Já teve que trabalhar num ambiente mal iluminado, mal ventilado, com excesso de ruído e com mobiliário inadequados às atividades laborais? Em caso afirmativo, sabe bem a falta que a ergonomia no trabalho faz, conceito extremamente importante que visa assegurar a saúde do trabalhador através de um conjunto de ações que promovam o máximo de conforto durante o horário de trabalho.
Facto é que, quando não nos sentimos confortáveis no lugar onde passamos uma boa parte do dia, provavelmente não conseguiremos ser produtivos e engajados com as demandas e assuntos da empresa, contratempo que impacta o bem-estar de todos, além de causar prejuízos financeiros inestimáveis.
Se este é um tema que desperta o seu interesse, então não deixe de ler este artigo, no qual abordamos a ergonomia do trabalho, a sua importância e principais benefícios. Boa leitura!
O que é a ergonomia no trabalho?
A ergonomia no trabalho é um conjunto de disciplinas, cujo propósito é potenciar a eficiência do ambiente de trabalho numa determinada organização. Tem como principais objetivos estabelecer uma relação mais harmónica entre os funcionários e as máquinas, proporcionar mais conforto e reduzir os riscos de desenvolvimento de doenças ocupacionais.
Neste âmbito, é incontestável que, quando há uma boa interação entre colaboradores e o espaço de trabalho, são menores as probabilidades destes apresentarem desgaste físico ou psicológico, problemas comuns em ambientes que não foram contruídos a pensar no bem-estar das pessoas.
Quando surgiu o conceito de ergonomia do trabalho?
O conceito de ergonomia do trabalho é mais antigo do que se possa imaginar: foi colocado em discussão no longínquo ano de 1700, por ocasião do lançamento do livro “De Morbis Artificum“, da autoria do médico italiano Bernardino Ramazzini.
Nesta obra pioneira, Ramazzini estabelece conexões entre doenças e lesões ao espaço / condições de trabalho, alertando ainda para os riscos do trabalho em ambientes insalubres – com pó, produtos químicos, entre outros materiais comuns em contextos laborais do século XVIII.
Mais de 200 anos depois, em 1911, o tema voltou a ser abordado com ênfase no livro “Princípios da Administração Científica”, escrito pelo engenheiro mecânico Frederick Taylor. Nele, Taylor discorre acerca da importância de se encontrar as melhores formas de executar um trabalho e as atividades a ele relacionadas.
Nessa mesma época, o casal Frank e Lilian Gilbreth, ambos engenheiros industriais, desenvolveu o “Estudo de Tempos e Movimentos”, cujo objetivo foi mostrar que, ao proceder a melhorias nas condições laborais, uma empresa contribuía significativamente para a prevenção de lesões em esforços repetitivos a longo prazo.
Graças às pesquisas realizadas por Gilbreth e Taylor foi possível desenvolver o conceito de ergonomia no trabalho, que se tornou uma área de estudo.
Tipos de ergonomia no trabalho
A ergonomia pode ser dividida em três diferentes tipos, a saber:
1. Ergonomia física
Entre os principais objetos de avaliação da ergonomia física estão segurança e saúde do trabalhador, movimentos repetitivos e a adequações nos postos de trabalho. A sua visão parte da anatomia, biomecânica e ciências relacionados para propor mudanças relevantes.
A ergonomia física pode ser subdividida em outras quatro partes:
- Ergonomia de correção: Trata de aspetos que geram desconforto, dores ou incómodos aos funcionários, geralmente relacionados com a iluminação, ruídos e temperatura. Nestes casos, a empresa deve usar a ergonomia de correção para ajustar o que for necessário para garantir um ambiente funcional adequado para a realização das tarefas.
- Ergonomia de conscientização: trata-se da conscientização dos colaboradores sobre a importância da ergonomia no trabalho e os impactos positivos da sua implementação.
- Ergonomia de conceção: é utilizada quando a empresa precisa de criar um posto de trabalho ou setor, quando precisar de substituir algum mobiliário, alterar o layout, trocar o sistema de iluminação ou quando se irá deslocar para novas instalações. A análise prévia do ambiente pode evitar inadequações.
- Ergonomia participativa: é uma das formas de garantir a prevenção de riscos e acidentes ergonómicos no ambiente laboral. Como o nome sugere, são os próprios colaboradores que identificam problemas e propõem melhorias.
2. Ergonomia cognitiva
Esse tipo de ergonomia tem como foco a preservação da saúde mental no trabalho, ao levar em consideração o impacto psicológico das tarefas realizadas, sobretudo no que respeita a processos mentais extenuantes, que podem provocar um estado de stress contínuo nos colaboradores.
