Demência: conheça os tipos, sintomas e possíveis tratamentos

demencia

Sabia que em Portugal existem 153 idosos para cada 100 jovens? Este número faz do nosso país o terceiro da União Europeia em rácio de idosos para jovens. Apenas 13,9% da população tem menos de 15 anos, enquanto 21,3% tem mais de 65, de acordo com o retrato divulgado no Dia Europeu da Estatística.

Nas próximas décadas, o Instituto Nacional de Estatística (INE) estima que a população de idosos aumente dos atuais 2,2 para 3,0 milhões, e o índice de envelhecimento só tenderá a estabilizar em 2050.

Estes números impressionantes demonstram a urgente necessidade de melhorar as políticas de saúde direcionadas à população idosa, bem como pensar na evolução das doenças típicas dessa faixa etária, como a demência, tema que abordamos neste artigo.

Ficou interessado? Então leia e descubra mais sobre a demência.

O que é demência?

A demência trata-se de uma condição em que se verifica a perda da função cerebral, com sintomas que afetam diretamente a qualidade de vida da pessoa. Entre os principais problemas desta condição estão a perda da memória, o declínio cognitivo e de raciocínio, dificuldade de comunicação, entre outros, capazes de alterar o comportamento do idoso, modificando de forma drástica sua personalidade.

O termo demência abarca várias doenças neurodegenerativas que levam o paciente a perder a capacidade de executar tarefas simples do dia a dia.

Existem diferentes tipos de demência?

Sim, podendo ser agrupados em dois grandes grupos: as demências reversíveis, cujos danos ao cérebro podem ter seus sintomas revertidos (tumores cerebrais, deficiência de vitamina B12, hidrocefalia normotensiva, entre outros), e as demências irreversíveis, cujos danos são progressivos, não podendo ser interrompidos ou revertidos (doença de Alzheimer).

Os mais recentes dados epidemiológicos apontam para a existência de 153 mil pessoas com demência em Portugal, das quais 90 mil têm doença de Alzheimer, que hoje é a forma de demência mais prevalente no país. Ou seja, cerca de 1% do total da população nacional sofre com os impactos desta patologia.

Quais as principais causas da demência?

Existem várias doenças capazes de levar à demência. Vamos conhecer agora as principais causas das demências degenerativas:

  • Doença de Alzheimer;
  • Doença com corpos de Lewy, cuja incidência é menor apenas do que a incidência do Alzheimer;
  • Demência vascular, consequência de uma série de pequenos acidentes vasculares cerebrais (AVC);
  • Demência frontotemporal (DFT), degeneração que acomete o lóbulo frontal e que pode migrar para o lóbulo temporal do cérebro;
  • Demências reversíveis:
  • Hidrocefalia normotensiva;
  • Tumores cerebrais;
  • Abuso crónico do álcool;
  • Uso de determinados medicamentos, nomeadamente os utilizados no tratamento do colesterol;
  • Baixos níveis de vitamina B12, capaz de prevenir problemas cardíacos e derrame cerebral;
  • Demências de causa metabólica, isto é, quando há alterações nos níveis de açúcar, sódio e cálcio no sangue.

Outros tipos comuns de demência:

  • Esclerose múltipla;
  • Traumatismo craniano;
  • Doença de Parkinson;
  • Doença de Pick;
  • Doença de Huntington;
  • Infeções que podem afetar o cérebro, como HIV/SIDA e doença de Lyme.

Quais os fatores de risco que levam à demência?

Existem diversos fatores capazes de provocar a demência, sendo os mais comuns:

  • Idade: O risco de demências aumenta significativamente à medida que uma pessoa envelhece, sobretudo após os 65 anos de idade. Não obstante, pode também afetar pessoas mais novas;
  • Histórico familiar: esta condição aumenta o risco de desenvolvimento de algum tipo de demência. Entretanto, pessoas com mutações genéticas específicas estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de certos tipos de demência;
  • Síndrome de Down: muitas pessoas com síndrome de Down podem desenvolver sintomas associados à demência por volta da meia idade;
  • Abuso de bebidas alcoólicas;
  • Hipertensão;
  • Colesterol elevado;
  • Depressão;
  • Diabetes;
  • Obesidade;
  • Tabagismo;
  • Alteração nos níveis de homocisteína, aminoácido presente no sangue;
  • Aterosclerose.

Quais os sintomas de demência?

Os sintomas da demência podem variar de acordo com a causa que está na sua origem, não obstante, os mais comuns são:

  • Perda de memória;
  • Desorientação;
  • Alterações de personalidade;
  • Incapacidade de estabelecer razão;
  • Comportamento inadequado;
  • Paranoia;
  • Agitação;
  • Alucinações;
  • Perda de peso;
  • Incontinência urinária e fecal;
  • Movimentos e fala repetitivos;
  • Dificuldades em realizar a higiene pessoal;
  • Dificuldades de comunicação;
  • Dificuldades em executar tarefas complexas;
  • Dificuldade com o planeamento e organização;
  • Dificuldade nas funções de coordenação e motoras.

Caso reconheça algum destes sinais (em si ou em terceiros) é de todo recomendável procurar aconselhamento médico de forma a ser avaliado. O diagnóstico da demência é essencial para estabelecer o seu tipo e os possíveis tratamentos.

É possível prevenir a demência?

Infelizmente, a maioria das causas de demência não pode ser prevenida, não obstante, é possível diminuir o risco de demência vascular, doença provocada por uma série de pequenos derrames. Entre as suas principais causas estão o tabagismo, a hipertensão e a diabetes, condições que podem ser eliminadas (no caso do cigarro) ou revertidas com a prática de exercício física e uma dieta livre de gordura.

Quais os tratamentos para a demência?

As demências irreversíveis não possuem cura, entretanto, existem medicações capazes de melhorar o comportamento da pessoa doente, mas que não têm potencial para reverter o quadro degenerativo, tampouco interrompê-lo.

Outras terapêuticas e mudanças de hábitos também podem ser indicados no tratamento da demência, como exercícios mentais, jogos multitarefas, exercício físico, alimentação equilibrada e deixar de fumar. O tratamento tem como principal objetivo controlar os sintomas, permitindo que tenham uma evolução mais tranquila.

Já as demências reversíveis podem ser curadas, e o tratamento adequado deverá ser definido de acordo com a patologia, sempre com a orientação de um médico.

Como pode a família colaborar no tratamento?

Família e cuidadores informais têm um papel significativo para a melhoria da qualidade de vida da pessoa que padece de demência. Entre as medidas a serem tomadas estão:

  • manter ao máximo a rotina diária da pessoa doente;
  • não modificar abruptamente o ambiente em que ela vive;
  • propiciar momentos de exposição solar por, pelo menos, uma hora pela manhã;
  • estimular a prática de atividades físicas, como caminhadas, por exemplo;
  • evitar barulhos e luminosidade durante a noite;
  • Estimular a linguagem verbal e não verbal;
  • incentivar a participação em grupos de apoio.

Lembre-se: quanto mais paciência e amor a família dispensar à pessoa que sofre de demência, menos doloroso será o processo. Se possível, procure apoio de profissionais especializados na terceira idade, como psicólogos, dentistas, fisioterapeutas, geriatras e enfermeiros, capazes de orientar e acolher os familiares, de modo a que o paciente tenha uma vida mais confortável e com menores riscos de intercorrências.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)