Imagem corporal: o que é, distúrbios e estratégias

imagem corporal

Para a nossa autoestima e bem-estar geral em muito contribui a nossa imagem corporal, quer positiva ou negativamente. Atualmente, com a influência das redes sociais e a alteração da forma como vemos o nosso corpo e a nossa saúde, também a nossa própria imagem corporal se altera e sofre influências.

Neste artigo pretendemos explorar o que é a imagem corporal, que fatores a influenciam e que estratégias podemos utilizar para termos uma imagem corporal mais positiva.

O que é a imagem corporal?

A imagem corporal relaciona-se com a imagem do nosso corpo que formamos na nossa mente, isto é, o modo como perspetivamos o nosso próprio corpo. A imagem corporal inclui a autopercepção corporal e as atitudes, crenças, sentimentos, sensações e comportamentos que temos em relação ao nosso próprio corpo. O desenvolvimento da imagem corporal ocorre ao longo de toda a vida e começa na infância.

Podemos incluir na imagem corporal três diferentes componentes: a estrutura fisiológica, responsável pelas organizações anatomofisiológicas; a estrutura libidinal, constituída pelo conjunto de experiências emocionais vividas nos relacionamentos humanos; a estrutura sociológica, baseada nas relações pessoais e na aprendizagem de valores culturais e sociais. O desenvolvimento da imagem corporal relaciona-se intimamente com a estrutura de identidade formada no seio de uma sociedade ou grupo social. As experiências e sensações que obtemos no seio das relações sociais contribuem para a estruturação da nossa imagem corporal.

Assim, a imagem corporal tem influências de fatores biológicos e também sociológicos. Por exemplo, a aparência da maioria dos corpos na sociedade ou país em que estamos inseridos, bem como os padrões corporais existentes, influenciam a nossa própria imagem corporal.

Atualmente sabemos que o imaginário coletivo é pautado por ideais de corpos atléticos ou magros. Este ideal coletivo tem uma grande influência na forma como perspetivamos o nosso corpo, porque fazemo-lo em comparação com aquilo que consideramos ser o ideal, segundo os padrões sociais. É pela existência desta influência e dos padrões ideais de beleza que se tornaram comuns as atividades físicas, as cirurgias plásticas ou outros tratamentos estéticos, porque procuramos moldar o corpo a um certo ideal.

Em suma, parece ser indubitável que a cultura interfere com a nossa imagem corporal. E se isto é algo natural, o facto é que quanto mais opressora e com padrões irrealistas a sociedade for, mais sofreremos com a nossa imagem corporal e mais provável será o surgimento de distúrbios associados à imagem corporal.

É comum a insatisfação com a imagem corporal?

Se, como vimos, a imagem corporal é altamente influenciada pelos padrões culturais, esta é já uma pista para o quão comum se tem tornado a insatisfação permanente com a imagem corporal. No que diz respeito ao peso, um estudo demonstrou que 50% das mulheres e 40% dos homens que pensar estar acima do peso, na realidade não o estão. Mas o peso não é a única insatisfação, sendo apontes aspetos como rugas, verrugas, cicatrizes, acne, manchas, palidez excessiva, cabeço, nariz, entre outras partes do corpo.

A imagem corporal é uma visão que temos que pode ou não corresponder à realidade, e que muitas vezes não corresponde, porque não observamos o nosso corpo de forma neutra, mas sempre tendo por ponto de comparação o “corpo ideal”. Assim, muitas vezes a insatisfação com a imagem corporal torna-se intensa e persistente, criando um grande sofrimento.

Distúrbios associados à imagem corporal

A insatisfação com a imagem corporal leva frequentemente ao surgimento de distúrbios psicológicos. Verifica-se um aumento crescente de distúrbios alimentares, por exemplo, ou de uma procura patológica por cirurgias plástica e procedimentos estéticos. Muitas vezes, na procura incessante pelo corpo ideal, muitos acabam por comprometer a sua saúde. Apresentamos alguns dos distúrbios comuns que, muitas vezes, têm origem numa insatisfação com a imagem corporal

Transtorno dismórfico corporal

O transtorno dismórfico corporal caracteriza-se pela existência de uma preocupação persistente com um ou mais defeitos ou falhas percebidas na aparência física que não são observáveis ou que parecem ser insignificantes para os outros. A pessoa acredita ser feia, pouco atraente, anormal ou mesmo deformada. Os pensamentos podem variar entre sentir-se e achar que é pouco atraente até achar que é hediondo ou um monstro. Pode haver um foco em uma ou mais áreas do corpo, por exemplo achar que tem acne, cicatrizes, rugas ou palidez altamente percetíveis pelos outros, ou que tem demasiados pelos corporais, ou um tamanho de nariz desadequado… No fundo, qualquer área do corpo pode ser alvo de preocupação. Também pode existir uma preocupação com a assimetria corporal, em que a pessoa considera que o seu corpo é desproporcional. Estas preocupações são intensas, intrusivas, ocupam muito tempo no dia-a-dia da pessoa e são difíceis de controlar.

