O psicólogo é um profissional especializado no comportamento humano e nas funções mentais. Quase toda a gente tem noções acerca desta profissão, mas nem sempre estas são claras, esclarecidas e correspondentes à realidade. Há frequentemente dúvida quanto ao papel dos psicólogo e, consequentemente, quanto à necessidade e pertinência de recorrer aos seus serviços.
Este artigo pretende clarificar estes aspetos, pretendendo ajudar a compreender quais as funções do psicólogo e quando deve recorrer à ajuda deste profissional.
O que é a psicologia?
A psicologia é o estudo do comportamento e das funções mentais, tendo como objetivo imediato a compreensão de grupos e indivíduos, tanto pelo estabelecimento de princípios universais como pelo estudo de casos específicos.
Assim, é importante compreender que a psicologia é uma ciência, isto é, o seu conhecimento é produzido por meio de metodologias científicas e empíricas. Isto permite desconstruir algumas crenças erróneas, tais como a de que a psicologia é leitura da mente ou se insere no campo das terapias alternativas.
Pelo contrário, a psicologia é uma ciência, que utiliza o método científico, técnicas próprias, sem recorrer a medicação, com psicopatologias devidamente diagnosticáveis, em que as perturbações são avaliadas através de instrumentos previamente validados, específicos e mensuráveis, e intervencionadas através de técnicas validadas cientificamente.
Tratando-se assim a psicologia do estudo científico do comportamento e mente humana, esta pode estender-se a diversas áreas e domínio da vida humana: o trabalho, a educação, o desenvolvimento, o desporto, os relacionamentos amorosos e interpessoais, a família, o comportamento desviante e o crime, entre outras. Como tal, também a atuação do psicólogo pode ser exercida nos mais variados contextos.
O que faz um psicólogo?
Num plano teórico, o psicólogo explora e estuda conceitos como a perceção, a cognição, a atenção, a emoção, a inteligência, a motivação, a personalidade, o comportamento, entre muitos outros que se inserem no domínio do comportamento humano, do funcionamento mental e das emoções.
Na prática, este trabalho pode desenvolver-se em contextos variados, consoante a área de especialização do psicólogo. Apresentamos aqui alguns exemplos:
Psicólogo na saúde
Os psicólogos que trabalham no âmbito da saúde contribuem para a compreensão e conhecimento dos aspetos motivacionais, cognitivos e não refletidos dos hábitos e comportamentos humanos fundamentais para iniciar e manter ações, ou para a mudança, no sentido da prevenção de doenças e promoção da saúde em diferentes contextos.
Assim, a intervenção desses profissionais pode ser preventiva, promocional e remediativa e tem como objetivo geral melhorar a saúde e a qualidade de vida da população, assim como melhorar a qualidade do sistema de saúde pública.
Os psicólogos desempenham funções tais como:
- Avaliação, diagnóstico, análise e monitorização do estado de saúde, funcionamento psicológico, necessidades e indicadores psicossociais;
- Participação na vigilância epidemiológica dos fenómenos de saúde e dos seus determinantes, assim como na análise de risco;
- Avaliação e monitorização dos processos e resultados dos projetos e programas de saúde comunitários para resolver necessidades de saúde e psicossociais;
- Avaliação da qualidade, da humanização e do impacto na saúde da população da prestação dos cuidados de saúde;
- Prevenção da doença e dos problemas de saúde;
- Promoção da saúde física e psicológica;
- Participação na construção de políticas de saúde e planos de ação e intervenção em saúde;
- Educação para a literacia em saúde;
- Apoio à comunicação pública e disseminação de informação relevante e fidedigna sobre saúde;
- Intervenção em situações de crise e emergência.
Os psicólogos podem trabalhar em contextos variados, tais como hospitais, entidades de saúde privadas, escolas, organismos governamentais, institutos de saúde pública, centros de saúde, entre outros.
Psicólogo no trabalho
Os psicólogos do trabalho intervêm quer a nível das organizações e empresas quer a nível individual, com os trabalhadores, com o objetivo geral de melhorar o desempenho, a satisfação e a produtividade laborais, assim como zelar pelo bem-estar dos recursos humanos das organizações.
