Absentismo laboral: consequências, causas e soluções

Absentismo laboral

Neste artigo abordamos o absentismo laboral, procurando responder a algumas das perguntas mais frequentes sobre este tema, nomeadamente em que consiste, quais as consequências para as empresas e para a economia e quais as principais causas. Boa leitura!

O que é o absentismo laboral?

O termo absentismo diz respeito aos atrasos e faltas frequentes de funcionários ao trabalho. Por impactar fortemente o bom andamento dos processos de uma empresa, deve ser enfrentado com bastante cuidado e rigor pela área de Recursos Humanos de qualquer instituição.

Embora muitas vezes possa ser encarado como uma espécie de descaso do funcionário, o absentismo possui razões mais complexas que devem ser debatidas e monitoradas, afinal de contas, quando as ausências se tornam frequentes, o melhor é determinar as suas motivações de forma a resolver o problema..

De acordo com dados de 2018 da Faculdade da Nova Information Management School (NOVA-IMS), em Portugal, os colaboradores ausentam-se do local de trabalho em média 5.9 dias, o que se traduz num custo de aproximadamente 2.2 milhões de euros

Nesse mesmo estudo foi observado também a redução da produtividade ocasionada por motivos de saúde, o que gerou uma perda equivalente a 12,3 dias de trabalho, o que se traduz num prejuízo de 4,6 mil milhões de euros.

Facto é que, quando os funcionários começam a faltar muito ao trabalho é sinal de que algo não vai bem, e isto pode estar relacionado ao próprio trabalhador ou ainda com a entidade patronal. Cabe aos gestores permanecerem atentos aos sinais emitidos pelo absentismo laboral, pois só assim será possível prevenir este comportamento ou corrigi-lo – a depender da situação.

Quais as consequências do absentismo laboral?

Quando um funcionário ou vários funcionários faltam ao trabalho, certamente toda a empresa sofrerá com as consequências do absentismo laboral, visto que cada indivíduo é parte de uma engrenagem que faz os processos de uma organização funcionarem de forma harmoniosa.

Entre as consequências mais comuns do absentismo laboral está a sobrecarga de trabalho para aqueles que não faltam, pois acabam por acumular para si funções e tarefas profissionais que não são originalmente suas. Ademais, os gestores ficam insatisfeitos, uma vez que perdem o controlo das demandas e dos prazos que precisam de ser respeitados.

O absentismo laboral também tem consequências externas, visto registar-se uma insatisfação dos clientes, os principais afetados pelo absentismo, pois este dificulta ou possibilita o incumprimento das tarefas dentro dos períodos previamente acordados – além de deixar a impressão que o serviço adquirido não foi plenamente prestado. O que acarreta um sério prejuízo para a imagem da empresa.

E quais são os resultados finais para a organização? Bem, são inúmeros, como o aumento de custos de operação, o aumento de horas extras, uma menor produtividade e, não menos importantes, uma sensação de insatisfação nos funcionários, apenas para citar alguns exemplos.

Quais as causas do absentismo laboral?

Dentro das inúmeras causas do absentismo, podemos destacar aquelas que consideramos serem as principais, nomeadamente:

1. Doenças e problemas de saúde

De acordo com o já referido estudo, a saúde é a principal razão que leva os trabalhadores a faltar ao trabalho. Infelizmente, muitas vezes essas faltas estão relacionadas com o próprio ambiente institucional, bem como com o ritmo imposto para o cumprimento das metas.

Quando isso acontece, a empresa deve tomar o problema para si e passar a investir em prevenção para evitar que o comportamento se torne uma rotina, ou ainda que acarrete danos à integridade física e emocional dos seus colaboradores.

Entre as principais causas de absentismo laboral estão a/o:

2. Prejuízos para a saúde mental do trabalhador

O ritmo acelerado e intenso de trabalho, a alta pressão exercida pelos superiores hierárquicos o déficit de recursos humanos e materiais, bem como jornadas de trabalho duplas ou triplas têm uma relação intrínseca com o aumento no índice de adoecimento por transtornos mentais entre os trabalhadores portugueses.

O problema é tão grave que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que a depressão será a principal causa de afastamento de trabalhadores nos próximos anos.

3. Maternidade ou paternidade

Ser mãe ou pai não é um problema, tampouco compromete a qualidade do trabalho prestado, todavia, muitos colaboradores demonstram dificuldades em conciliar a vida profissional e pessoal durante essa etapa da vida, sobretudo quando os filhos ainda são pequenos e exigem muita atenção. A acumulação de responsabilidades é um dos motivos do esgotamento mental e físico que leva homens e mulheres ao absentismo.