Geralmente a pessoa adota comportamentos repetitivos, tais como verificar-se ao espelho, arranjar-se de forma excessiva, beliscar a pele, procurar camuflar excessivamente os defeitos que acredita ter com maquilhagem ou cobrindo as áreas do corpo com chapéus, roupas, entre outros. A pessoa também pode tocar excessivamente as áreas do corpo alvo de preocupação, fazer exercício em excesso ou procurar procedimentos estéticos. Pode mesmo existir um comportamento de arrancar a pele compulsivamente com a intenção de melhorar os efeitos percebidos. A pessoa também adota frequentemente atos mentais como comparar a sua aparência com a de outras pessoas, como resposta às suas preocupações excessivas com a aparência.

Esta preocupação persistente face ao aspeto físico causa sofrimento significativo para a pessoa, e muitas vezes causa também prejuízo na sua vida pessoal, social, familiar ou profissional.

A dismorfia corporal pode relacionar-se com a ideia de que a estrutura corporal é muito pequena ou insuficientemente musculosa, o que acontece sobretudo no caso dos homens. Muitas vezes isto leva à prática de exercício em excesso ou mesmo ao uso de esteroides anabolizantes ou outras substâncias que podem ser perigosas.

Pode existir, por parte da pessoa, um maior ou menor insight relativamente às próprias crenças. Quando o insight é bom ou razoável, a pessoa reconhece que os seus pensamentos relativamente ao corpo provavelmente não são verdadeiros ou podem não ser verdadeiros. Quando o insight é pobre, a pessoa acredita que os pensamentos que tem em relação ao corpo são provavelmente verdadeiros. Por outro lado, podemos mesmo ter uma completa ausência de insight ou crenças delirantes, em que a pessoa está completamente convencida de que os seus pensamentos acerca do seu corpo são totalmente verdadeiros.

Anorexia nervosa

A anorexia nervosa caracteriza-se tem geralmente origem numa forte insatisfação com a imagem corporal relativa ao peso. Caracteriza-se por uma restrição da ingestão calórica em relação às necessidades, levando a um peso corporal significativamente baixo em relação à idade, género, trajetória de desenvolvimento e saúde física. Verifica-se um medo intenso de ganhar peso ou de engordar, ou um comportamento persistente que interfere no ganho de peso. Há uma clara perturbação no modo como o próprio peso ou a forma corporal são vivenciados, influência indevida do peso ou da forma corporal na autoavaliação ou ausência persistente de reconhecimento da gravidade do baixo peso corporal atual. Podem ocorrer, no contexto da anorexia nervosa, comportamentos de compulsão alimentar purgativa (isto é, a pessoa come de forma descontrolada e depois recorre ao vómito autoinduzido ou ao uso indevido de laxantes ou diuréticos).

A alteração e perceção negativa da imagem corporal é clara na anorexia nervosa. A pessoa apresenta um medo intenso de ganhar peso ou de engordar, pois há uma associação entre aumento de peso e imagem corporal negativa. No entanto, a distorção existente na imagem corporal faz com que, mesmo depois de a pessoa perder peso, a insatisfação permaneça e a preocupação possa até aumentar. Assim, a vivência e o significado do peso e da imagem corporal são distorcidos nas pessoas com anorexia nervosa. A pessoa pode sentir-se acima do peso, ou pode então até perceber que está magra, mas ainda assim preocupar-se excessivamente com determinadas partes do corpo e achar que essas partes estão “demasiado gordas”.

Podem verificar-se comportamentos como pesagem excessiva, medição obsessiva de partes do corpo, uso persistente do espelho… Para estas pessoas, a sua perceção de valor pessoal é altamente influenciada pela imagem corporal. A perda de peso é frequentemente vista como uma conquista e um sinal de controlo e autodisciplina, enquanto que o ganho de peso ou o consumo de alimentos que o individuo considera desadequado uma falha de autocontrolo inaceitável.

