Doença de Alzheimer: tipos, sintomas, causas e tratamentos

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Deterioração progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, como memória, atenção, linguagem, concentração, pensamento, entre outras. Perda da autonomia, dependência extrema de terceiros para realizar atividades que antes eram simples e rotineiras.

De repente, aquela pessoa com quem se convivia começa a oscilar entre momentos de extrema apatia com episódios de grande agitação e confusão mental. De acordo com relatos de cuidadores, é como se fosse embora ainda em vida, tornando-se alguém irreconhecível, facto que abala não apenas o doente, mas a toda a sua família.

Os sintomas acima descritos, extremamente dramáticos, referem-se à doença de Alzheimer, a causa mais comum de demência – um grupo de distúrbios cerebrais que causam a perda de habilidades sociais e intelectuais. As células cerebrais degeneram e morrem, levando a um declínio progressivo da memória e demais funções mentais.

Em Portugal, estima-se que existam cerca de 200 mil casos de doentes de Alzheimer. De acordo com recente relatório da Alzheimer Europe, até 2050 o número de pessoas afetadas pela enfermidade mais do que duplicará, atingindo 3,82% da população, consequência do aumento expressivo do número de pessoas com mais de 70 anos – sobretudo, na faixa daqueles com mais de 85 anos.

Portugal é hoje um país envelhecido, que assiste inerte ao aumento de casos de demência, facto que terá de ser necessariamente contornado através de políticas públicas de prevenção que respondam às necessidades das pessoas com demência, bem como dos seus cuidadores.

Se se interessa pelo assunto, é um cuidador informal ou acredita que um seu ente querido possa estar a sofrer com o Alzheimer, é importante que conheça algumas das informações deste artigo. Entre outros, abordaremos pormenores sobre a doença, como os seus sintomas, causas, diagnóstico e tratamentos contra esta enfermidade que é responsável por 50 a 70% dos casos de demência em todo o mundo.

O que é Alzheimer?

A doença de Alzheimer é uma patologia neurodegenerativa que leva ao comprometimento severo das funções cognitivas, reduzindo drasticamente as capacidades de trabalho e de relações sociais. À medida em que avança, visto ser uma doença progressiva, acaba por interferir no comportamento e personalidade do doente, causando a perda de memória.

No início, o paciente apresenta sinais que raramente são identificados, como o esquecimento de coisas simples do quotidiano. Todavia, com o tempo, os sintomas agravam-se, provocando impactos significativos na sua rotina, já que começa a apresentar uma redução da capacidade de aprendizagem, atenção, orientação, compreensão e linguagem. Como consequência, torna-se dependente da ajuda de terceiros para realizar atividades como a sua higiene pessoal e alimentação.

Nota: A incidência e prevalência da Doença de Alzheimer aumenta com a idade, duplicando a cada cinco anos após a sexta década de vida.

De onde surgiu o nome Alzheimer?

Alzheimer é o sobrenome do primeiro médico a descrever a doença, no ano de 1906. Alois Alzheimer estudou e publicou o caso de uma paciente, Auguste Deter, que, aos 51 anos, gozando de uma boa saúde, desenvolveu um quadro de perda constante e progressiva de memória, além de distúrbio de linguagem que dificultava aspetos como a compreensão e a comunicação – fatores que a tornaram incapaz de cuidar de si.

Quando Auguste Deter morreu, aos 55 anos, o médico Alois Alzheimer examinou o seu cérebro, identificando alterações que hoje são conhecidas pela medicina como as principais características deste tipo de demência.

Quais as fases do Alzheimer?

Como referido, a doença de Alzheimer é uma doença progressiva, agravando-se com o tempo. Não obstante, é importante salientar que muitos pacientes apresentam períodos de estabilidade. Conheça agora as três fases da doença de Alzheimer e entenda a evolução dos seus sintomas:

Estágio inicial da Alzheimer

Nesta fase, a perda de memória do idoso é interpretada como um sinal normal da velhice, por isso, muitos familiares não conseguem associar os primeiros sintomas com o Alzheimer. Conheça os sinais:

  • Perda de memória: a pessoa não  consegue se lembrar de atividades que realizou há poucos minutos;
  • Dificuldades para se expressar: a linguagem fica comprometida, assim como a compreensão de enunciados simples;
  • Perda da orientação no tempo e espaço: não sabe a hora ou o dia da semana e costuma perder-se em locais que antes lhe eram familiares;
  • Inabilidade para tomar decisões;
  • Inatividade e desmotivação;
  • Oscilação de humor, apresentando episódios de depressão ou ansiedade;
  • Reações extremas: a pessoa passa a demonstrar uma raiva desmedida e agressividade em algumas situações;
  • Perda de interesse por atividades que antes praticava com prazer.

