Reducitarianismo: conheça as vantagens desta prática alimentar

reducitarianismo

Já pensou que bom seria equilibrar a dieta e, ao mesmo tempo, contribuir para um mundo melhor? Ótimo, não é? Pois bem, saiba que isso é perfeitamente possível, sobretudo se é uma pessoa preocupada em manter um estilo de vida mais saudável – e sustentável. Equilíbrio é a palavra de ordem de um importante movimento que tem vindo a conquistar adeptos em todo o mundo: o reducitarianismo.

Dieta recente, que se consolidou, principalmente, nos Estados Unidos da América, o reducitarianismo convida-nos a refletir sobre os alimentos de origem animal, cujo consumo excessivo tem vindo a ser desencorajado por nutricionistas e nutrólogos. Ademais, para além dos benefícios à saúde, o reducitarianismo tem também benefícios para o meio ambiente, os quais abordaremos neste artigo.

O que é o reducitarianismo?

O reducitarianismo é uma prática alimentar que defende a redução do consumo de carne (vermelha e aves), peixe e marisco, bem como de laticínios e ovos, independentemente do grau de motivação.

Criado pelo ambientalista Brian Kateman, fundador da Reducetarian Foundation, o reducitarianismo está situado entre o veganismo e vegetarianismo, dietas mais radicais que eliminam (algumas vezes em parte) os produtos de origem animal. Este conceito alimentar é ideal para aqueles que não conseguem e/ou querem assumir um compromisso com as dietas restritivas, mas que têm interesse em reduzir a quantidade de produtos derivados de animais na alimentação, seja por razões pessoais ou ambientais.

E por falar em meio ambiente, um dos focos do reducitarianismo é a preocupação com a natureza. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), a indústria de carne responde, sozinha, por aproximadamente 15% da emissão de gases com efeito estufa.

Além disso, milhares de hectares de florestas são desmatados para a criação de pastos, da mesma forma que os rios e lagos são poluídos com os resíduos dessa atividade. Por isso, é urgente falarmos sobre práticas coletivas, entre elas o reducitarianismo, que possam mitigar os efeitos nefastos que a atividade agropecuária tem sobre o planeta.

Na prática, como funciona o reducitarianismo?

Diferentemente do vegetarianismo e veganismo, não existem regras restritas para aqueles que desejam aderir ao reducitarianismo. A regra é apenas uma: reduzir o consumo de proteínas animais, lacticínios e ovos. Pode escolher dias específicos livres de carne (movimentos como o “Segunda Sem Carne” são endossados por essa filosofia) ou passar a reservar apenas uma refeição do dia com esse alimento, será você quem vai definir o que é melhor face à sua realidade.

Todavia, embora seja um plano alimentar flexível, é importante que não regrida, e que vá reduzindo o consumo de carne e outros produtos de origem animal de forma gradual.

Quais os principais benefícios do reducitarianismo?

Estudos iniciais indicam evidências de que consumir proteína animal em excesso pode provocar uma resposta inflamatória intestinal. Como o intestino é um órgão que desempenha uma função importante na defesa imunitária, isso poderia trazer efeitos colaterais adversos.

Ademais, é importante referir que a carne vermelha tem em sua composição elementos que, durante a digestão, libertam radicais livres, cuja ação está associada ao surgimento de doenças degenerativas, cancro da mama, da próstata ou do cólon. Devido ao teor de gordura saturada da carne e derivados, verificam-se ainda colesterol elevado, ataques cardíacos, obesidade, hipertensão, diabetes, osteoporose, asma, artrite, pedra nos rins e até mesmo impotência.

Portanto, ao diminuir o consumo de proteína animal, é possível reduzir as chances de ocorrência destes problemas. Diminua o consumo de carne e aumente a ingestão de vegetais, alimentos que, em detrimento de alimentos cárneos, contribuem para uma maior absorção de fibras, vitaminas, minerais e nutrientes antioxidantes – o que ocasionará em uma considerável melhoria do funcionamento intestinal, redução da inflamação do organismo e consequente perda de peso. 

O reducitarianismo tem riscos para a saúde?

Como referido, o reducitarianismo pode proporcionar inúmeros benefícios para a saúde, não obstante, convém ressaltar que o princípio do equilíbrio deve ser respeitado. Isto significa dizer que remover por completo os alimentos de origem animal pode gerar deficiências nutricionais severas, por isso é fundamental contar com a orientação de um nutricionista ou nutrólogo, profissionais melhor qualificados para lhe indicar quais os melhores alimentos cujos nutrientes possam suprir aqueles que são encontrados nos alimentos de origem animal.

Pessoas que aderem ao reducitarianismo, e que aos poucos evoluem para o vegetarianismo ou mesmo para o veganismo, precisam de procurar mais leguminosas como fonte de proteínas, além de grãos como a quinoa, reconhecidos pelo seu alto teor proteico. Além disso, é importante controlar o consumo de hidratos de carbono, visto que muitas pessoas passam a consumir, como forma de compensar, essa substância em quantidades muito acima das recomendadas – o que se poderá traduzir num aumento do peso e inflamações.

Outro problema gerado pela adesão sem supervisão profissional ao reducitarianismo é a ocorrência de alterações nas hormonas. Pode haver diminuição de estrogénio, inclusive com interrupção da menstruação, queda no metabolismo e redução da ação das hormonas da tiroide. Portanto, as mudanças devem ser feitas de forma cuidadosa, sempre respeitando as suas necessidades e contemplando, na sua dieta, vegetais de grupos variados.

Quem adere precisa de suplementar ferro?

Quando a dieta reducitarianista não está devidamente equilibrada, pode levar à deficiência de vitamina B12 e de ferro, sendo, portanto, necessário o uso de suplementos para que os patamares mínimos desses nutrientes sejam alcançados.

No entanto, muitos especialistas referem que o corpo humano pode passar até 15 dias sem carne sem que as reservas de vitamina B12 se esgotem. Ademais, quando em excesso no organismo, o ferro pode provocar efeitos colaterais, daí ser importante passar pela avaliação de um especialista antes de iniciar a suplementação.

Dicas para introduzir o reducitarianismo na sua vida

Quer uma ajuda para começar a dieta reducitarianista? Então fique atento às dicas que partilharemos infra:

  • Não consuma carne ou outros produtos animais uma vez por semana. Pode aderir ao movimento do “Segunda Sem Carne”;
  • Faça substituições diárias, como trocar a carne vermelha por leguminosas (soja, lentilhas, etc.), frutos secos (nozes) ou cereais (quinoa);
  • Diminua as porções de proteína animal – por exemplo, coma um bife menor do que aquele que costumava comer antes de aderir ao reducitarianismo;
  • Substitua o leite e derivados por bebidas e alternativas vegetais, como iogurtes à base de soja, aveia, amêndoa e arroz;
  • Se for comer carne ao almoço, evite comer ao jantar (ou vice-versa);
  • Consumir alimentos de origem animal apenas no fim de semana.

Em suma, o reducitarianismo pode ser resumido da seguinte forma: qualquer esforço para redução de consumo de produtos de origem animal é melhor do que nenhum esforço. O meio ambiente e a sua saúde agradecem. Cuide-se!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)