Bulimia nervosa

A bulimia nervosa caracteriza-se por episódios recorrentes de compulsão alimentar, que se caracterizam por:

  • Ingestão, num período de tempo determinado (por exemplo em 2h) de uma quantidade de comida definitivamente maior do que a maioria dos indivíduos consumiria no mesmo período e em circunstâncias similares;
  • Sensação de falta de controlo sobre a ingestão alimentar durante o episódio (isto é, sentimento de não conseguir parar de comer ou controlar o que e quanto será ingerido).

Geralmente após os episódios de compulsão alimentar existem comportamentos compensatórios inapropriados, que a pessoa adota como forma de evitar o ganho de peso. Estes comportamentos compensatórios podem ser vómitos autoinduzidos, uso indevido de laxantes, diuréticos ou outros medicamentos, jejum ou exercício em excesso.

Também no caso da bulimia a autoavaliação que a pessoa faz de si mesma é excessivamente influenciada pela imagem corporal e pelo peso corporal. Assim, há um ênfase excessivo na forma corporal, sendo que esta tem um impacto enorme na forma como a pessoa de avalia a si mesma e na sua autoestima.

Relação entre imagem corporal e o “culto da dieta”

É importante compreendermos que os distúrbios acima referidos são altamente influenciados por mecanismos sociais existentes que levam a uma permanente insatisfação com a imagem corporal e com a adoção de comportamentos desadequados.

Atualmente as mensagens que recebemos relativamente à aparência ou ao corpo ideias estão altamente vinculados com uma ideia de magreza ou corpo magro e tonificado, alimentação “saudável” e “comer limpo”. Estas mensagens, de forma mais ou menos consciente, instigam a ideia de que devemos ter um corpo magro e de que devemos comer determinados alimentos e ter uma alimentação controlada e regrada. Quando falhamos em consegui-lo, sentimo-nos culpados, envergonhados, ou que há algo de errado connosco. Da mesma forma, quando a nossa imagem corporal não corresponde aos padrões aos quais almejamos, culpamos os nossos comportamentos ou a nossa falta de autocontrolo.

Vivemos numa “diet-culture”, isto é, uma cultura de dieta, que é constituída por um sistema de crenças, mensagens e comportamentos que colocam um valor excessivo na aparência e peso corporal das pessoas, em vez do seu bem-estar e saúde. Esta cultura enfatiza a magreza, equiparando-a com saúde ou virtude moral, ao mesmo tempo que demoniza algumas comidas em favorecimento de outras. Se pensarmos bem, provavelmente não há um dia em que não estejamos expostos a conversas, anúncios ou conteúdos nas redes sociais que envolvem alguma espécie de forma de “diminuirmos” o tamanho do nosso corpo.

O problema das dietas na imagem corporal

Qual o problema imposto pela “diet-culture” e por todo este sistema de crenças e padrões sociais? O problema é na verdade múltiplo e ocorre em variadas frentes, a nível de saúde física e mental.

Primeiramente, a existência deste tipo de padrões irá criar uma enorme frustração relativamente à imagem corporal, pelo simples facto de que há características inerentes à constituição corporal de cada um que ignoramos. Agimos como se o aspeto do nosso corpo fosse um mero produto daquilo que comemos ou do quanto nos exercitamos, quando na verdade cada corpo é diferente e tem características inerentemente distintas. Podemos fazer exatamente o mesmo regime alimentar e plano de exercício físico de outra pessoa, e nunca ter um corpo remotamente parecido com o dela. Porquê? Porque o nosso corpo é diferente, tem características ósseas, metabólicas, hormonais, proporcionais, genéticas, diferentes.

Em segundo lugar, quanto mais aderimos à existência de um padrão e à procura por uma imagem corporal padrão, mais ênfase colocaremos na nossa aparência física como determinante da nossa autoestima. A autoestima deve incorporar diferentes dimensões, e o nosso sentido de valor pessoal deve ser determinado por vários aspetos: personalidade, competência, relacionamentos interpessoais, atitudes, comportamentos… Quanto mais nos focamos em atingir um determinado padrão corporal, mais estaremos a depender toda a nossa satisfação pessoal de um único aspeto – a imagem corporal.

Em terceiro lugar, viver num padrão de dieta constante faz-nos desconectar do nosso corpo, ignorar os seus sinais e comprometer o seu bem-estar. Quando estamos de dieta comemos às horas que a dieta impõe e comemos os alimentos que a dieta impõe. Como tal, ignoramos os nossos sinais fisiológicos e deixamos de nos alimentar de uma forma intuitiva, como fazíamos quando eramos crianças. Deixamos de comer quando temos fome e de dar ao nosso corpo aquilo que ele nos pede.

