Diabetes tipo 1: o que é, causas, sintomas e tratamentos

diabetes tipo 1

A diabetes tipo 1, também conhecida como diabetes mellitus, diabetes infantojuvenil ou diabetes insulinodependente, é uma doença que, embora possa ocorrer em qualquer idade, é mais comum durante a infância e no início da idade adulta.

Neste tipo de diabetes, a produção de insulina no pâncreas é insuficiente, visto que as células sofrem de um processo conhecido por “destruição autoimune”. Os portadores dessa patologia necessitam de injeções diárias de insulina para que os níveis de glicose no sangue sejam mantidos em valores normais, caso contrário, existem risco de vida para o paciente.

De acordo com a Organização Nacional de Diabetes (ONS), a prevalência estimada da diabetes tipo 1 nas crianças e nos jovens em Portugal é de 3327 indivíduos com idades entre 0-19 anos, número que corresponde ao percentual de 0,16% da população portuguesa neste grupo etário. Felizmente, o número tem se mantido estável nos últimos anos, o que demonstra os esforços quem vêm sendo empenhados para a conscientização e tratamento da doença.

Além disso, na última década tem-se verificado uma diminuição significativa do número de anos potenciais de vida perdida em decorrência da diabetes tipo 1 em Portugal, facto que comprova que é possível conviver com a doença e ter qualidade de vida, basta que os cuidados específicos do tratamento sejam respeitados.

Quer saber mais sobre a diabetes tipo 1, as suas causas, fatores de risco, diagnóstico, tratamentos e outros detalhes? Então continue a leitura deste artigo que preparamos especialmente para si.

O que é a diabetes tipo 1?

A diabetes tipo 1 é uma doença crónica, isto é, necessita de tratamento contínuo ao longo da vida, sendo sua principal característica o aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue. Damos o nome de glicemia à quantidade de glicose no sangue, sendo esta a principal fonte de energia do organismo. A glicose é proveniente da digestão e transformação dos alimentos, entre eles amidos e açúcares, presentes na alimentação. Para que possa ser utilizada pelo organismo, é indispensável a participação da “hormona da vida”, nomeadamente, a insulina.

Por sua vez, a insulina é produzida nas células do pâncreas, e a sua ação está associada ao metabolismo dos açúcares, das gorduras e das proteínas que são a base da nossa alimentação, constituindo as fontes de energia do organismo, daí o nome “hormona da vida”, visto que é considerada fundamental para o nosso bem-estar.

Quais as causas da diabetes tipo 1?

Algumas pessoas sofrem com o ataque equivocado do sistema imunológico às células beta-pancreáticas, localizadas no pâncreas. São responsáveis por sintetizar e expelir a hormona insulina, que regula os níveis de glicose no sangue. Desta forma, pouca ou nenhuma insulina é libertada para o corpo, e o resultado dessa falta ou escassez é a acumulação de glicose no sangue, o que impede que este importante hidrato de carbono seja transformado em energia.

É importante referir que a diabetes tipo 1 surge, regra geral, na infância ou durante a adolescência, contudo, pode ser também diagnosticada em adultos. O seu tratamento dá-se com insulina, medicamentos, planeamento alimentar e atividade física, cuidados que se revelam essenciais no controlo do nível de glicose no sangue.

Quais os sintomas deste tipo de diabetes?

Entre os principais sintomas da diabetes tipo 1 estão:

  • Vontade de urinar diversas vezes ao dia (poliúria);
  • Fome frequente (polifagia);
  • Sede constante (polidipsia);
  • Perda de peso corporal (em alguns casos ocorre mesmo com a fome excessiva);
  • Fraqueza;
  • Sensação de fadiga e dores musculares;
  • Nervosismo;
  • Mudanças de humor;
  • Dores de cabeça, náuseas e vómitos.

