Labirintite: o que é, causas, sintomas e tratamento

labirintite

Alguma vez sentiu, literalmente, o mundo rodar? Não, não estamos a falar de uma metáfora, mas de uma sensação extremamente desagradável, que traz consigo desequilíbrio, instabilidade e medo de cair. Se estes sintomas já lhe são familiares, então fique atento, porque provavelmente poderá sofrer de labirintite, uma condição bastante comum que pode afetar a qualidade de vida de uma pessoa quando não é devidamente tratada.

Mas afinal de contas, o que é labirintite? Quais são os seus sintomas, as suas causas, fatores de risco e possíveis tratamentos? São muitas as dúvidas a respeito deste distúrbio, as quais procuramos apropriadamente responder neste artigo, cuja finalidade é esclarecer e alertá-lo para a necessidade do cuidado constante com a sua saúde auditiva. Equilíbrio é tudo, não abra mão do seu. Boa leitura!

O que é labirintite?

Labirintite é o termo comummente utilizado para designar um distúrbio que compromete o equilíbrio corporal e a audição. Isto acontece porque a infeção do ouvido afeta o labirinto, uma estrutura da orelha interna constituída pela cóclea (responsável pela audição) e pelo vestíbulo, bem como os canais semicirculares (responsáveis pelo equilíbrio).

Todavia, é importante referir que a expressão correta a ser usada é labirintopatia, visto que esta é uma designação genérica mais adequada para nomear todos os problemas relacionados com a audição e o equilíbrio corporal. Por isso, diz-se que a labirintite, infeção grave e rara do labirinto, é na verdade uma forma de labirintopatia.

Como a labirintite ocorre?

No labirinto, estrutura interna do nosso ouvido, existem pequenos cristais, cuja função é pressionar as células da região que nos dão a perceção do nosso corpo e do equilíbrio. Contudo, quando existe alguma inflamação ou alteração dessa estrutura, o nosso cérebro recebe uma informação alterada, capaz de provocar tonturas e dar a sensação de movimento mesmo quando estamos parados. Este mal-estar provoca outros incómodos, como náuseas e vómitos e, em alguns casos, quando a parte do labirinto que comanda a audição sofre algum dano, a audição pode ficar provisoriamente comprometida.

Quais são os sintomas da labirintite?

O sintoma clássico da labirintite é a vertigem, uma tontura que leva a pessoa a sentir que tudo em seu redor está a girar sem que ela consiga deter essa sensação. Durante a crise, poderão haver manifestação de outros sintomas, nomeadamente:

  • Náuseas e vómito;
  • Sudorese;
  • Alterações gastrintestinais;
  • Perda de audição;
  • Desequilíbrio;
  • Zumbidos no ouvido;
  • Audição diminuída;
  • Queda de cabelo.

A crise de labirintite costuma surgir sem emitir sinais, podendo durar minutos e até mesmo dias, em função da sua intensidade. Gripes e constipações podem atuar como “gatilhos” para a crise, e nestes casos, a labirintite costuma demorar cerca de uma a duas semanas para se manifestar. Não é comum que a labirintite cause desmaios, todavia, como precaução, é aconselhável que a pessoa não se deite, o que poderá agravar a tontura.

Quais são os fatores de risco da labirintite?

Entre os principais fatores de riscos da labirintite estão:

  • Idade (acima dos 40 ou 50 anos);
  • Colesterol alto;
  • Triglicéridos;
  • Hipoglicemia;
  • Diabetes;
  • Hipertensão;
  • Otite;
  • Altas taxas de ácido úrico;
  • Maus hábitos alimentares;
  • Ingestão de bebidas estimulantes, como energéticos e café;
  • Tabagismo e alcoolismo;
  • Consumo de alimentos com alto teor de açúcar;
  • Uso indiscriminado de alguns antibióticos e anti-inflamatórios;
  • Longos períodos em jejum;
  • Situações constantes de stress, ansiedade e nervosismo.

Embora as crises surjam de repente, é possível evitar que alguns comportamentos de risco a possam agravar. Se sofre de labirintite, entenda que é fundamental cultivar hábitos saudáveis para que assim tenha maior controlo sobre esta condição.

Quais são as causas da labirintite?