Por último, quanto mais restringimos a nossa alimentação, mais o nosso corpo e mente se adaptam para sobreviver a um estado de fome autoimposta. Para as nossas células, é como se as estivéssemos a tentar matar. O cérebro envia químicos que transmitem a mensagem de que temos de procurar grandes quantidades de comida, para podermos sobreviver. A nossa vontade de comer escala, chegando a um ponto em que não conseguimos resistir, e acabamos por perder o controlo e ter episódios de compulsão alimentar. É um pouco como suster a respiração. Se sustivermos a respiração por muito tempo, por exemplo debaixo de água, quando viermos à toma a nossa respiração será profunda e acentuada, e não uma inalação leve.

O mesmo acontecesse na alimentação. Quando mais fome passamos, mais vamos comer assim que tivermos oportunidade. Por essa razão, as dietas são contraditórias e os estudos demonstram de facto que cerca de 90% das pessoas que fazem dieta restritiva voltam a ganhar o peso ou até ganham mais peso.

Como melhorar a nossa imagem corporal?

Compreendendo agora os principais problemas que estão na origem da insatisfação com a imagem corporal, é importante abordarmos algumas estratégias que nos ajudarão na construção de uma imagem corporal mais ajustada e satisfatória. É importante compreender que este é um trabalho contínuo e inacabado, que devemos cultivar e implementar ao longo da vida.

1. (Re)conectar-se com o corpo

Reconectar-se com o corpo significa voltar a ouvi-lo e a respeitá-lo, dando um passo atrás de perante todos os comportamentos e atitudes que nos afastaram da nossa capacidade de real perceção do corpo e das suas sensações – as dietas, as imposições, as restrições, os comportamentos de evitamento… Enfim, todos estes comportamentos que contrariam a nossa capacidade de conexão corporal.

Fazer isto não é fácil, porque às vezes estamos tão habituados a silenciar o nosso corpo que já quase não o conseguimos ouvir, ou mesmo quando conseguimos, não confiamos nele. Como fazer isto? Aprendendo a estar mais atento e a respeitar os seus sinais corporais, as sensações físicas de bem-estar e mal-estar, de fome e de saciedade, de energia e de cansaço… Usando o corpo como barómetro, e não as imposições que achamos ser as corretas.

2. Ver o corpo como um todo

Olhar o corpo como um todo ajuda-nos a não o julgar em termos de “tudo ou nada”, “bonito ou feio”, mas sim a conseguir observar as características distintas das diferentes partes do nosso corpo. Isto significa que podemos efetivamente gostar mais de uns aspetos do que outros, mas não nos focamos indevidamente em apenas um deles. Quantas vezes não nos sentimos só “uma barriga gorda” ou um “nariz torto” ambulantes? Regressar ao corpo como um todo significa olhá-la na sua totalidade, compreendendo que ele é cheio de nuances.

3. Compreender as raízes da insatisfação

Para recuperarmos a nossa imagem corporal é importante compreendermos onde e como se formou a insatisfação, porque é que fazemos o que fazemos e porque é que nos sentimos como sentimos em relação à nossa imagem corporal. Muitas vezes o mal-estar começa na infância, com experiências negativas. Diferentes fatores podem-nos levar a alimentar uma visão positiva do corpo ou, pelo contrário, uma visão negativa. Faça algumas questões a si mesmo: que mensagens a minha família me passava sobre o meu corpo e a minha aparência? Senti-me integrado e aceite na escola e no meu grupo de amigos? Que mensagens via sobre o corpo e os padrões de beleza? Como incorporei essas mensagens? O que espero do meu corpo e porquê?

4. Compreender os truques da mente

Moldar a nossa perceção e imagem corporal implica compreender que a mente muitas vezes nos prega truques, porque a nossa forma de ver a realidade não é objetiva, mas sim influenciada por várias distorções cognitivas e formas enviesadas de processar a informação. Assim, compreenda de que forma os seus pensamentos podem ser enviesados e questione-os através da lógica e de uma forma racional. Algumas das coisas que pode ser importante compreender:

  • Mudar o corpo não significa que vamos gostar mais dele: se pensar, se calhar hoje vê fotos suas de há uns anos atrás e pensa que estava melhor nessa altura. No entanto, será que na altura pensava dessa forma? Provavelmente não, mesmo quando o corpo estava diferente, continuava insatisfeita/o com ele. A aceitação do corpo não depende das suas alterações. Podemos estar mais ou menos satisfeitos com a nossa forma física, e procurar o melhor para o nosso corpo, no entanto, os nossos pensamentos e crenças não se alteram automaticamente só porque a nossa imagem mudou. Procurar a aceitação e satisfação deve ser um processo independente das alterações corporais;
  • O que vemos e como percebemos o nosso corpo não é igual à forma como os outros nos veem. Achamos muitas vezes que os defeitos que vemos no espelho, são os mesmos que os outros irão ver. No enquanto, o que observamos em nós nunca é neutro e objetivo. Os outros conseguem observar-nos de uma forma mais global e completa, enquanto que nós nos focamos em pequenas falhas. Além disso, os outros estarão mais conscientes e focados nas suas próprias falhas, do que nas nossas;
  • Avaliarmos o nosso valor pessoal pela imagem é altamente redutor. Somos muito mais do que um corpo, e é para além dele que ocupamos o nosso espaço, cativamos os outros, alcançamos o sucesso… Se perguntasse às pessoas que gostam de si o que mais apreciam ou como o descreveriam, provavelmente o aspeto físico seria a última coisa que eles diriam;
  • O peso é um indicador redutor da nossa aparência e mesmo da nossa saúde. É um número na balança que nada nos diz sobre a pessoa, a sua imagem e características, ou mesmo sobre a sua alimentação ou estilo de vida;
  • Comer é um ato natural, físico, mas também social e emocional. Não culparíamos o nosso coração por bater mais rápido, então também não devemos culpar a nossa necessidade de comer, também ela fisiológica. Tornar a comida culpada pela nossa insatisfação leva a uma má relação com a comida.

5. Olhar o corpo para além da estética

Focamos muitas vezes o nosso corpo como uma imagem, um quadro para o qual os outros olham, o nosso cartão de visita. Embora a nossa aparência seja importante, a verdade é que o nosso corpo é muito mais do que isso. Para além de contar uma história, é ele que nos permite fazer quase tudo aquilo que fazemos e que gostamos de fazer. Se olhar o seu corpo em termos de funcionalidade, descobre que ele é muito mais seu amigo do que pensa – permite-lhe correr, passear na praia, abraçar os seus filhos, dançar, fazer amor, rir, viajar… O corpo não é um quadro, é uma máquina, e enquanto máquina ele funciona tão bem quanto lhe poderíamos pedir.

6. Moderar o meu diálogo interior

Se pensarmos, provavelmente não diríamos a um amigo metade das coisas que dizemos a nós mesmos sobre a nossa imagem corporal. Deveríamos ser o nosso melhor amigo, por isso, qual o sentido de nos insultarmos ou rebaixarmos? Aprenda a moderar o seu diálogo interior, e fale consigo mesmo como se fosse o seu melhor amigo, sendo realista, mas também compreensivo.

7. Evitar as comparações

Como vimos anteriormente, compararmo-nos com os outros é altamente infrutífero, porque nunca seremos iguais a ninguém, por mais dieta e exercício que façamos, ou por mais procedimentos estéticos que possamos fazer. Assim, comparar-se é um exercício de mera frustração que não leva a lado nenhum. Em vez de se comparar com os outros, compare-se consigo mesmo, e procure a sua melhor versão. No entanto, na procura desta melhor versão lembre-se que não o deve fazer porque não gosta do seu corpo e quer mudá-lo, mas sim porque gosta dele e quer o melhor para ele.

8. Encontrar a autoestima para além do corpo

É importante que também por vezes seja capaz de se desfocar um pouco do seu corpo. Não coloca-lo no centro da sua autoestima e satisfação pessoal. Na verdade, se pensarmos, porque é que queremos tanto ser valorizados pelo corpo, se não temos grande mérito nele? Não fizemos grande coisa por ser altos ou baixos, pela cor dos nossos olhos, pela nossa aparência geral ou parte dela. Por isso, não há mérito nisso. Pelo contrário, há mérito nas nossas atitudes, na nossa competência profissional, na forma como agimos com os outros… Mudar o foco para si como um todo em vez de apenas para o corpo é um importante passo na sua autoaceitação.

Diana Pereira

Amante de histórias, gosta de as ouvir e de as contar. Tornou-se Mestre em Psicologia Clínica e da Saúde, pela Universidade do Porto, mas trouxe sempre consigo a escrita no percurso. Preocupada com histórias com finais menos felizes, tirou pós-graduação em Intervenção em Crise, Emergência e Catástrofe. Tornou-se também Formadora certificada, e trabalha como Psicóloga Clínica, com o objetivo de ajudar a construir histórias felizes, promovendo a saúde mental. Alimenta-se de projetos, objetivos e metas. No fundo, sonhos com um plano.