Os psicólogos desempenham funções tais como:
- Avaliação psicológica dos trabalhadores ou colaboradores;
- Diagnóstico psicossocial das organizações e empresas;
- Promoção da saúde ocupacional;
- Organização e desenvolvimento de recursos humanos;
- Promoção da motivação e satisfação laborais;
- Resolução de conflitos laborais;
- Gestão da qualidade;
- Fomentar a criatividade e a inovação;
- Intervenção em situações de crise e emergência psicológica no trabalho.
Psicólogo no desporto
Os psicólogos do desporto intervêm nas diferentes áreas indicadas, ao nível individual, grupal e organizacional, com o objetivo de melhorar o rendimento, o desenvolvimento pessoal e social, o bem-estar e as competências psicológicas relevantes para o sucesso no contexto desportivo, na prática de exercício e noutros contextos de performance.
Assim, os psicólogos desportivos trabalham com atletas, treinadores, restantes agentes desportivos, executantes de outros contextos de performance (bailarinos, músicos, etc), profissões de alto risco (militares, bombeiros, polícia, etc), praticantes de exercício físico e organizações que o promovem, entre outros.
Entre as funções dos psicólogo destacam-se:
- Avaliação psicológica específica para os contextos do desporto, exercício e performance;
- Treino de competências tais como a gestão emocional, a motivação, a concentração, a autoconfiança, a comunicação, o trabalho em equipa, a liderança, etc;
- Monitorização e acompanhamento regular dos diferentes agentes no seu contexto, procurando otimizar o desempenho individual e/ou coletivo;
- Intervenção em situações de crise e fragilidade emocional (ex: lesões, afastamento familiar, gestão de conflitos, transição e fim de carreira, etc);
- Desenvolvimento e colaboração na implementação de ações de formação, educação ou sensibilização dirigidas aos vários intervenientes no âmbito do desporto.
Psicólogo na Educação
Os psicólogos da educação intervêm no comportamento humano em contextos educativos de formação e desenvolvimento pessoal e social. Podem trabalhar com crianças, jovens ou adultos, contemplando alunos e formandos, profissionais de educação, professores e outros técnicos especializados, famílias, instituições e serviços da comunidade, a sociedade num sentido mais amplo.
Assim, os psicólogos podem inserir-se em contextos como estabelecimentos de ensino, estruturas centrais e de poder local com responsabilidades em matéria de educação, centros educativos e estabelecimentos prisionais, IPSS, entre outras. Dentro das funções dos psicólogos da educação destacam-se:
- Prevenção de problemas desenvolvimentais e educativos, como o insucesso escolar;
- Intervenção psicopedagógica com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem;
- Apoio e consultoria a professores e demais agentes educativos;
- Aconselhamento e intervenção junto da comunidade educativa em geral, nomeadamente com pais e encarregados de educação;
- Desenho de programas e projetos educativos;
- Planeamento e desenvolvimento de ações de formação com enfoque no desenvolvimento e na educação.
Psicólogo na Justiça
Os psicólogos que trabalham no contexto da justiça têm como principal objetivo fornecer intervenção psicológica dentro dos sistemas judicial e legal, de modo preventivo, promocional e remediativo, tendo como objetivo a proteção da sociedade e a defesa dos direitos dos cidadãos.
Podem trabalhar com todos aqueles que possam estar envolvidos com o sistema judicial, quer por razões civis (situações de litígio, regular o exercício das responsabilidades parentais, requerer uma avaliação de incapacidade, etc) quer por motivos criminais (por exemplo indivíduos que alegam inimputabilidade ou reclusos em processo de reintegração na sociedade).
Assim, os psicólogos atuam em contextos como os estabelecimentos prisionais, os centros educativos, as instituições de reinserção social, as instituições de promoção e proteção de crianças e jovens em risco ou perigo, as casas de acolhimento para crianças e jovens, as instituições de apoio às vítimas, as forças policiais e organizações públicas, entre outros.
Dentro das funções dos psicólogos destacam-se:
- Intervenção junto de vítimas de violência ou de crimes;
- Intervenção junto de agressores ou autores de factos delituosos ou criminais;
- Assessoria aos tribunais;
- Mediação e resolução de conflitos;
- Intervenção nas prisões (aconselhamento psicológico individual ou em grupo a reclusos; realização de processos de avaliação psicológica, de perigosidade e do risco; apoio ao desenvolvimento vocacional dos reclusos; prevenção e promoção da saúde dos reclusos; reabilitação psicossocial, etc);
- Intervenção psicológica junto de crianças e jovens em risco e perigo;
- Intervenção psicológica junto de grupos em risco e socialmente vulneráveis, nomeadamente em situações de marginalidade e exclusão social;
- Assessoria a forças policiais.
