Já ouviu falar em amenorreia? Provavelmente não. Não obstante, embora o seu nome poder não soar a algo familiar, é algo mais comum do que possa imaginar.
A amenorreia não é um diagnóstico, mas sim um sintoma. Reconhecer as suas causas é, não raras vezes, um desafio para os profissionais clínicos, dada a multiplicidade de fatores que pode estar na sua origem.
Dada a premência do tema, redigimos o presente artigo, no qual procuramos aprofundar o tema, nomeadamente os seus sintomas, as suas causas e as possíveis complicações que pode acarretar para a saúde. Confira!
O que é amenorreia?
Amenorreia é a ausência de menstruação – isto é, um ou mais períodos menstruais perdidos. Esta condição é, regra geral, “diagnosticada” em mulheres que perderam pelo menos três períodos menstruais consecutivos, assim como as meninas cuja menstruação não começou aos 15 anos.
Uma das principais causas da amenorreia (senão mesmo a principal) é a gravidez. Outras causas podem incluir problemas com os órgãos reprodutivos ou com as glândulas que contribuem para regular os níveis hormonais. Uma boa notícia é que o tratamento da doença subjacente (isto é, doença que causa a amenorreia) geralmente resolve o problema.
A menstruação é uma condição natural do corpo feminino e costuma acompanhar as mulheres até à menopausa. Acresce que o próprio ciclo menstrual da mulher é de manifesta importância, servindo como um “termómetro” da saúde feminina.
Quais os tipos de amenorreia?
- Amenorréia primária: é a falta da primeira menstruação (menarca) até os 13 anos, acompanhada do não surgimento de características sexuais secundárias, como por exemplo: pelos corporais, aumento do peito, aumento da largura nos quadris, entre outros. É também considerada amenorréia primária a falta da primeira menstruação até os 15 anos, apesar do surgimento das características sexuais secundárias.
- Amenorreia secundária: é caracterizada pela falta de menstruação, por três meses consecutivos ou mais, em mulheres que já tiveram períodos menstruais regulares. Poderá também ser considerada amenorréia secundária a falta de menstruação por 6 meses consecutivos em mulheres com períodos menstruais irregulares.
Quais os sintomas da amenorreia?
Como referimos anteriormente, o principal sintoma da amenorreia é a ausência daquilo que designamos por período. Dependendo da causa que estiver na origem da amenorreia, poderão surgir outros sintomas, como por exemplo:
- Secreção láctea pelos mamilos;
- Queda de cabelo;
- Dores de cabeça;
- Mudanças de visão;
- Excesso de pelos faciais;
- Dor pélvica;
- Acne.
Quais as causas da amenorreia?
São vários os motivos que podem provocar a amenorreia. Alguns são considerados normais durante o curso da vida de uma mulher; entretanto, outros podem ser um efeito colateral de medicamentos ou um sinal de um problema médico mais grave.
1. Amenorreia natural
Acontece que a amenorreia pode surgir, por razões naturais, durante o curso normal da vida de uma mulher. Listamos algumas:
- Gravidez;
- Amamentação;
- Menopausa;
- Uso de contraceptivos.
Pílulas anticontracetivas podem levar a mulher a não menstruar. Mesmo depois de interromper os anticontracetivos orais, pode levar algum tempo até que a ovulação regule e a menstruação retorne. Os anticontracetivos injetados ou implantados também podem causar amenorreia, assim como alguns tipos de dispositivos intrauterinos.
2. Medicamentos
Certos medicamentos podem fazer com que os períodos menstruais parem (amenorreia), incluindo alguns tipos de:
- Antipsicóticos;
- Quimioterapia do cancro;
- Antidepressivos;
- Medicamentos para pressão arterial;
- Medicamentos para alergia.
3. Estilo de vida
É fundamental ressaltar que o estilo de vida contribui para a amenorreia. Conheça quais são os fatores que facilitam o desenvolvimento da condição:
- Peso corporal reduzido. O peso corporal excessivamente baixo – cerca de 10% cento abaixo do peso normal – interrompe muitas funções hormonais no seu corpo, potencialmente interrompendo a ovulação. Mulheres com distúrbios alimentares, como a anorexia ou a bulimia, geralmente param de menstruar devido a essas alterações hormonais anormais. Portanto, é recomendável manter uma dieta saudável para que o seu peso não fique abaixo do que é considerado adequado para si.