Entre as principais causas da labirintite estão:

  • Infeções e inflamações: apesar das suas causas não serem totalmente claras, a ciência aponta que infeções e inflamações, como a otite média e a constipação, estejam entre as principais causas desta doença;
  • Doenças específicas: embora seja menos usual, a labirintite pode também ser causada por outros fatores, como doenças neurológicas, tumores, compressões mecânicas, alterações genéticas, alergias e uso de fármacos perigosos para a saúde do ouvido interno;
  • Vírus: a labirintite também pode ser oriunda de infeções causadas por vírus na boca, nariz e vias áreas;
  • Bactérias: pode ocorrer quando uma bactéria invade o labirinto, causando a labirintite. Muitas vezes essa bactéria está ligada à meningite;
  • Estado emocional abalado: o stress é outra causa que leva à labirintite.

Como é feito o diagnóstico da labirintite?

Se acredita que pode estar a padecer de labirintite, procure ajuda médica o quanto antes. Os profissionais capacitados para tratar o problema são, nomeadamente, um clínico geral e, nos casos mais graves, um otorrinolaringologista, especialista que trata as doenças do ouvido, nariz e garganta. No consultório, o médico fará perguntas simples sobre os sintomas e solicitará exames físicos e neurológicos completos, indispensáveis para o diagnóstico.

Todavia, o profissional médico poderá também solicitar exames mais específicos para investigar se os sintomas podem, eventualmente, estar associados a outras patologias cujos sintomas são parecidos (síndrome de Mèniére, esclerose múltipla, doenças imunológicas, hipoglicemia, diabetes, etc.). Entre esses exames estão:

  • Eletroencefalograma (EEG);
  • Eletronistagmografia;
  • Tomografia computadorizada da cabeça;
  • Exames de audição (audiologia/audiometria);
  • Testes labirínticos;
  • Ressonância magnética da cabeça;
  • Aquecer e resfriar o ouvido interno com ar ou água (estímulo de calor) para testar os reflexos do olho.

Qual é o tratamento para a labirintite?

A labirintite, na generalidade das vezes, desaparece sozinha, o que pode levar algumas semanas para acontecer. Contudo, quando necessário, o tratamento tem como objetivo reduzir os sintomas. Primeiro é preciso descobrir a causa do distúrbio, pois só assim o médico poderá indicar a medicação mais adequada.

Por exemplo, se a labirintite for causada por uma infeção bacteriana, o médico prescreverá um antibiótico; caso seja causada por infeções virais, o especialista receitará fármacos que são eficazes no combate aos sintomas, como anti-histamínicos, corticoides, sedativos e medicamentos que aliviam náusea, vómitos e tontura.

Reabilitação vestibular na labirintite

Nesta terapêutica para a labirintite são realizados, em várias sessões, exercícios que estimulam todos os componentes do equilíbrio. Geralmente é mais indicada para pacientes idosos, que devem ser devidamente acompanhados por um fisioterapeuta e um fonoaudiólogo.

Quando bem aplicados, os exercícios proporcionam uma melhoria total dos sintomas, ou então, contribuem para a diminuição da intensidade e frequência da tontura. Os tratamentos devem ser personalizados, respeitando o tipo da lesão e os sintomas associados. A reabilitação do labirinto pode ajudar no “resgate da autoestima”, da confiança e do domínio sobre atividades diárias, gerando assim maior autonomia e qualidade de vida para os idosos.

Lembre-se: a automedicação é uma prática totalmente inapropriada, por isso, consulte um médico. Apenas este profissional poderá definir o medicamento mais indicado para o seu caso, assim como a dosagem correta e a duração do tratamento. Todas as orientações devem ser respeitadas, isto é fundamental para o sucesso das terapias. Além disso, jamais interrompa o uso do medicamento sem antes consultar o seu médico. A sua disciplina e autocuidado são indispensáveis para o seu bem-estar, por isso, cuide-se!

Gostou deste artigo? Então não esqueça de partilhar com seus familiares e amigos. As informações aqui contidas podem ajudar alguém que esteja a passar, neste exato momento, uma crise de labirintite e estimulá-lo a procurar auxílio médico. Espalhe o conhecimento!

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)