3. Ergonomia organizacional
As estruturas, rotinas e processos adotados pelas empresas são alvo de análise da ergonomia organizacional. Este segmento propõe adaptações aos fatores culturais, clima organizacional, metas e objetivos, a fim de evitar cenários de sobrecarga aos colaboradores e promover mais qualidade de vida no trabalho.
Qual a importância da ergonomia no trabalho?
Sabia que a baixa produtividade está intrinsecamente relacionada à inadequação do ambiente laboral? Isto significa que, quando não há qualquer preocupação com a ergonomia no trabalho, os funcionários ficam mais suscetíveis a desenvolverem lesões e doenças ocupacionais que podem levar ao afastamento e à incapacitação definitiva, sobretudo nos casos mais graves.
A função da ergonomia no trabalho é analisar o ambiente a fim de o tornar o mais benéfico possível. Para isso, propõe alterações que podem evitar o desenvolvimento de diversas doenças que impactam não apenas a saúde física, mas também a saúde mental. Entre as principais soluções apontadas pela ergonomia estão melhorias nos seguintes aspetos:
- Temperatura: índices elevados de temperatura (de calor ou frio), bem como alta humidade pode prejudicar a saúde e o desenvolvimento do colaborador;
- Iluminação: uma iluminação ineficiente está associada ao desenvolvimento de problemas de visão e à redução da capacidade de produção, seja em ambiente de escritório ou indústria;
- Ruído: barulhos excessivos estão entre as principais causas da deterioração da saúde auditiva, especialmente quando o trabalhador é constantemente exposto a ruídos sem a proteção adequada.
- Problemas de postura: mesas, cadeiras e instrumentos de trabalho adequados são fundamentais para que problemas de postura sejam evitados. Quando uma empresa se preocupa em assegurar conforto aos funcionários, tem como retorno um menor índice de abstenções laboral. Assim, ao preservar a saúde do seu capital humano, consegue aumentar consideravelmente a produtividade.
Importante referir que pessoas satisfeitas com o ambiente em que trabalham são mais produtivas e engajadas. Ademais, a ergonomia no trabalho diminui a rotatividade e o absenteísmo, razões que justificam o investimento na adequação da estrutura da empresa para atender às demandas dos colaboradores.
Principais benefícios da ergonomia no trabalho
Como vimos, tanto empresas quanto funcionários saem beneficiados quando a ergonomia no ambiente de trabalho é devidamente aplicada. Conheça infra as principais vantagens de se promover um espaço laboral que tenha como premissa o bem-estar de todos:
Benefícios para o colaborador:
- Fortalecimento do trabalho em equipa;
- Promoção do bem-estar;
- Diminuição do stress;
- Prevenção de distúrbios osteo musculares relacionados ao trabalho;
- Melhor qualidade de vida;
- Prevenção de Lesões por Esforço Repetitivo (LER);
- Redução das probabilidades de desenvolvimento de doenças psicossociais, como ansiedade e depressão.
Para a empresa / empregador:
- Queda na taxa de absenteísmo;
- Redução de custos com planos de saúde;
- Redução de atestados médicos;
- Cultura organizacional fortalecida;
- Ambiente de trabalho que motiva e engaja os colaboradores;
- Redução da rotatividade;
- Diminuição no cansaço físico e mental dos colaboradores;
- Melhor performance das equipas;
- Criação da mentalidade de saúde e prevenção na organização.
Ergonomia no teletrabalho (home-office)
Quem trabalha em casa também precisa de ter um ambiente laboral adequado, cuidado que ajudará a diminuir o risco de desenvolvimento de doenças ocupacionais. Por isso, quando uma empresa tem parte da sua força laboral em teletrabalho, é importante que disponibilize móveis, equipamentos e suportes ergonómicos.
Ao ajustar os processos e dinâmicas ao trabalho remoto, a organização consegue promover a satisfação entre os colaboradores, bem como potencializar os benefícios desta modalidade de trabalho.
Dicas para manter a ergonomia em teletrabalho
Confira infra dicas que podem ajudar melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores em teletrabalho:
- Mantenha uma postura ereta;
- Tome cuidado com a repetição de movimentos;
- Tenha um sistema de iluminação eficiente;
- Não extrapole os seus limites;
- Tenha um ritmo de trabalho saudável;
- Permita-se ter uma agenda mais flexível;
- Tente não exceder o período normal de trabalho.
Concluindo…
A ergonomia no trabalho é essencial para aumentar a qualidade de vida e produtividade dos colaboradores. Ademais, um ambiente saudável suscita boas práticas e um maior engajamento com as demandas da empresa, o que certamente trará impactos positivos em termos de produtividade. Cuide-se!