- Stress. O stress mental pode alterar temporariamente o funcionamento do hipotálamo – uma área do cérebro que controla as hormonas que regulam o ciclo menstrual. A ovulação e a menstruação podem parar como resultado. Os períodos menstruais regulares geralmente recomeçam depois que o stress e a ansiedade diminuem. Ou seja, tente levar uma vida mais saudável, evite emoções fortes controlando o stress diário ao praticar atividades que promovam o relaxamento do corpo, como caminhadas ao ar livre, ioga, meditação, entre outras.
- Exercício físico em excesso. Mulheres que praticam atividades que requerem treino rigoroso, como ballet, podem sofrer de amenorreia. Vários fatores contribuem para a perda do período menstrual em atletas, incluindo baixa gordura corporal, stress e alto gasto energético.
4. Desequilíbrios hormonais
São vários os problemas de saúde que podem causar um desequilíbrio hormonal e, consequentemente a amenorreia, entre eles:
- Síndrome do ovário policístico. A Síndrome do ovário policístico causa níveis hormonais relativamente altos e sustentados, em vez daquilo que seria expectável: níveis flutuantes observados no ciclo menstrual normal.
- Mau funcionamento da tireoide. Uma glândula tireóide hiperativa (hipertireoidismo) ou glândula tireóide hipoativa (hipotireoidismo) pode causar irregularidades menstruais, incluindo amenorreia.
- Tumor hipofisário. Um tumor não cancerígeno (benigno) na glândula pituitária pode interferir na regulação hormonal da menstruação.
- Menopausa prematura. A menopausa geralmente começa por volta dos 50 anos de idade. Todavia, para algumas mulheres, o suprimento de óvulos diminui antes dos 40 anos e a menstruação termina.
5. Problemas estruturais
Problemas com os próprios órgãos sexuais também podem causar amenorreia. Conheça os principais exemplos:
- Cicatriz uterina. A síndrome de Asherman, uma condição na qual o tecido cicatricial se acumula no revestimento do útero. Por vezes ocorre após uma dilatação e curetagem, cesariana ou tratamento para miomas uterinos. A cicatriz uterina evita a acumulação normal e a eliminação do revestimento uterino.
- Falta de órgãos reprodutivos. Em algumas circunstâncias podem surgir problemas durante o desenvolvimento fetal que fazem com que uma menina nasça sem uma parte importante do seu sistema reprodutor, como o útero, o colo do útero ou a vagina. Como o seu sistema reprodutivo não se desenvolveu normalmente, poderá não ter ciclos menstruais.
- Anormalidade estrutural da vagina. Uma obstrução da vagina pode impedir o sangramento menstrual visível. Uma membrana ou parede pode estar presente na vagina, bloqueando o fluxo de sangue do útero e do colo do útero.
Quando devo consultar um médico?
Consulte o seu médico se perdeu pelo menos três períodos menstruais consecutivos ou se nunca teve um período menstrual e tem 15 anos ou mais de idade. É também importante entender os fatores de risco para o desenvolvimento da amenorreia:
- Histórico familiar. Se outras mulheres da sua família já tiveram amenorreia, é possível ter “herdado” uma predisposição para este problema.
- Distúrbios alimentares. Distúrbios como a anorexia ou a bulimia levam a uma maior probabilidade de desenvolvimento da amenorreia.
- Treino físico. O treino físico rigoroso pode aumentar o risco de amenorreia.
Quais as complicações da amenorreia?
As complicações da amenorreia podem incluir:
- Infertilidade. Se não ovula e não tem períodos menstruais, não pode engravidar.
- Osteoporose. Se a amenorreia for causada por baixos níveis de estrogénio, poderá estar em risco de sofrer de osteoporose – um enfraquecimento dos ossos.
Se apresenta alguns dos sintomas de amenorreia referidos neste artigo, não se preocupe. Consulte o seu médico de forma a lhe seja prescrito o tratamento adequado.
Há alguns fatores que levam ao surgimento de amenorreia que não dependem de atitudes nossas, como é o caso de tratamento de quimioterapia e radioterapia, alterações do aparelho reprodutivo, entre outros. Porém, existem alguns cuidados que podem ser adotados para prevenir/controlar a amenorreia, como por exemplo:
- Manter uma alimentação saudável e equilibrada;
- Praticar exercício físico de forma moderada;
- Procurar estratégias para lidar com a ansiedade e o stress ;
- Procurar “balancear” as atividades do dia a dia: trabalho, lazer e descanso;
- Evitar o consumo de álcool e tabaco.
Todas estas precauções podem prevenir episódios de amenorreia e contribuir para a sua saúde de um modo geral.