Porque é importante a saúde psicológica?
Compreendendo agora em que consiste a psicologia e o papel do psicólogo, a sua importância consubstancia-se no papel imprescindível que tem a saúde mental e psicológica. Só podemos reconhecer o valor destes profissionais e recorrer aos seus serviços quando reconhecemos o valor e a importância da nossa própria saúde mental e psicológica.
A saúde mental é tão importante como a saúde física. O nosso organismo depende deste equilíbrio para sobreviver. Sem saúde mental, sem equilíbrio psicológico e emocional, não conseguimos trabalhar, investir em relações saudáveis, desfrutar de tempos de lazer, definir objetivos de vida, enfim, não podemos viver no sentido pleno da palavra.
Como vimos no artigo sobre doenças psicossomáticas, o próprio desequilíbrio emocional pode acarretar problemas sérios para a nossa saúde física e minar a nossa funcionalidade diária.
Assim, depende de nós atendermos à saúde mental e à sua importância. Aprendemos a cuidar das nossas emoções, pensamentos e comportamentos, e estarmos atentos a eles. A não ignorar os sinais de alarme que vamos mascarando no dia-a-dia, que vamos encobrindo como um mal menor, dando lugar a consequências tantas vezes irreversíveis.
Como saber se preciso da ajuda de um psicólogo?
Aprender a não ignorar os sinais de mal-estar ou sofrimento emocional e psicológico é o primeiro passo, compreender a importância de recorrer a ajuda de um psicólogo é o segundo.
Quando temos uma dor persistente ou um sintoma físico anormal não o ignoramos, vamos ao médico. O mesmo deve acontecer no caso dos sintomas emocionais ou psíquicos: devemos procurar a ajuda de um psicólogo.
Mas quais são, então, esses sinais? Destacamos alguns:
- Sensação persistente de que algo está errado, ou de que algo está a interferir com o seu bem-estar geral e com o seu funcionamento na vida quotidiana, quer a nível pessoal, social, familiar ou laboral;
- Alteração repentina no seu padrão de funcionamento global (isto é, na forma como costuma agir no seu dia-a-dia, como se relaciona com os outros, etc) que não consegue explicar ou sobre a qual sente não ter controlo;
- Presença de sintomas persistentes que não são explicados por uma causa orgânica (ex: falta de ar, dores recorrentes, tonturas, taquicardia, etc);
- Problemas de autoestima e dificuldade em sentir-se bem consigo próprio;
- Padrões de pensamento e comportamento desadaptativos que dificultam a obtenção de objetivos pessoais, sociais ou profissionais;
- Stress exacerbado;
- Dificuldades afetivas;
- Dificuldade em gerir crises de transição entre fases de vida (ex: transição para a idade adulta, envelhecimento, etc);
- Sensação de solidão persistente mesmo estando rodeado de outras pessoas;
- Sensação de desespero e desesperança em relação ao futuro;
- Pensamentos sobre acabar com a vida;
- Entre outros.
Existem problemáticas nas quais a atuação do psicólogo é fundamental:
- Perturbações do humor (depressão, bipolaridade, entre outras);
- Perturbações da ansiedade (transtorno de pânico, transtorno obsessivo-compulsivo, transtorno de stress pós-traumático, fobias, etc);
- Perturbações do comportamento alimentar (anorexia, bulimia, entre outros);
- Transtorno de défice de atenção e hiperatividade;
- Transtornos do comportamento;
- Transtornos do sono;
- Perturbações da personalidade;
- Transtornos do neurodesenvolvimento, tais como autismo;
- Problemas sexuais;
- Situações de luto;
- Problemas relacionais com o consumo de álcool ou outras substâncias;
- Problemas de aprendizagem;
- Medos e fobias;
- Problemas de eliminação em crianças (fazer “xixi” na cama);
- Entre outros.