Na diabetes tipo 1, os sintomas tendem a surgir rapidamente, facto que a diferencia da diabetes tipo 2, em que os sintomas surgem de forma gradual. Por se manifestarem de forma súbita, o diagnóstico pode ser feito precocemente, o que certamente contribuirá para o sucesso do tratamento.

Todavia, quando tardio, as células do organismo podem não conseguir a glicose necessária para produzir toda a energia de que precisam, neste caso, o corpo passa a quebrar gordura e músculo para produzir energia. Essa quebra leva à produção de corpos cetónicos, que entram na corrente sanguínea e causam um desequilíbrio denominado por cetoacidose diabética química, cujos sintomas são:

  • Perda de apetite, dor abdominal e vómitos;
  • Pele avermelhada, quente e seca;
  • Respiração rápida e profunda;
  • Um odor frutado e forte na respiração, chamado de hálito cetónico;
  • Agitação ou sonolência, dificuldade para acordar, confusão ou coma.

Importante: a diabetes tipo 1 não está relacionada com maus hábitos de vida ou de alimentação. Em regra geral, não há nada que a pessoa possa fazer para prevenir o surgimento da doença.

Como é feito o diagnóstico?

Normalmente, o diagnóstico de diabetes tipo 1 é feito através de três exames:

  • Glicemia de jejum: mede o nível de açúcar no sangue no momento, servindo para monitorização do tratamento da doença. Os valores de referência ficam entre 65 a 99 miligramas de glicose por decilitro de sangue (mg/dL).
  • Hemoglobina glicada: é capaz de mostrar uma média das concentrações de hemoglobina no sangue nos últimos meses. Os valores mostrarão se há ou não incidência de hiperglicemia (elevação da glicose no sangue), iniciando uma investigação para a diabetes tipo 1.
  • Curva glicêmica: mede a velocidade com que o corpo absorve a glicose após a ingestão.

Qual o tratamento da diabetes tipo 1?

Para que o tratamento tenha sucesso, é essencial que o paciente mantenha uma vida saudável e controle a glicemia, pois só assim será possível evitar eventuais complicações da diabetes tipo 1. Entre os principais cuidados que o paciente deverá adotar estão:

  • Controlar o nível de glicose no sangue: a medição pode ser feita por meio de um monitor de glicemia ou por meio de bombas de insulina (equipamentos que apenas devem ser utilizados com orientação de uma equipa multidisciplinar), e deve ser feita nos horários corretos, nas situações apropriadas e com a frequência ideal. Com os dados obtidos, será possível tomar as melhores decisões a fim de evitar altas e baixas de glicose no sangue, antes que provoquem transtornos para a saúde do paciente. 
  • Fazer um planeamento alimentar: uma alimentação saudável é algo fundamental para todas as pessoas, sejam portadoras ou não de diabetes tipo 1. Para quem tem diabetes tipo 1, uma ferramenta muito importante é a contagem de hidratos de carbono, cujos valores devem ser anotados para que sejam evitados excessos.
  • Praticar atividades físicas: as atividades físicas frequentes ajudam a baixar as taxas de glicemia. Diversos estudos comprovaram que praticar exercício físico favorece o humor, o sono e a disposição para outras atividades. Além disso, esse hábito evita doenças cardiovasculares e até degenerativas, como a doença de Alzheimer.

A diabetes tipo 1 tem cura?

A diabetes tipo 1 não tem cura, por isso, como já referimos, é muito importante que seja acompanhada por uma equipa multidisciplinar durante toda a vida do paciente. Todavia, existem estudos em andamento que tentam usar células-tronco para curar o pâncreas do portador da doença; além disso, existem tecnologias disponíveis que melhoram muito o controlo dos níveis de insulina.

A autovigilância da glicemia é primordial para controlar todos os aspetos do tratamento, bem como o autoconhecimento. Quanto mais elevado for o grau de motivação da pessoa com diabetes, melhor será o controlo e a gestão da doença. Portanto, aceite a condição e faça o acompanhamento adequado para que assim desfrute de uma vida com mais qualidade. Cuide-se!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)