Já lhe disseram que tem reações estranhas quanto é acordado? Essas reações são agressivas ou descontextualizadas? Acorda confuso com muita frequência? Em caso afirmativo então acreditamos que este artigo é para si.
Neste artigo abordamos o despertar confusional, procurando dar resposta a algumas das perguntas mais frequentes sobre este distúrbio, nomeadamente quais as causas que estão na sua origem, os seus principais sintomas e terapêuticas. Boa leitura!
O que é despertar confusional?
Trata-se de um distúrbio do sono que provoca reações inesperadas e confusas logo ao acordar. A pessoa já desperta agitada, com um comportamento estranho, sem saber ao certo onde está ou o que estava fazendo. É uma sensação que causa grande aflição, sobretudo quando essa experiência nunca foi experienciada antes.
Entre as atitudes inesperadas durante um episódio de despertar confusional estão:
- Fala lenta, desarticulada;
- Pensamento confuso;
- Perda de memória ou memória fraca;
- Respostas diretas a perguntas ou solicitações.
Geralmente o despertar confusional ocorre quando alguém precisa de o acordar fisicamente. Este incidente pode durar alguns minutos até várias horas, com episódios de gritaria, bruxismo e, eventualmente, sonambulismo.
É considerado uma parassónia, que nada mais é do que eventos físicos ou sensações indesejáveis que ocorrem durante o sono REM (Rapid Eyes Movement – Movimento Rápido dos Olhos), o sono não REM ou transições do sono.
Não obstante, é mais comum durante o sono de ondas lentas, isto é, aquele estágio do sono que acontece no primeiro terço da noite; inclusive, há casos em que o despertar confusional manifesta-se durante uma inofensiva sesta diurna.
Consequências do despertar confusional
Não raras vezes, o despertar confusional pode levar o indivíduo a agir de maneira inadequada, hostil e agressiva; quando os episódios se repetem frequentemente, podem levar a um desgaste nas relações íntimas.
Porém, na maioria das vezes, os despertares confusionais acontecem de forma esporádica, não afetando demasiado a rotina de quem vivencia este tipo de parassónia.
Variações do despertar confusional
Chamamos de inércia severa do sono matinal uma das variações dos despertares confusionais, mais comum em adolescentes e adultos. Esta inércia também é conhecida como “embriaguez do sono”, cujos sinais são os mesmos dos despertares confusionais típicos, ou seja, que ocorrem no início da noite.
A diferença é que a inércia do sono matinal manifesta-se pela manhã, quando a pessoa está a despertar. Esta pode trazer consequências graves, levando a pessoa a faltar a compromissos e a demonstrar baixo desempenho na escola, na universidade ou no trabalho.
Despertar confusional nas crianças
Quando o despertar confusional ocorre com crianças, costuma deixar os pais bastante assustados e intrigados. Normalmente, os pequenos ficam com um olhar confuso no rosto, olhando diretamente e fixamente para o adulto.
É também comum que fiquem agitadas quando são consoladas durante os episódios, que podem durar entre cinco a quinze minutos. Entretanto, alguns jovens podem ficar sob o efeito do despertar confusional por até quarenta minutos.
Apesar de ser uma experiência que gera medo, os despertares confusionais nas crianças são inofensivos, e tendem a desaparecer com a idade, particularmente após os cinco anos.
Quais as causas e fatores de risco?
Os episódios de despertar confusional são mais frequentes nas pessoas cujos parentes também sofrem deste distúrbio. Não obstante, existem outros fatores de risco, a saber:
- Trabalho em turnos rotativos, cuja atividade é organizada em escalas de forma a impulsionar a produtividade e gerar melhor aproveitamento da força de trabalho;
- Trabalho noturno, realizado fora dos horários habituais (manhã e tarde);
- Distúrbios de sono como hipersónia, insónias, distúrbios do sono do ritmo circadiano;
- Dormir pouco ou não dormir o suficiente;
- Stress;
- Preocupação;
- Transtornos depressivos e bipolares.
Entre as causas que favorecem o despertar confusional estão:
- Consumo de álcool;
- Apneia do sono;
- Uso de medicação psicotrópica;
- Consumo de drogas;
- Síndrome das pernas inquietas;
- Despertar abrupto (quando a pessoa é forçada a acordar).
Afeta mais homens ou mulheres?
Não há distinção de género, podendo afetar, na mesma proporção, ambos os sexos. As taxas costumam ser elevadas entre crianças (até 17% podem sofrer com o distúrbio) e adultos com menos de 35 anos de idade (cerca de 3% a 4% desta população tem despertares confusionais).
Caso esteja em dúvida se sofre de despertares confusionais, sugerimos que procure responder às seguintes três perguntas:
- Alguém já lhe disse que tem reações estranhas ou confusas quando é acordado?
- Essas reações foram descritas como hostis, agressivas ou inadequadas?
- É habitual acordar e sentir-se confuso?
Caso tenha respondido frequentemente às três questões anteriores, então é possível que padeça de despertares confusionais.
Caso não se lembre, já que os episódios envolvem, muitas vezes, perda de memória ou memória lenta, peça ajuda a alguém próximo, que partilhe uma rotina doméstica consigo. Feito isso, procure orientação de um especialista, nomeadamente um médico do sono, de forma a ser avaliado e a ser-lhe diagnosticada essa condição caso seja o caso e um possível tratamento.
Como é feito o diagnóstico deste distúrbio?
Em primeiro lugar, procure ajuda de um médico do sono, pois os episódios de despertar confusional podem causar problemas graves, como já referido.
O médico irá solicitará que preencha uma espécie de “diário do sono” durante, pelo menos, duas semanas. Este relato poderá indicar as causas do distúrbio, mostrando como o seu sono está a afetar a sua rotina. Lembre-se de informar o médico do seu histórico, isto é, de quaisquer eventos traumáticos do passado ou presente, bem como da medicação que usa.
Alguns casos exigirão uma pesquisa mais detalhada do sono, com a realização de exames que consigam mapear as suas ondas cerebrais, batimentos cardíacos, respiração e movimentos de braços e pernas enquanto dorme. Estes exames são capazes de identificar também outros distúrbios, como a apneia do sono ou distúrbios do movimento que provocam transtornos ao sono.
Qual o tratamento para o despertar confusional?
Caso ele se manifeste com frequência, o tratamento somente poderá ser indicado pelo médico do sono. Entretanto, as causas precisam ser investigadas, pois se outros distúrbios estiverem relacionados, estes precisam ser tratados primeiro. Terapias e medicações poderão ser prescritas (antidepressivos e pílulas para dormir), contudo, a mudança de alguns hábitos pode colaborar significativamente para o desaparecimento do distúrbio, entre eles a diminuição do consumo de álcool e a higiene do sono.
Lembre-se: jamais pratique a automedicação. Somente um médico poderá indicar as terapias e medicamentos adequados para cada caso. Cuide-se bem!