Importa ressalvar que quanto mais atempada e precoce for a procura de ajuda de um psicólogo, melhor o prognóstico. Fazendo o paralelismo com a saúde física, quanto mais cedo um dado problema orgânico é tratado, melhores as hipóteses de recuperação. O mesmo sucede com a saúde psicológica.
Faz sentido ainda relembrar que este profissional não atua apenas quando um problema está instalado, também pode auxiliá-lo num processo de desenvolvimento pessoal (porque pretende desenvolver determinadas competências ou conhecer-se melhor a si próprio), no aconselhamento face a determinadas todas de decisão ou transições de vida (por exemplo, escolha de uma profissão, mudança de carreira, divórcio ou parentalidade, etc.), entre muitas outras.
Para tornar tudo isto mais simples, criamos o fluxograma infra na expetativa que o ajudar a saber quando deve ir ao psicólogo:
Lembre-se que não precisa de esperar que o problema se instale para cuidar de si e das suas emoções. Procurar ajuda de um psicólogo é um investimento na qualidade de vida que traz consigo resultados positivos no seu bem-estar e funcionamento global.
Como pode o psicólogo ajudar-me?
Já vimos anteriormente que o psicólogo pode atuar nos mais diversos contextos, pelo que o acompanhamento por parte deste profissional pode decorrer de circunstâncias diversas.
No entanto, quando nos referimos à procura de ajuda face à existência de um problema emocional, geralmente recorremos aos serviços de um psicólogo clínico. Neste caso, irá iniciar um processo de acompanhamento psicológico ou psicoterapia. Esta consiste num processo de intervenção em que o profissional de saúde, conjuntamente consigo, irá impulsionar o desenvolvimento de estratégias pessoais que o vão ajudar a solucionar os problemas que motivaram o pedido de acompanhamento.
Numa fase inicial o psicólogo irá avaliar de forma mais completa a problemática, procurando aceder à realidade do utente e compreender de forma mais aprofundada o problema existente. Esta avaliação pode consistir não só numa entrevista mas também na aplicação de instrumentos de avaliação psicológica, tais como testes ou questionários, que geralmente incidem sobre o estado cognitivo, emocional, tipo de personalidade, entre outros.
Posteriormente o psicólogo irá estabelecer, em conjunto com o utente, um plano de intervenção, definindo-se a metodologia de intervenção mais eficaz, bem como os objetivos do processo. Após esta fase inicia-se a intervenção propriamente dita, que é um processo dinâmico e que se vai ajustando ao longo do tempo. Importa compreender que não existem soluções mágicas ou imediatas, e que o objetivo da psicoterapia não é a obtenção de resultados rápidos mas sim o desenvolvimento de processos pessoais que permitam enriquecer o reportório de estratégias emocionais, motivacionais, cognitivas e comportamentais do indivíduo.
Tomando por exemplo uma pessoa deprimida, numa fase inicial o psicólogo poderá adotar estratégias que permitam diminuir a sintomatologia apresentada de forma mais imediata, mas posteriormente a intervenção focar-se-á na promoção de formas de pensar e agir mais adaptativas, de forma a permitir a estabilidade da pessoa a longo-prazo e a prevenir o ressurgimento do problema.
Importa assim estar consciente de que o processo de psicoterapia envolve esforço e dedicação por parte da pessoa, podendo existir momentos dolorosos que envolvem o confronto com emoções ou recordações negativas. No entanto, este processo é necessário para que a pessoa se torne capaz de desenvolver novas formas de lidar com as suas dificuldades.
Questões frequentes sobre psicólogos/psicologia
Tendo compreendido melhor qual o papel do psicólogo, a importância de cuidar da sua saúde psicológica recorrendo a ajuda profissional e de que modo esta ajuda é concretizada, podem ainda assim permanecer algumas dúvidas:
Como assegurar que o profissional é mesmo psicólogo?
Qualquer profissional de psicologia, para exercer prática clínica, tem de estar inscrito na Ordem dos Psicólogos Portugueses e possuir Cédula Profissional. Para fazer esta verificação, basta consultar o diretório no site da Ordem e inserir o nome do profissional.
Como encontrar um psicólogo?
Se precisa de recorrer a um psicólogo e não sabe como o fazer, existem várias alternativas. Uma delas é pedir aconselhamento ou encaminhamento no seu serviço de saúde, que o pode orientar de acordo com as suas possibilidades financeiras, subsistema de saúde, área de residência, problemática específica, entre outros.
