelecer prazos para alcançar os nossos objetivos.
O planeamento pessoal
Para investirmos no nosso desenvolvimento pessoal é importante que sejamos capazes de realizar um planeamento pessoal que, como vimos, consiste em planearmos com vista a potenciarmos a concretização dos nossos objetivos.
Para fazermos um planeamento pessoal eficaz, é importante: pensarmos em metas importantes e que realmente queremos atingir; traçarmos objetivos que sejam realistas; estabelecermos prazos para a concretização desses objetivos; registar de forma clara e inequívoca os nossos objetivos; analisarmos os recursos e obstáculos para a concretização dos objetivos e ponderar estratégias para os mesmos.
Quando fazemos um planeamento pessoal, no âmbito do nosso desenvolvimento pessoal, é muito importante sabermos como é que os objetivos devem ser definidos. Muitas vezes temos objetivos muito vagos e apenas “pensados”, o que impede que depois efetivamente possam ser concretizados. Então, a definição correta de objetivos no âmbito do nosso desenvolvimento pessoal implica que estes sejam:
- Específicos, ou seja, não podem ser demasiado vagos, tendo de ter especificidade. Para isso, o objetivo deve responder a algumas questões, tais como “O quê? Quem? Onde? Quando? Com quê?”. Por exemplo, “ter mais saúde” não seria um objetivo específico. No entanto, podemos torná-lo em vários objetivos específicos, tais como “Fazer exercício 2x por semana”, “Fazer um check-up de saúde todos os anos”, etc.
- Mensuráveis: isto significa que temos de conseguir avaliar se o objetivo se concretizou ou não, isto é, têm de existir critérios que permitem verificar se o objetivo foi atingido. Por exemplo, se o objetivo é “Fazer exercício físico pelo menos 2x por semana” conseguimos facilmente avaliar se ele está a ser cumprido ou não. Se o objetivo é “ser rico”, não conseguimos avaliá-lo, pois, é muito subjetivo, mas se o objetivo é “ganhar 3000€ por mês” já conseguimos medir a sua concretização.
- Realistas: se definirmos objetivos muito difíceis ou praticamente impossíveis de atingir, o resultado será provavelmente a frustração. Então, devemos definir objetivos realistas, isto é, que apesar de serem desafiadores, são possíveis de alcançar de acordo com as nossas capacidades e recursos.
- Temporais: sempre que definimos um objetivo deve ser definido também um timing ou prazo para a sua concretização. Senão, o mais provável é que exista um constante adiamento dos passos que devem ser feitos para a concretização do objetivo.
- Positivo: devemos formular os objetivos pela positiva e não pela negativa, pois desta forma estaremos mais motivados. Por exemplo, em vez de definirmos como objetivo “parar de perder tempo com coisas desnecessárias” podemos definir “desenvolver um sistema de organização e gestão do tempo eficaz”.
- Relevante: se não atribuirmos importância aos objetivos definidos, não estaremos motivados e não nos iremos envolver na sua concretização. Por isso, é fundamental que o objetivo seja realmente importante para si e que se sinta motivado(a) a concretizá-lo e responsável por esse processo.
Assim, um bom planeamento pessoal deve ter em conta o planeamento de ações rumo ao objetivo final, e para isso é importante identificarmos:
- O quê: o que será feito?
- Porquê: justificativa e benefícios
- Onde: onde será feito?
- Quem: por que será feito, responsabilidades e pessoas envolvidas
- Como: como será feito, quais os métodos, processos e estratégias
- Quanto: valores envolvidos, planeamento de orçamento se necessário
Para além disto, devemos analisar os obstáculos à concretização dos nossos objetivos, pois não podemos esquecer que o nosso desenvolvimento pessoal não ocorre no vazio, já que somos seres sociais que vivem num contexto e esse contexto tem necessariamente influência. Assim, para o nosso desenvolvimento pessoal e planeamento pessoal, devemos identificar todos os aspetos que podem ter um impacto negativo na realização do nosso objetivo.
Por exemplo, imaginemos que o nosso objetivo é fazer exercício físico 4 vezes por semana. Podemos identificar como obstáculos a disponibilidade horária, a motivação, a possibilidade de deslocação até ao ginásio, etc.
Passo a passo para o desenvolvimento pessoal
O desenvolvimento pessoal é um processo complexo e dinâmico, que não tem fim e que deve fazer parte de todo o nosso percurso de vida. É mais fácil conseguirmos investir no nosso desenvolvimento pessoal se o fizermos de uma forma gradual e progressiva. Assim, de seguida apresentaremos um passo a passo de como podemos potenciar o nosso desenvolvimento pessoal.
1. Invista no autoconhecimento
Como vimos anteriormente, não há desenvolvimento pessoal sem autoconhecimento, já que precisamos de nos conhecer a nós próprios para sabermos o que queremos melhorar e em que direção queremos ir. Assim, o primeiro passo é investir no seu autoconhecimento. Isto envolve reflexão pessoal, refletir e identificar sobre a sua história, as suas qualidades, os pontos que pretende melhorar, a satisfação em diferentes domínios da sua vida, os seus objetivos e metas…
Para auxiliar neste processo, a psicoterapia ou um processo de coaching pode guiá-lo no aprimoramento e investimento no autoconhecimento, que potenciará o desenvolvimento pessoal.
2. Procurar conhecimento
A procura por conhecimento ajuda-nos a refletir e também a desenvolver diferentes competências. Os livros, nomeadamente versados na temática do autoconhecimento, podem ser um recurso valioso para promover a aquisição de conhecimento e suscitar a reflexão pessoal. Assim, leia, procure livros diferentes do seu interesse e que auxiliem o seu crescimento, nomeadamente livros de desenvolvimento pessoal.
3. Aceitar desafios
A melhor forma de se compreender melhor a si próprio e de saber quais os seus interesses e motivações é experimentando. O nosso desenvolvimento pessoal não é possível se estivermos constantemente na nossa zona de conforto. Assim, aceite desafios, experimente coisa novas, saía da sua zona de conforto, teste estratégias e aprendizagens…
4. Fazer um planeamento pessoal
Depois de ter o seu sentido de autoconhecimento e reflexão apurados, e de estar embrenhando no processo de autoconhecimento, comece então a elaborar o seu planeamento pessoal e projeto de vida, que explicamos acima como deve ser feito.
5. Reserve tempo para si
Não é possível investirmos no nosso desenvolvimento pessoal e na concretização do nosso planeamento se não nos priorizarmos e se não tivermos tempo para nós próprios. Assim, o seu desenvolvimento pessoal é um investimento que exige tempo e dedicação. Priorize-se, reserve tempo para si, para o seu tempo livre, hobbies, para a reflexão e para a concretização dos objetivos a que se propôs no planeamento pessoal.
6. Não pare de investir em si
Como vimos, o desenvolvimento pessoal é um processo contínuo e ao longo de toda a vida. Assim, é fundamental que não pare de investir em si. O que é que isto significa? Reveja o seu planeamento pessoal, ajuste os seus objetivos, reserve tempo para si, invista na sua formação, faça exercício físico, faça psicoterapia…