Não obstante, quando a empresa é sensível a estas questões e entende o facto de que, às vezes, os imprevistos acontecem, especialmente no que diz respeito aos filhos, a relação trabalhador-patrão ganha em confiança. É preciso ser flexível e entender quando o absentismo não ocorre por mera má fé do funcionário, e nestes casos, auxiliá-lo, adequar a sua jornada de trabalho pode ser a melhor opção.

4. Falta de motivação

Quando um funcionário está desmotivado dificilmente demonstrará comprometimento com a empresa. Desta forma, é comum que se comece a ausentar e inventar inúmeras desculpas para justificar o absentismo laboral, o que certamente levará a um desgaste e possível desligamento do colaborador.

Essa falta de motivação está relacionada à falta de propósito na realização do trabalho, que de prioridade passa a ser mero coadjuvante no dia a dia do trabalhador. Contudo, cabe à empresa compreender os motivos dessa desmotivação, sobretudo quando ela está relacionada com o clima organizacional, ao cargo inadequado, à falta de perspetivas de crescimento ou ainda a um mau relacionamento com os superiores hierárquicos.

5. Processo de seleção ineficiente

O absentismo laboral pode ainda estar associado a um processo de seleção ineficiente, que muitas vezes contrata profissionais que não possuem qualquer afinidade com a cultura da empresa. Quando isso acontece, é provável que em pouco tempo o funcionário perceba o choque de realidades e se sinta desmotivado.

Por isso, é fundamental que o recrutador preste a devida atenção ao perfil do candidato à vaga em concreto, observando se lhe parece ser comprometido, pontual, assíduo e responsável, características imprescindíveis para qualquer cargo.

Como diminuir o absentismo laboral?

As empresas precisam estar atentas à necessidade contínua de melhorar para oferecer um ambiente de trabalho mais saudável para os seus funcionários. Confira algumas dicas que poderão ser úteis nesse processo de aprimoramento que permitiram diminuir o absentismo laboral:

  1. Invista em ergonomia no bem-estar do funcionário: por ergonomia entendemos a relação do indivíduo com o seu ambiente laboral. Diz respeito aos objetos utilizados no dia a dia, entre eles cadeiras, mesas, equipamentos de proteção, entre outros, que devem fornecer segurança e conforto aos trabalhadores. Quando a empresa investe em ergonomia, investe também na qualidade de vida e na saúde dos seus funcionários, além de evitar acidentes de trabalho e doenças profissionais.
  2. Ofereça benefícios como um plano de saúde: os planos de saúde são uma ótima ferramenta para evitar o absentismo laboral, visto que permitem ao trabalhador ir ao médico com maior frequência e assim prevenir eventuais doenças profissionais. Entenda: este não é um gasto desnecessário, pelo contrário, é uma maneira de fortalecer os recursos humanos, o maior património de uma empresa.
  3. Esteja sempre aberto ao diálogo: o absentismo laboral pode ter origem na falta de abertura ao diálogo entre a empresa e o trabalhador. Na maioria das vezes uma conversa direta pode sanar quaisquer querelas, sendo, portanto, uma ótima tática para evitar o absentismo laboral. Ouça os seus colaboradores e atenda às suas reivindicações quando possível, pois este comportamento gera benefícios para todos.
  4. Flexibilize a jornada de trabalho: reflita: o trabalho excessivo é realmente necessário? Às vezes, é possível flexibilizar o horário de trabalho e a forma de prestação de trabalho (por exemplo: teletrabalho), pois isso incentivará uma melhor gestão do tempo dos colaboradores, que poderão ter mais tempo para si e para a família. Essa flexibilização facilita a vida de pais e mães que não conseguem conciliar a vida pessoal com a alta carga de trabalho, um dos principais motivos que levam ao absentismo laboral. Essa medida trará mais motivação aos funcionários, e aumentará a probabilidade de o fidelizar, isto é, de “vestirem a camisola”.

Fique atento: uma boa maneira de identificar se a sua empresa é um dos motivos dos altos índices de absentismo laboral é realizar inquéritos anónimos de clima organizacional e de satisfação entre os funcionários. Este é um ótimo passo para o entendimento e solução do problema. Lembre-se: quando organização e os colaboradores dialogam, são maiores as probabilidades de que se entendam e se ajudem mutuamente.

Luana Castro Alves

Licenciada em Letras e Pedagogia, redatora e revisora, entusiasta do universo da literatura, sempre à procura das palavras. "Não se pode escrever nada com indiferença." (Simone de Beauvoir)