Estágio intermediário da Alzheimer

Com o avançar da doença, as limitações ficam mais percetíveis e severas. Há um significativo comprometimento da rotina, causados pelos seguintes sintomas:

  • Memória comprometida, o que a impede de reconhecer pessoas, os seus nomes e eventos recentes;
  • Incapacidade para viver sozinha sem que isso lhe traga consequências;
  • Inabilidade para executar tarefas diárias, como limpar a casa, fazer compras e cozinhar;
  • Dependência extrema de um familiar ou cuidador, que certamente a ajudará em ocasiões como realizar a higiene pessoal, lavar-se e vestir-se;
  • Avanço da dificuldade na fala;
  • Alterações graves de comportamento, tais como gritar, repetir perguntas, agarrar-se e apresentar distúrbios do sono;
  • Perde-se tanto em casa como fora de casa, não sendo, por isso,aconselhado que saia sozinha;
  • Quadros de alucinações, como ver e ouvir coisas que não existem.

Estágio avançado da Alzheimer

Nesta etapa do Alzheimer, o paciente já demonstra total dependência e inatividade. Entre os principais sintomas, destacamos:

  • Dificuldades para se alimentar e para deglutir;
  • Inexistência da comunicação;
  • Não reconhecimento de familiares e amigos;
  • Incapacidade para entender eventos que acontecem na rotina da casa;
  • Dificuldade para caminhar;
  • Incontinência urinária e fecal;
  • Manifestação de comportamento inadequado em público;
  • Ficar acamada ou necessitar de uma cadeira de rodas.

Quais são os tipos de Alzheimer?

Genericamente existem dois tipos de Alzheimer:

  • Alzheimer de início precoce: surge por volta dos 40 e 50 anos. Por essa razão, a doença não pode ser associada apenas à velhice, embora seja mais comum em indivíduos acima de 65 anos.
  • Alzheimer de início tardio: este tipo representa a maioria dos casos de demência no mundo, em que são afetadas pessoas acima dos 65 anos.

Quais são as causas do Alzheimer?

Os cientistas acreditam que a doença pode ser desencadeada a partir de uma combinação de fatores genéticos e ambientais, bem como do estilo de vida. Estes fatores, a longo prazo, afetam o cérebro e causam o Alzheimer, cujos efeitos deixam marcas indeléveis na vida do paciente.

Não obstante, embora as suas causas ainda sejam objeto de estudo para os investigadores que se debruçam na investigação deste tipo de demência, o Alzheimer manifesta-se de forma bastante clara sobre o cérebro, danificando as suas células e comprometendo as conexões entre aquelas que sobrevivem.

Quando examinado, o cérebro do paciente apresenta, além do encolhimento, anormalidades típicas da doença. São elas:

  • Placas: uma proteína conhecida como beta-amilóide que se aglomera e destrói células cerebrais, interferindo na comunicação entre estas.
  • Emaranhados: desmoronamento da rede de transportes interna dos neurónios, causando a inibição da capacidade dos neurónios de trabalharem juntos.

Quando procurar ajuda médica?

A ajuda médica é essencial, visto que o tratamento poderá ser eficaz contra a evolução da doença. Contudo, não é fácil fazer o diagnóstico do Alzheimer, pois a família tem dificuldades em associar os sintomas à doença, o que leva à demora na procurar por ajuda médica.

Como já referimos, alguns dos sintomas da doença de Alzheimer são entendidos como meros sinais do processo natural de envelhecimento, avaliação errada que pode diminuir as probabilidades de sucesso das terapêuticas responsáveis por minimizar os impactos desta enfermidade na vida do paciente. Por isso, é fundamental estar atento a mudanças de comportamento e, caso aconteçam, recomendamos que procure o auxílio de um médico especialista, nomeadamente, um neurologista, psiquiatra, geriatra ou clínico geral.

O diagnóstico será realizado por meio de exame clínico, isto é, uma avaliação feita por um médico, que definirá, a partir de exames laboratoriais e de imagem do cérebro, bem como uma análise do histórico do paciente, a provável hipótese para a causa da demência.

Tratamento do Alzheimer

Alguns medicamentos, como a rivastigmina, galantamina e o donepezil podem ser utilizados no tratamento do Alzheimer. Embora não impeçam a progressão da doença, que é incurável, podem amenizar ou retardar os efeitos da enfermidade, sobretudo no seu estágio inicial. Quanto aos distúrbios de comportamento, identificados no segundo e terceiro estágios, poderão ser prescritos neurolépticos atípicos e outros fármacos que atuam no controlo da depressão, transtornos do sono, défice de memória, entre outros sintomas.

Lembre-se: somente um médico poderá dizer a medicação mais adequada para o tratamento do Alzheimer, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Respeite as orientações do especialista, não interrompa o uso do medicamento e jamais se automedique. A doença de Alzheimer não tem cura, contudo, com o tratamento adequado, é possível que o paciente tenha uma melhor qualidade de vida.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)