Pode também optar por eleger um profissional no âmbito privado, podendo neste caso fazê-lo de diversas formas. Se encontra uma clínica ou psicólogo que lhe suscitam interesse e quer verificar se este tem habilitações que se adequam às suas necessidades, pode consultar o diretório da OPP, onde surge a especialização, experiência e habilitações. Uma ajuda útil pode ser também o site “encontraumasaida.pt“, criado pela OPP, que apresenta aproximadamente 4 mil psicólogos que georreferenciam os seus serviços.
As consultas de psicologia são caras?
O valor das consultas de psicologia depende da entidade onde são praticadas, não existindo um valor padronizado. Existe a possibilidade de ter consultas comparticipadas ou de valor reduzido, devendo para isso recorrer ao seu centro de saúde, aos hospitais ou a instituições de solidariedade social (IPSS). Existem também clínicas com acordos com seguros de saúde.
Quanto tempo dura o acompanhamento psicológico?
O tempo de acompanhamento irá variar de acordo com o problema a ser tratado e as especificidades da própria pessoa. Esta questão poderá ser discutida com o psicólogo numa fase inicial, que lhe poderá fornecer uma estimativa do tempo de duração, e também negociar a mesma de acordo com as suas necessidades.
O psicólogo está obrigado a manter segredo?
Os psicólogos estão obrigados a manter a confidencialidade no contexto clínico, isto é, tudo aquilo que é revelado no espaço de intervenção é confidencial e não pode ser revelado. Existem, no entanto, exceções, que se prendem com o facto de existir risco e/ou perigo de vida para o próprio e/ou para outros.
A intervenção psicológica é eficaz?
Como referido, a psicologia é uma ciência empírica, o que significa que os atos psicológicos praticados são alvo de investigação científica e empiricamente validados. Os psicólogos regem as suas metodologias clínicas pela ciência e pela validação das mesmas, usando por isso práticas com validação científica.
No entanto, é importante compreender que, sendo o processo de acompanhamento psicológico baseado na relação e dependente de uma multiplicidade de fatores, a sua eficácia vai ser sempre variável, e depende de questões como: envolvimento e motivação da pessoa no processo; afinidade e relação desenvolvida entre o psicólogo e o utente; acompanhamento existente noutras áreas quando necessário (ex: psiquiatria, nutrição, etc); entre outros.
E se o processo não estiver a resultar?
Como vimos anteriormente, a eficácia da intervenção psicológica depende de vários fatores. Sendo o principal instrumento da psicoterapia a relação entre psicólogo e utente, pode acontecer que existam entraves ao estabelecimento desta relação que dificultam a eficácia da intervenção.
Por exemplo, por razões diversas o utente pode não se conseguir identificar com a metodologia ou a própria forma de ser e estar do psicólogo, devido a fatores pessoais diversos. Por isso, quando o processo não está a ter a eficácia devida, o profissional será também capaz de se aperceber disso e de discutir consigo as razões deste entrave. Pode e deve também ser sincero com o psicólogo e expor-lhe os seus receios e dúvidas.
Mediante a identificação do problema (dificuldade em estabelecer uma relação adequada, metodologia do psicólogo não se adequa totalmente às suas necessidades, etc) o profissional pode encaminhá-lo para outro colega mais competente para a sua situação específica. Esta situação pode ocorrer e é natural, não devendo ser vista como falta de profissionalismo ou falta de eficácia da psicoterapia para o ajudar.
Lembre-se que muitas vezes também pedimos segundas opiniões médicas ou somos encaminhados por um médico para outro colega, pelo que este é um processo natural que apenas pretende garantir que recebe o melhor acompanhamento possível. O mesmo se deve passar em relação ao psicólogo.
Como reportar uma situação irregular com um psicólogo?
Caso se sinta inseguro quanto à metodologia utilizada pelo psicólogo e à eficácia da mesma, deve sempre em primeira instância questionar o profissional. Pode também, em segundo lugar e se essa insegurança se mantiver, recorrer à Ordem, que está habilitada para esclarecer quaisquer questões éticas relativas ao exercício dos psicólogos, a investigar sobre as suas práticas e, quando tal se verifique, a exercer poder disciplinar sobre os psicólogos.
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